Gough puxava um trenó adaptado para levar Altair, que ainda permanecia inconsciente. Era uma espécie de maca feita de madeira, cordas e acolchoada por folhas e musgo e Cassandra caminhava junto deles, carregando as armas e alguns utensílios necessários. Por todo o corpo de Altair, talas e curativos haviam sido colocados e o rosto estava enfaixado para que não abrisse a boca devido a fratura no maxilar.
- Altair - Ane correu em sua direção com lágrimas nos olhos, mas nem Cassandra, nem Gough olharam para ela.
- Eles não podem vê-la nem ouví-la Ane - O homem caminhava atrás dela com as mãos cruzadas nas costas.
- Isso é real? O que eu estou vendo é real? - Ela parou e o encarava esfregando os olhos, mas as lágrimas insistiam em vir.
- Sim Ane, o que você está vendo está acontecendo nesse exato momento - quando ele se aproximou Ane sentiu uma calma indescritível tomar conta de si, fazendo com que cessasse o choro imediatamente - mas assim como eu, aqui sua presença se limita a de um espectador.
Ane olhava em voltando de maneira ansiosa - Melanie, minha filha, e o Padre, onde eles estão?
- Posso mostrá-los se ja quiser partir, mas eles se separaram a algum tempo. Estão bem, não se preocupe.
Ane olhou para Altair inconsciente da maca e sentiu um aperto em seu coração, se apressando para acompanhar Cassandra e Gough que pareciam nem sentir o peso de tudo que carregavam.
- Eu posso ficar mais um pouco? - ela perguntou cheia de esperança e com os olhos brilhando - e depois você pode me levar até onde eles estão?
- Fique o tempo que precisar - ele respondeu e se afastou um pouco deixando que ela se aproximasse de Altair, Gough e Cassandra.
- Porque você mandou Baradur na frente mãe? Agora eu tenho que puxar isso sozinho - Gough estava emburrado e resmungava sem parar, mesmo que para ele não fosse esforço algum puxar um homem com o tamanho e o peso de Altair.
O dia estava quente e o sol estava alto, e Ane julgou ser próximo ao meio dia.
- Gough, reclame menos e ande mais, em breve faremos uma pausa pra desncasar.
- Se Baradur estivesse aqui, nós poderíamos revesar - Gough insistiu em um tom azedo.
- Seu irmão foi na frente pois é o mais rápido de nós três e precisamos que eles estejam prontos para receber Altair e tratá-lo adequadamente quando chegarmos. E você ficou porque é o mais forte de nós, então se formos atacados é o mais adequado para nos defender.
Gough tentou disfarçar um leve sorriso e passou a puxar o trenó com mais vigor que antes, fazendo Ane sorrir ao ver a facilidade com a qual Cassandra conseguia lidar com os filhos.
- Porque o sorriso? - O homem passou a andar ao lado dela, que caminhava ao lado do trenó que puxava Altair.
- Se estava observando o que aconteceu na fortaleza sabe que Cassandra definitivamente não precisa de ninguém pra defendâ-la caso sejam atacados. Eu nunca vi ninguém lutar como essa mulher - ele continuou olhando curioso para Ane - estou sorrindo por algo que só uma mãe seria capaz de fazer, é difícil explicar.
- Você foi uma boa mãe, não se preocupe - ele disse de forma despretensiosa, mas chamou a atençao dela.
- Você estava lá? Conseguia observar até mesmo na ilusão?
- O fato de que viveu dez anos dentro de uma ilusão não torna o que viveu menos real Ane. A sua personalidade, seu caráter, suas paixões, e tudo aquilo que define e representa você nunca foi uma ilusão. Tudo aquilo que eles criaram fisica e visualmente era apenas um reflexo de quem você é. E sim, eu também podia ver o que eles criaram lá dentro.
YOU ARE READING
As Crônicas de Luz e Sombras - A Ascensão dos Deuses
FantasyEm a Ascensão dos Deuses seguimos a história de onde o primeiro livro parou.