Long Awaited | Supercorp

Capítulo XV

Devidamente arrumadas, chamaram um táxi para levá-las até o local de encontro combinado com o guia turístico. No meio do caminho e estranhando a ausência do carro alugado, a loira descobriu que iriam de jatinho até a antiga casa de infância da empresária, e que a partir daquele momento não teria necessidade de manter gastos com um carro.

Kara percebeu que o sotaque da outra era mais forte quando estava conversando com conterrâneos - Tem um sotaque forte, mesmo passando quase toda sua vida nos Estados Unidos.

- Minha mãe era professora. Ela me ensinou bem a língua; como escrever, falar e sempre me orgulhar de minhas origens.

- Isso é legal. Eu perdi boa parte do meu sotaque quando me mudei - comentou, sentindo um aperto no peito - Por muito tempo tentei me encaixar em um lugar que não me cabia e acabei por enterrar minhas raízes.

- Podemos fazer um retiro espiritual no seu país, o que acha? Seria bom tentar se reconectar. Espero voltar um dia à Irlanda quando não tivermos tanta coisa para resolver - Lena falou, pousando a mão na perna da outra, que sentiu um leve arrepio na espinha pelo contato repentino.

Mesmo sendo adultas bem resolvidas e cientes dos sentimentos que nutriam uma pela outra. Kara não deixava de se sentir como uma adolescente embarcando em sua primeira grande paixão. Lena, por outro lado, temia todo aquele turbilhão de sentimentos. O receio sempre a seguia com ímpeto. Tivera alguns relacionamentos em sua vida, uns dois ou três, e todos eles terminaram da pior maneira possível Em seu coração, temia que tudo aquilo que sentia pela loira acabasse de uma forma que machucasse profundamente seu coração.

- Lena? Chegamos - sentiu a mão da mais velha sobre a sua - É impressão minha ou você está devaneando com mais frequência do que o habitual? - perguntou, puxando a mão da esposa para estimulá-la a sair do veículo - Certo, senhor. Obrigada por nos trazer até aqui - falou para o homem de meia idade que as guiou no trajeto pelas ruas desconhecidas, deixando uma gorjeta em suas mãos.

- É só impressão sua, querida.

Kara fez um bico, o que não passou despercebido pela outra - Se você diz, quem sou eu para discordar? Ainda assim, me preocupo.

- Eu sei, mas estou bem, ok?

Antes que a loira pudesse responder, ouviram uma voz suave, fazendo-as encarar o indivíduo- Olá, Srta Walsh?

- Sou eu - Lena respondeu com um sorriso estampado na face -, espero não estarmos atrasadas.

O homem negou.

- Bom, senhoras, devo me apresentar adequadamente. Me chamo Omar Khalid, originário da Jordânia. Formado em cultura e história europeia, serei o guia de vocês. Me sigam, por favor.

Maravilhadas com a arquitetura imponente e os jardins exuberantes e bem cuidados, adentraram calmante os portões do castelo medieval. Enquanto percorriam os corredores do Castelo de Swords, Kara se encantava com cada detalhe histórico, o que a tornava mais bela aos olhos da morena que lhe fitava com carinho. O guia começou a compartilhar histórias fascinantes sobre os antigos habitantes do castelo, desde nobres irlandeses até invasores vikings. Os nórdicos. Ancestrais da loira, que olhou risonha para um trono rústico e se permitiu sentar ali, fazendo uma pose relaxada, mas empoderada, para que sua esposa pudesse fotografar.

Quando a sessão de fotos terminou, Lena apertou a mão de Kara, compartilhando um olhar cheio de admiração enquanto caminhavam pelos corredores de pedra polida. Cada sala e salão parecia carregar séculos de história, e elas se sentiam parte de algo maior enquanto absorviam as narrativas contadas por Omar. O rapaz, tão jovem, citava com maestria cada fato histórico. Tudo estava na ponta da língua. Sendo proferido com devota paixão. E a loira se perguntou se era assim para todos que tinham o privilégio de trabalhar com algo que amam.