Capítulo Ⅻ

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São seis dias juntas, certo?

Não sei dizer bem, os dias vão passando tão lentamente que sinto que já estamos nisso há meses. Saí para caminhar, mas antes subi com a morena e a deixei em seu quarto. Queria poder ficar naquele afago gostoso o dia inteiro, mas acordei tão agitada que decidi descarregar um pouco dessa energia. Tem um belo parque neste lado da cidade e estou feliz por esse apartamento ser tão bem localizado, diferente de onde eu morava que era um tanto distante da cidade.

Preciso ligar para Alex.
Sinto que estamos longe da realidade.

Lena está fugindo da família e não parece interessada em buscar contato. Vou evitar falar sobre, enquanto ela estiver com aquela carranca no rosto sempre que alguém manda mensagem. Quanto a mim, bom, só não estou no clima de bater papo. Retornei algumas mensagens de minha irmã e pedi para ela deixar nossos pais atualizados do que estou fazendo nestes últimos dias, mas Lena sequer dá sinal de vida para os pais. Ontem mandou um recado para Samantha e Andrea, fora isso, eu só vejo ela escondendo o celular na gaveta.

Me pergunto o motivo disso. Não conheço nada sobre suas relações familiares e é tão estranho saber que estou casada com alguém que não conheço. Certo que conversamos na madrugada sobre nos conhecermos melhor, mas até sabermos de 25% uma da vida da outra é uma boa e longa caminhada.

Lena é encantadora. E sempre tem bons assuntos para bater papo. Fora que é cheirosa, e a mulher mais linda e sexy que já vi em toda minha vida neste mundo terreno.

Estou correndo pelo parque com o sorriso maior que a cara, deve ser estranho o suficiente para que todas as senhorinhas me olhem como se eu fosse um alienígena. Não que eu me importe. Lena concordou em tentarmos algo, e estou inteiramente contente com isso.

Tenho dúvidas e temores, é claro. E se ela me deixar assim que conseguir a casa da falecida mãe? Seus pais podem tentar atrapalhar nossa relação quando descobrirem que estamos tentando algo de verdade? Eles têm poder suficiente para sumir comigo e com minha família. Nada disso é provável, claro, mas ainda penso bastante sobre. É sempre melhor prevenir do que remediar.

Lena Luthor...

Paro minha corrida por uns instantes, mas continuo a caminhada, observando cada elemento do parque à minha volta. Muitas árvores, muitas mesmo, e algumas clareiras onde as pessoas faziam piqueniques. Nas extremidades, calçadões, onde passei nestante e vi duas senhorinhas me olhando torto. Quem manda sorrir pro vento? Seria uma programação maravilhosa para uma tarde com minha esposa, digo, um piquenique até que cairia bem. Também tem diversos playgrounds e uma pista de obstáculos para treinamento de cães.

Sempre quis ter um cachorrinho.
Enquanto morar em apartamentos, isso se manterá apenas como um sonho bem distante.

Então, volto para casa, e quando chego encontro Lena na cozinha, fritando alguns pães de queijo que compramos no mercadinho próximo. Ela não arriscaria cozinhar, é péssima nisso. Quando fomos ao mercado para comprar alguns ingredientes para o nosso jantar da noite passada, seus pés pareciam teleguiados até às prateleiras de vinhos. E enquanto eu preparava tudo, ela me observava, com uma taça na mão, perdida em seu mundo.

"Então você voltou, senti sua falta no nosso emaranhado de lençóis. Tu não costuma passar mais de duas horas caminhando, o que aconteceu?"

- Demorei isso tudo? - pergunto, surpresa, olhando para o relógio em meu pulso - Eu realmente não percebi. Fiquei pensando na vida e observando tudo ao meu redor, podemos passear juntas qualquer dia.

Sai às 05:45.
São 08:50.
Isso explica o grande incômodo em minhas panturrilhas.

"Sua irmã ligou outra vez, e eu disse a ela que poderia nos fazer uma visita, já que terminamos a mudança. Espero que não se importe, Kar" de aproxima, deixando um beijo em minha bochecha "Está quente. E suada. Tome um banho, e quando voltar já terei arrumado a mesa do nosso café"

Long Awaited | SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora