Capítulo XVII

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Para Lena Luthor de 17 anos que recém terminava o ensino médio: sinto muito, querida, mas ter filhos se tornou um ponto importante a ser inserido em sua lista de coisas a se fazer antes de morrer.

Observar minha esposa brincar com crianças é, de fato, umas das coisas que descobri gostar.

Kara e eu ainda estamos nos conhecendo; e sinto que ela tem receios em relação a se abrir para mim. Talvez, quem sabe, teme minha reação sobre suas opiniões e planos de vida, mas eu mesma tenho receios semelhantes. O mais complicado é saber que quero ela comigo por prazo indeterminado. E compreender que qualquer tropeço no percurso pode fazer ela mudar de ideia sobre mim é algo extremamente estressante de ter que lidar.

Não que eu tenha algum desvio de caráter ou seja, sei lá, como sua ex. Em algum momento teremos que nos conhecer a fundo e não vejo momento melhor para isso do que o início da relação que estamos construindo. Sinto que não tivemos um instante para conversar sem estarmos sobrecarregadas com algo, mas agora é diferente. Nossas questões foram resolvidas. Tenho a casa de minha mãe de volta. Ela tem a empresa da família. Teoricamente não existe nada que nos prenda uma à outra.

Ela não me olha nos olhos desde que saímos de seu escritório. E eu não consigo pôr em palavras o que realmente quero dizer.

"Está resmungando, Lena?"

Escuto repentinamente sua voz tão calma próxima ao meu ouvido que sequer me dei conta de que ela já havia despachado a sobrinha de volta para as mães.

- Eu juro que não sei - respondo com sinceridade - Posso estar sonhando acordada ou pensando alto. Sabia que tenho frequentes episódios de sonambulismo? Dox fala que eu não sei descansar e que por isso meu cérebro nunca deixa meu corpo apagar por completo.

Ela sorri "Pois eu acho que, pelo menos durante o tempo que ficou comigo, essa frequência diminuiu. Realmente demora a dormir, mas quando dorme..."

- Como assim?

"Só estou dizendo que já passei bastante tempo observando seu sono e não vi sequer um mínimo resquício de sonambulismo"

Reviro os olhos.
- Faz isso com que frequência?

"O tempo todo!"

- Idiota!

"Sem insultos ou palavrões na frente da minha filha, meninas" a voz de Kelly bradou forte.

Kara se desculpa por mim. Ela me olha e puxa minha mão, levando a seus lábios e deixando um selo casto. É uma cena que faz as borboletas no meu estômago dançarem freneticamente. Enfim seus olhos encontraram os meus e vejo certo temor em suas íris "O que vamos fazer agora?"

- Continuar? - pergunto de volta.

Ela se remexe desconfortável no sofá ao meu lado. Se atenta à conversa no cômodo ao lado e sorri com as falas da sobrinha. Sua irmã e cunhada estavam na cozinha preparando um lanche para a filha. "É o que você quer?"

- Estou disposta a tentar - respondo, levando minhas mãos ao seu rosto - E você?

"É o que mais quero, mas não quero estar te forçando ou influenciando a nada" me doi ver dúvida em seu olhar.

Me aproximo, deitando a cabeça em seu ombro e descendo meus dedos em seu peitoral. Faço um caminho entre o vale de seus seios cobertos pelo tecido e pouso minha mão em sua cintura - Me disse a poucos minutos que nunca viu resquícios de sonambulismo enquanto eu dormia, não foi? Eu tive episódios todos os dias nos últimos seis meses. Kara, as noites que passei ao seu lado foram as que mais dormi bem em toda a minha vida! Eu não me desfaria do seu aconchego nem se eu me odiasse muito.

Long Awaited | SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora