Capítulo Ⅷ

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Saímos da casa de Lena às 19h e logo estávamos rodeadas de crianças alvoroçadas correndo de seus pais que tentavam inutilmente os alcançar. Percebi a agitação da morena ao ter que voltar para casa e encarar seus pais após o que aconteceu e depois o alívio que sentiu ao saber que ninguém estaria em casa. Observei algumas fotos de quem eu imaginava ser seu ex, e me perguntei por onde o imbecil poderia ter ido sem dar sinal algum de retorno. Tentei brincar um pouco, para fazê-la sorrir, mesmo não estando confortável com tudo isso, mas sei o que ela está sentindo e desviar o foco disso seria bom para nós duas. Com Lucy evitava ter meus momentos infantis por ela se prender demais a imagem de que eu deveria agir com a Kara séria e enigmática no qual ela fantasiava. Já com Lena, sinto que posso ter a liberdade de me permitir extravasar um pouco sem arriscar ser julgada por isso. Ela, por outro lado, estava atenta a barraca de tiro ao alvo, e me puxava em direção a mesma - Que tal fazer seu papel de esposa e conseguir aquela pelúcia da supergirl para mim?

- Não sabia que gostava de heroínas - falei risonha, sentindo o aperto em minha mão.

Lena me olha com aqueles olhos verdes sedutores e eu apenas desviei o olhar, sabendo o que me esperava "Eu sinto certa atração por loiras bronzeadas e musculosas" não estaria mentindo se perguntasse se o novo passatempo dela estava sendo tentar me seduzir falando esse tipo de coisa, ou se ela apenas via graça em minhas reações "Por favorzinho, eu não tenho mira alguma para arriscar tentar"

- E o que te faz pensar que eu tenho? Eu até fiz umas aulas de tiro, quem sabe eu ainda lembre de alguma coisa...

"Ótimo! Vai lá conseguir a supergirl, superwoman!" - já pararam para pensar em Lena Luthor dando pulinhos de felicidade? Se não, pode começar a imaginar. E assim o faço, vou em direção ao senhorzinho que estava atrás da bancada de madeira e peço uma ficha, que, por sinal, estava superfaturada - Não acha que 50 dólares é demais para se cobrar num parque?

- E você acha que não sei quem são, mocinha? - me pergunta baixinho, me fazendo franzir a testa - Ela é filha de um homem podre de rico e você é casada com ela, as fofocas são frequentes por aqui - falou apontada para a morena que nos observava curiosa pela interação - Vai querer ou não? Pegar ou largar.

Bom, assim o fiz. Peguei aquela única ficha enquanto ele ria por arrancar dinheiro de duas empresárias. Meu pai havia me levado algumas vezes para caçar aos arredores de Midvale, antes disso me levava para um clube de tiro onde aprendi com seus colegas e instrutores. Não há melhor ambiente para levar uma adolescente. Sua sorte é que sou uma pessoa consideravelmente calma, mas Alex, por ser impulsiva, já atirou em seu pé ao pensar que a casa estava sendo invadida. Não precisei observar muito para identificar a falha repetição proposital na sequência de latinhas que seriam meu alvo. Parques de diversão são um bom local para arrancar dinheiro de pessoas inocentes que não percebem que muitas das vezes estão ali apenas para serem feitas de otárias, já que em alguns casos a possibilidade de acerto se dá pela boa vontade do vendedor. Para seu azar, acertei doze latinhas seguidas, inclusive a especial que me dará direito a retirar a pelúcia que Lena queria. Ver aquele velho chocado me tirou uma boa risada, e os brindes que recebi pelo acerto distribuíram para algumas crianças que se amontoaram ao redor.

Me aproximei de Lena com calma "Nunca me disse que era tão boa com alvos em movimento, isso foi incrível"

- Eu tinha que fazer valer os 50 dólares, afinal, estou quase falida.

"50 dólares numa ficha?"

- Pelo menos não foi por tiro e sim por tentativa e erro.

"Eles estão roubando os pais que trazem os filhos aqui"

Sorri ao ver sua leve expressão de revolta - O que acha de comermos? Tem algodão-doce bem ali - apontei para o norte e demos de cara com o irmão da morena que estava caminhando com a mini cópia de Lena - Não é seu irmão ali?

"Colin? Melhor irmos para o outro lado, não quero ter que encará-lo agora"

- Não quer falar com sua sobrinha? Pensei que estivesse sem vê-la a algum tempo antes do casamento.

"Sim, mas agora não é a hora. Vamos comer em outro lugar, e depois podemos ir na roda gigante, o que acha?"

- Eu acho que você está fugindo - peguei delicadamente em seu pulso e a puxei para que caminhássemos para o outro lado - , mas como não sou ninguém para falar algo sobre, vou fugir contigo.

Passamos ao lado de uma barraca de algodão-doce, onde tinha uma simpática senhora nos puxando com o olhar e, felizmente, não resistimos. Comprei um para mim e outro para que Lena o segurassem enquanto eu terminava o primeiro. Ela me olha sorrindo, demonstrando estar se divertindo com minhas caras e bocas. É importante pontuar que não costumo revelar meu lado infantil para pessoas que não fazem parte da minha família. Ela não querer foi algo que me espantou a princípio, mas depois explicou que não comia nada muito açucarado antes do jantar. Lena Luthor não come doce antes do jantar, é interessante. Andando um pouco mais chegamos a uma ruazinha escura, mas com uma pouca iluminação acolhedora, que nos guiou até um restaurante a beira-mar, por qual Lena se interessou avidamente ao ver que o ambiente era nada mais nada menos que uma cafeteria/biblioteca bastante aconchegante. Quando percebi, fomos abordadas pela atendente que reparou em nossas mãos, ainda entrelaçadas, e se entusiasmou dizendo que teriam um lugar especial para "casais".

Notei a morena tentar desvencilhar sua mão, mas a agarrei e larguei um sorriso para a atendendo, que nos levou até o píer mais a frente e nos deu privacidade para apreciar a luz do luar em contraste com as ondas do mar, que refletiam a iluminação forte dos brinquedos do parque e dos estabelecimentos próximos - Se sente incomodada quando seguro sua mão? - Lena me encarou cabisbaixa, em seguida esticando a mão para pegar o cardápio, o levantando o suficiente para me impedisse de olhar em seus olhos "Não sei se me sinto incomodada, mas é estranho que faça isso sem qualquer tipo de malícia ou alguma forma de se manter no controle, entende? Está apenas segurando minha mão de forma que eu não me sinta inquieta, porem é estranho alguém estar fazendo isso sem eu me sentir incomodada com tal ato".

- Como era com James?

Ela me olha com um ponto de interrogação: "Ele era um tanto possessivo, sempre que andávamos de mãos dadas não parecia certo. Talvez tentasse ter algum tipo de controle sobre mim, e até machucava às vezes quando apertava mais do que devia"

- Que pecado gostar de homem - falei, vendo-a me olhar risonha - E que dedo podre você tem, poxa vida.

"Fala como se a sua ex, completamente normal, não tivesse me dado uma bofetada na cara" devo dizer que admirar o sorriso dessa mulher está se tornando um passatempo bastante acolhedor para o meu coração emocionado - É uma mulher bonita, Lena. Se tivéssemos nos conhecido no ensino médio, eu teria me apaixonado perdidamente por você - observei aquele sorriso divertido se tornar algo malicioso e afiado. Não se pisa em ninho de cobra sem esperar não ser picado "E o que te impede de se apaixonar agora, Kara"

- Bom, nada me impede. Só que não temos mais aquele frio na barriga de uma primeira vez se jogando no mundo, apenas temos obrigações a cumprir e situações que nos impedem de nos deixarmos levar.

"Esta falando sobre nós ou no geral?"

- Estou falando, no geral, sobre as paixões que surgem ao longo da vida.

"Há quantos anos não sente uma paixão ardente?"

- Muitos...

"E o que te impede de se apaixonar por mim?"

- Nada.

.・゜゜・・゜゜・.

Eu sei, eu demorei kkkk

Fiquei sem tempo (e ainda estou) para escrever qualquer coisa que não fosse algo relacionado a alguma obrigação da faculdade. Então aproveitem esse capítulo, foi feito com muito carinho!

Podem ficar a vontade para criticas construtivas e falar o que esperam daqui para frente.

É isso, até a próxima!

Long Awaited | SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora