Capítulo Ⅵ (II/III)

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O som de vozes se faz cada vez mais presente à medida que tento abrir os olhos. Detesto acordar com luz em meu rosto, ainda mais se for apenas a ilusão de um sol que deveria ser quente, mas que hoje parece apenas enfeitar o céu com sua grande luminosidade. Tenho que ligar o aquecedor. Continuo a processar e identificar as vozes que ouço, mas de nada adianta, me pergunto o porquê as paredes desse quarto precisam ser tão finas. Deve ser o advogado, ainda temos bastante a conversar. Decido botar os pés no chão e me deparo com o suspensório que usei na noite passada, jogado em um canto do quarto. Droga, Lena ainda deve estar aqui.

Me levanto cuidadosamente, acho que nunca senti meu corpo tão pesado. Tomei uma ducha breve e coloquei uma roupa adequada para estar em casa com uma estranha. Espero não ter que me meter no escritório hoje, seria um pé no saco. Saio do quarto e caminho até a sala, encontrando meu advogado sentado em um lado do sofá e a morena que abriguei no outro.

- Bom dia? - falo, recebendo a atenção dos dois para mim - O que está fazendo aqui tão cedo? - dirijo a palavra ao homem que logo fica de pé - E então?

- A senhori- senhora me pediu para vir resolver os termos da papelada do casamento. Isso aconteceu após uma ligação na noite de ontem e certamente, vendo seu estado, eu deveria ter ligado para confirmar.

Ora, nem estou tão ruim assim - Bom, é melhor deixarmos para outra hora. Preciso estar sã para ter esse tipo de conversa e a menos que tenha trazido meu café da manhã sua presença aqui é dispensável.

- Sendo assim, voltarei em outro momento. A, agora, senhora Zor-El, me deixou ciente de algumas questões que você deseja tratar. - fala olhando de canto para a morena que agora apenas observa nossa interação - Então vou. Quando precisar pode ligar, mas que não seja para me fazer vir aqui e me dispensar outra vez.

- Isso não irá acontecer, não se preocupe. E nossa reunião será no seu escritório para evitar locomoções indesejadas.

Observo o mais velho um tanto irritado. Não o culpo, até que eu moro em um bairro distante e pouco movimentado. Se locomover do centro da cidade para cá é exaustivo, considerando a linha reta que os motoristas devem seguir. Encaro a morena sentada no sofá e ela boceja, deve estar cansada.

- Já comeu?

- Como eu faço isso na casa de uma estranha?

- Creio que saiba o que existe numa cozinha. A senhorita sabe cozinhar?

Ela me olha duvidosa - Acha que não tenho capacidade de fazer o básico? Espero que não tenha o pensamento de que não sei me virar na vida por me achar uma dondoca metida.

- Considerando que veio dormir aqui por não ter ninguém para vigiá-la em seu sono, não me restam muitas opções a não ser acreditar que você é uma dondoca metida.

- Eu poderia ter ido para casa.

- E por que não foi?

- Assuntos familiares - virou o rosto para o outro lado, mas logo voltou a me encarar - Vai fazer algo para comermos? Estou com fome e digamos que aquele seu despertador irritante me acordou bem mais cedo do que eu deveria acordar.

- Não estou com muita vontade. Farei um agrado apenas por ser minha esposa, se fosse qualquer outra eu voltaria a dormir.

- Devo me sentir especial, Kara?

Pode ser uma impressão minha, mas ela parece descarregar todo seu sotaque ao pronunciar meu nome. Se não fosse a situação, eu certamente rebateria suas olhadas para minha bunda e toda essa sua voz carregada de sensualidade - Farei panquecas e leite quente. Ainda é bem cedo, pode voltar para a cama se quiser, demorarei um pouco.

Long Awaited | SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora