É primavera outra vez

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E derrepente é primavera outra vez....

Faz exatamente um ano desde que decidi me entregar aos meus dois melhores amigos e não me arrependo disto. Me tornei mãe e aprendi tantas coisas que mal tive tempo para assimilar tudo.

Tive tantas dores em tão pouco tempo que agora eu já não me importo se tiver que morrer, mas isso não significa que eu queira porque além da parte ruim eu também vivi a parte boa da vida.

— Me faça uma lista das coisas que serão necessárias para a feira de primavera deste ano.

— Já está feita alteza, estou cuidando de tudo.

— Eu quero cuidar disto pessoalmente é de meu interesse.

Ele me entregou o papel e eu li atentamente cada coisa daquela lista, obviamente como eu pensei tudo que estava ali eram ordens do meu falecido pai e eu não concordava com metade das coisas.

— Retire todo o entretenimento dos homens.

— O que?

— Retire jogos de azar, o entretenimento do protibulo para os homens solteiros, Retire também a caça.

— Mas esses são os eventos principais alteza, o que restará se tirarmos isso?

— Coloque coisas inclusivas quero que homens e mulheres participem juntos de todas as atividades, não quero nada separado. Ah e durante o dia coloque atividades que incluam as crianças como jogos infantis ou canções leves.

O homem a minha frente não concordava com isto mas pouco me importa, este ano seria diferente e eu faria questão de que fosse para todos e não só para os homens.

— Quero que ponha prêmios, em dinheiro ou em comida isso não importa...

— É só alteza?

— por enquanto sim, pode se retirar.

As coisas já estavam visivelmente mudadas no reino, as meninas estavam frequentando a escola normalmente e isso me deixava feliz. Haviam médicos disponíveis por todo o reino de forma gratuita e posso ver que a qualidade de vida dessas pessoas está melhorando.

— Flora? Posso entrar?

— O que quer?

—......porfavor não fale comigo assim....

Nicolas me encarava como se eu o tivesse magoado mas eu só não sei mais como reagir a eles. Claro que amo os dois ainda mas fui tão machucada que acredito que não consigo mais ser amável com ninguém além da minha filha.

Eu quase não os vejo mais e Nicolas estava mais forte fisicamente, Erick tenta de todas as formas conversar comigo e tenho notado a preocupação deles mas eu já estou bem.

— Estou falando normal, o que você quer?

— Quero que pare de me tratar como um estranho ou desconhecido. Eu sou o pai da sua filha e seu melhor amigo a quase dezessete anos.

Ele foi ríspido com as palavras e aquilo me deixou emotiva, me segurei para não chorar tudo o que eu estava sentindo por que faz dois meses que não consigo demonstrar nada.

— Olha para mim Flora, eu te amo...

Eu não queria chorar mas eu precisava tanto me sentir amada que não pude conter as lágrimas que caíram em meu rosto. Meu coração estava disparado, eu queria tanto voltar a ser aquela pessoa de antes e a data de hoje só me faz lembrar que eu nunca mais serei feliz como fui naquele dia.

— Eu sei que dói, sei que hoje faz um ano da nossa primeira vez e isso nem mesmo tem haver com o sexo mas sim com a nossa conexão...

— Eu não.... não quero.... não posso chorar...

— Claro que pode, isso só mostra o quão forte você tem sido Flora.

— Eu não quero ser forte Nicolas! Eu quero.... quero ser feliz...

Ele veio até mim e me puxou de trás da mesa segurando minha mão ele me levou para fora do escritório.

— Para onde estamos indo?

Ele não me respondeu mas continuava me puxando para fora até que chegamos ao jardim, Erick estava lá e Nicolas fez o mesmo o pegando pela mão e nos arrastando ao mesmo tempo para longe dali.

— Nicolas o que é isto?.- Erick perguntou também sem entender o que estava acontecendo.— Eu estava trabalhando... Nicolas!

Quando notei para onde estávamos indo eu não pude conter o sorriso. Nicolas nos levou até o início do campo de flores que estava completamente cheio por causa da primavera. Erick olhou para mim também com satisfação e nós três retiramos os sapatos juntos.

— Vocês se lembram? O primeiro que chegar a minha antiga cabana vence.

Disputavamos assim quando éramos crianças e fizemos isso até os quinze anos. Era um excelente modo de me deixar feliz e Nicolas sabia disso.

— Três! Dois! Um! Agora!

Disparamos a correr juntos em direção a cabana passando por entre os girassóis e as margaridas, meus pés doíam pelos galhos secos e a terra dura mas eu não conseguia parar de sorrir ao correr.

O vento soprava meus cabelos me fazendo ir cada vez mais rápido, os meninos ao meu lado disparados assim como eu rindo e gargalhando como a muito tempo não fazíamos.

O coração acelerado e a sensação de liberdade, tudo isso me fazia sentir viva outra vez, era como se nada daquelas coisas ruins tivessem acontecido comigo. Era apenas eu outra vez, e era tão bom ser só eu que esquecia do mundo a minha volta.

— Ganhei!.- Erick gritou assim que tocou na cabana.

— Trapaceiro! Você correu antes da hora!

— Não seja má perdedora Flora, ele ganhou de forma justa.

— Vou cobrar uma revanche quando voltarmos... Mila ainda mora nesta cabana?

— Os guardas da igreja a encontraram aqui no dia do bar, ela achou melhor se mudar caso eles voltassem a procurá-la.

Encarei a janela ao lado de dentro vendo que estava vazia e então eu entrei, desde que Nicolas foi morar no castelo não voltei aqui e essa cabana fez parte de nós por anos e sentia falta desse lugar.

Não estava empoeirado o que significa que alguém vinha até aqui para limpar, os meninos entraram atrás de mim fechando a porta e eu me virei a eles os encarando.

Eles sabiam o porquê eu estava os olhando, estamos aqui exatamente um ano depois do ato que mudou nossas vidas e eu estou ansiosa para sentir alguma coisa boa outra vez.

— Flora...

— O que foi?

— Eu conheço essa cara, você não está bem..

— Nicolas olhe para mim, acha mesmo que se eu não estivesse bem iria querer alguma coisa?... vocês se lembram de como foi? Nossa primeira vez...

Desamarrei meu vestido e o deixei cair no chão assim como fiz aquela vez, naquela época eu não sabia o que esperar mas agora eu estava ansiosa por já saber o que virá em seguida. Nicolas veio até mim como daquela vez parando a centímetros do meu rosto.

— Eu não poderia esquecer como foi... essa é a parte que a gente se beija?

— Enfie sua língua em minha boca e eu seguirei seu ritmo.

Não foi necessário que eu dissesse mais para ele devorar minha boca com vontade, senti falta disso mas acima de tudo senti falta de estar viva.

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