O cheiro de sangue que o salão principal do palácio de espinhos emanava já não era algo que incomodava qualquer um dos lacaios de Asmosdeus.
No trono a mulher sentada estava de pernas cruzadas, o mensageiro cujo fora dada a missão de lhe contar as boas novas, estava ajoelhado implorando por sua vida, quando ela estava naquela situação qualquer um poderia pagar com a vida.
— Você está me dizendo... Que as únicas idiotas que podem estragar absolutamente todo o meu plano... Atravessaram o portal?— Ela perguntou com a mão sobre sua testa, tentava entender como exércitos tão bem preparados como os seus, formados por orlas de demônios havia deixado isso acontecer.— Eu deixei tropas de olho naquele monumento com ordens de matar qualquer um que passasse pelo portal... Capitão da guarda!— Ela chamou o homem que estava encostado ao lado de seu trono.— Poderia me explicar porque o seu exército não está obedecendo as minhas ordens?
— Minha rainha apesar de tudo são ingratos.— Ele tomou a frente e ajoelhou-se perante a ela.— São supersticiosos, a senhora sabe o que a coruja branca disse sobre quem guardar aquele monumento, a senhora fez muito por nós e isso nos tira de lista de pessoas que possam ficar por lá.
— Prepare uma reunião com o conselho.— A mesma ordenou e saiu batendo os pés.
Asmosdeus prometeu o mundo e o fundo aqueles cavaleiros que seguiam, um mundo sem fome, sem dor, sem desespero e com uma liderança e tanto. Porém, como nem tudo são rosas, os cavaleiros notaram que foram enganados rapidamente, o que é personalidade de Asmosdeus tinha de quente, sua presença tinha de pesada, o que provocou uma escassez de comida e água em todo o reino, já descumprindo a primeira parte do trato.
Depois de tanto tempo notaram que era apenas um tirano poder, mas nada tinham de fazer, se deixassem seus postos, perderiam suas vidas...
Ao chegar em seus aposentos, olhou-se no espelho e sentiu seu nariz coçar, um espirro foi o que alertou, em sua sacada de onde dava para ver os sete vilarejos, havia uma treliça cheia de crisântemos, e ela sabia exatamente o que significava. Estava mais do que na hora de começar a se preparar para a guerra.
A reunião do conselho foi marcada com extrema urgência, todos os regentes dos povos que a apoiavam foram convocados, não era hora de poupar esforços, uma única semente de mostarda poderia virar a balança do jogo.
— Já devem saber das boas novas...— Asmosdeus disse sentando-se na ponta da mesa, deixando claro sua posição dente os demais.
— As legítimas rainhas voltarem para casa...— Um dos demônios comentou, pode sentir o olhar mortífero da rainha.
— Tão rainhas que deixaram o povo abandonado por 300 anos.— Asmosdeus esbravejou e bateu na mesa.
— Ainda estamos do seu lado minha rainha, mas muitos do nosso exército estão sendo tomados por essa falsa esperança.
— Matem, matem todos que possam ser possíveis aliados deles.— Era assim que a rainha resolvia as coisas, seu reinado era banhado por um mar de sangue, mas seus aliados não pareciam se importar.
— Qual o plano minha rainha?— O capitão da guarda indagou.
— Não precisamos matar todas, apenas uma... Para a profecia estar completa, as quatro precisam sentar nos tronos.
— O que minha rainha acha de fazer uma delas virar traidora?— Um dos demônios que afiava sua adaga indagou, um sorriso maléfico surgiu no rosto da rainha.
— A mesa da misericórdia teria de ser usada, uma delas seria expulsa permanente...
Agora sim, eles tinham um plano, e que plano diabólico, separar as irmãs não seria uma tarefa difícil, mas fazer uma delas trair seu próprio sangue parecia um desafio que Asmosdeus faria questão de cumprir.
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As Lendas da Cidade Dourada
RomanceAntes de passarem três séculos em completa negligência. A Cidade Dourada pouco se preocupava com exércitos, ou com proteção em suas fronteiras. Os vilarejos tinham paz entre si, a criação de gado e as lavouras permitiam que todos tivessem fartura, o...