As irmãs celebravam a conquista de Madalena, mas a mesma se questionava, o que isso significava? Ela sabia onde encontrar Asmodeus, tinha garra para guerrear, mas como? Como Malena libertaria seu povo?
Infelizmente, ela ainda não sabia. Esse era seu problema; ela pensava demais. Quem diria, que a justa das irmãs jamais experimentara exercer seu título sob si mesma, essa era a sua maldição, pensar primeiro nos outros, nunca nela mesma.Muitos questionamentos rondavam a intitulada rainha, um misto de sensações conflitavam e apertavam seu peito. Dalila a observava do canto do quarto, por ter partilhado da dor de uma vida sem lar, ela compreendia melhor a mais velha. Talvez fosse a pouca diferença de idade, a falta de uma família ou o gênio difícil, não o importava o que; elas se entendiam. Dalila sentiu em si a dor da rejeição ainda muito nova, mesmo que em um contexto diferente a dor se assemelhava, a mais nova sabia que precisava fazer algo, mesmo que aquilo não lhe dissesse respeito.
Sua primeira reação foi procurar Valentino, que assim como ela parecia ter muito apreço por Madalena, isso era notável em seu olhar.
Ao adentrar no escritório do mais velho, o viu olhando para o horizonte, sentindo a brisa em seu rosto, parecia estar pensativo, o que levou Dalila a se perguntar sobre o que ele pensava, e também a fez acreditar que atrapalharia se o chamasse. Assim que se preparou para dar meia volta, Valentino virou-se e a encarou.
— O que lhe aflige minha filha?— o mesmo indagou se aproximando da garota.
— A Madalena...— Disse a irmã mais nova preocupada.— Ela decifrou o mapa que Asmodeus deixou para ela.
— Isso e ótimo!— Festejou o homem.— Arrumarei as tropas para marcharem pela manhã.
— Não se anime.— Contestou a mesma.— Ela está no canto do quarto olhando para o mapa há quase meia hora, se achando incapaz de prosseguir com essa história.
— Começou mais cedo do que eu imaginava...— Valentino disse preocupado, sabia há tempos que a princesa tinha tais comportamentos, e também sabia o que vinha depois deles isso o preocupava profundamente.
— Valentino, eu te imploro, se sabes alguma maneira de fazê-la se ver como nós a vemos, tudo seria mais fácil.— Dalila dizia de forma desesperada, não entendia o motivo, mas sentia que já tinha vivido aquilo antes.
— Davi.— Valentino de uma grande pausa, dando um longo suspiro.— Ele sempre a faz ver o lado bom das coisas.
— É sério?— Dalila indagou incrédula colocando a mão na testa.— Isso é outra coisa que eu preciso resolver, ela entrou nessa por conta dele, por estar se comparando com todas as moças daquele baile, com todas que ele dançou e conversou, por não se achar boa o suficiente.
— Ele fez o que?— O mais velho estava assustado, jamais esperava isso de Davi.
— É o que você ouviu.— A moça cruzou seus braços, pensava se poderia fazer algo a respeito, ou melhor, como faria algo a respeito.
Sua real vontade, era de esganar Davi e fazê-lo pedir desculpas para sua irmã mais velha, mas sabia que não podia fazer isso, seu temperamento teria de ser controlado se ela quisesse ser aceita naquele mundo.
— E como ela está?— Sua pergunta era retórica, mas no fundo havia esperança de que viria uma resposta boa.
— Ela está se questionando sobre si, sabe que Madalena pensa primeiro nos outros do que em si, é notável que ela está em conflito interno.— Dalila dizia, ela parecia se colocar no lugar da irmã, e por mais que não tivesse o título de "justa", Dalila carregava o título de "sábia".
Há muito tempo atrás elas ouviram de um ancião que um sábio que não é justo acaba se tornando um tolo, e mesmo que elas não se lembrem disso, ainda sim se completavam, como irmãs, mas também como soberanas da cidade Dourada.
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As Lendas da Cidade Dourada
RomanceAntes de passarem três séculos em completa negligência. A Cidade Dourada pouco se preocupava com exércitos, ou com proteção em suas fronteiras. Os vilarejos tinham paz entre si, a criação de gado e as lavouras permitiam que todos tivessem fartura, o...