Madalena era a irmã que aprendera se virar muito bem desde sempre, seu tutor, Valentino a ensinou lutar esgrima, e também a fez criar gosto pela leitura desde muito nova, aprendeu feitiços e a também sua magia sozinha.Porém, nem todo esse conhecimento preenchia o vazio que lhe acompanhava em suas noites mal dormidas, ou em seus choros e pesadelos.
Madalena descobriu logo cedo que seus pesadelos criavam o veneno mais forte do reino, carregava o peso daquilo consigo, afinal os barbaros usavam daquela planta para envenenar pessoas inocentes.
Ela estudou aquela raiz como nunca havia estudado algo em sua vida, lhe batizou de raiz de pesadelos, seu veneno, que vinha de sua seiva, era paralisante e agonizante, que matava assim que chegava no coração da vítima.
Em uma de suas tardes de estudo, Valentino pediu a Madalena que lançasse um feitiço de proteção em volta do castelo, para que iniciar os testes de ataque, mas desde a descoberta da raiz, ela não se sentia mais preparada para usar sua magia.
— Não vou usar minha magia, costuma ser desastrosa.— A garota segurou em seu cotovelo, estava nitidamente desconfortável com a situação.
— Precisa confiar mais em você...
— Como?— Ela indagou seriamente, Valentino assustou-se, nunca a tinha visto daquele jeito.— Enquanto eu durmo, sou responsável pelo veneno que vem matando cada dia mais pessoas, o que será que eu posso fazer acordada?— Ela gritou.— Talvez eu destrua a cidade... Ou quem sabe, mande todos lá pra baixo.
— Eu confio em você e deverias fazer o mesmo, se algo sair do controle, temos os magos da corte.— Ele argumentou.— Não pode se esconder atrás de uma armadura pra sempre, tens mais dons do que imagina.
— Promete pra mim que tudo vai dar certo?— Ela indagou, seus olhos estavam marejados, havia medo em seu olhar.
— Nunca vou sair do seu lado.— Valentino a abraçou e deu um beijo no topo de sua cabeça.
• • •
| Séculos depois |
Quando Madalena foi para seu primeiro lar temporário, notou como nunca era bem desejada em momentos familiares, ou quando parentes vinham de longe.
Ao se olhar no espelho, vinha o questionamento, ela não entendia o motivo de ter sido descartada daquele jeito, imaginava todas as hipóteses possíveis do motivo pelo qual fora dada para a adoção, mas nunca chegava em uma conclusão, ou pelo menos, não em uma que fizesse sentido.
Quando ela fugiu pela primeira vez de um lar temporário, viveu nas ruas por algum tempo, o que a fez aprender a defender-se, tanto verbalmente quanto fisicamente, eram coisas essenciais para sua sobrevivência.
Não demorou para que ela voltasse para o sistema, mas desta vez, havia conhecido Anika, que assim como ela, tinha sido abandonada com dias de vida. Mesmo que tivessem passado por vários testes com famílias interessadas, nenhuma das duas teve a sorte de sair do sistema de adoção.
VOCÊ ESTÁ LENDO
As Lendas da Cidade Dourada
RomanceAntes de passarem três séculos em completa negligência. A Cidade Dourada pouco se preocupava com exércitos, ou com proteção em suas fronteiras. Os vilarejos tinham paz entre si, a criação de gado e as lavouras permitiam que todos tivessem fartura, o...