Bem-vindo ao seu novo lar.

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Em uma cidade pequena, um jovem garoto chamado Killer tinha planejado fugir de casa, pensando que sua vida seria melhor sem os limites implantados pela sua família conservadora. Ele pega sua bicicleta. Coloca Valindra, sua gata de estimação, na bela cesta que também carregava uma bolsa minúscula que transportava apenas um celular e um carregador.

Killer coloca sua mochila nas costas, a mesma era meio velha mas carregava as roupas que ele pretendia usar. No meio da noite, a previsão do tempo informava que uma forte tempestade iria se aproximar, mas o garoto não se importa. O jovem pula a janela segurando um fone de ouvido, que conecta no celular e uma playlist de música ruim começa a tocar.

Como antes avisado, a tempestade começa, mas nada iria impedir o garoto esperançoso de reivindicar sua liberdade. Estranhamente, com poucos minutos já na rua, as casas da vizinhança já começam a desaparecer. Killer estava se afastando da cidade, mas tão rápido assim? A música estava distraindo ele tanto?

Os postes de luz também começam a sumir aos poucos, a estrada já era escura o suficiente para Killer se preocupar se haviam buracos por perto. Mas um barulho familiar chama a atenção de Killer, era o alerta nada amigável que seu fone de ouvido fazia toda vez que estava prestes a descarregar. O garoto tinha esquecido completamente de colocar o fone para carregar antes de fugir.

A tempestade fica mais e mais grossa, a pobre gata começa a miar mesmo por debaixo de uma capa de chuva embrulhando seus pelos dentro da cesta. Killer respira fundo e coloca os fones de ouvido no pescoço, sabendo que seu momento de escutar música tinha acabado. Mas alguns outros barulhos, desta vez nada familiar, começam a chamar a atenção de Killer.

Num meio próximo a um enorme castelo, uma voz grita chamando por Killer. O garoto se assusta e vira pra trás, ele vê algo, mas por conta do escuro ele não enxerga quem era. Mas com certeza, aquela pessoa o conhecia. O jovem sai da bicicleta e segura sua gata nos braços ainda embrulhada na capa de chuva.

Ele se aproxima da voz, mas no último grito, aquela coisa se aproxima de Killer e sua forma começa a mudar. Mas inesperadamente alguém pula encima de Killer, agarra ele e o puxa correndo para dentro do castelo. A bicicleta ficou parada ali, ainda com a bolsa minúscula com seu celular e seu carregador.

Ao entrarem no castelo, Killer é recebido por um alto garoto de capuz, segurando uma espingarda apontada diretamente em seu rosto.

— Deita no chão. Agora. — A voz daquele encapuzado era baixa e grossa. O tipo de voz que faria qualquer medroso o obedecer imediatamente.

Apavorado e confuso, Killer solta Valindra e se joga no chão, rezando que o garoto de capuz tenha piedade dele. O garoto que havia trago ele suspira e encara o de capuz um pouco irritado. Killer apenas olha para o chão, que inclusive tinha poucas manchas de sangue, algumas pessoas já devem ter tido um destino bem trágico naquela entrada.

— Sabe que o chefe não gosta quando a gente recebe gente nova assim, não sabe?

— Estou apenas me certificando que nenhuma daquelas aberrações vai entrar aqui, Horror. Você devia fazer o mesmo e não trazer qualquer estranho pra cá.

O garoto que trouxe Killer aparentemente se chamava Horror. Ele parecia ser mais velho, mas talvez não tão responsável. O encapuzado abaixa a arma e tira seu capuz. Seu cabelo estava bagunçado, como alguém que acabou de acordar depois de uma longa tarde dormindo.

— Eu posso me levantar agora? — Killer fala baixinho, ainda morrendo de medo com o que tinha acabado de acontecer.

— Poder você pode, agora se eu vou te dar um tiro com essa porra já é outra história. — O encapuzado pega a espingarda novamente e aponta diretamente para a cabeça baixa de Killer.

— Chega Dust! Guarda essa arma.

O tal Dust abaixa a espingarda novamente, mas ainda com a guarda alta. Killer se perguntava o que estava acontecendo e porque estava sendo tratado como se fosse uma ameaça. Até que o inevitável acontece e o tão mencionado chefe desce as escadas com um livro na mão.

— Ora ora... Parece que temos visita. — Ele se aproxima rapidamente de Killer, e logo seu olhar volta para Dust. — Não vá me dizer que você apontou a arma na cara dele? — Ele ri.

— Você sabe que eu não quero morrer, e vou fazer de tudo para acabar com qualquer ameaça a minha vida. — Dust coloca seu capuz novamente e caminha até as escadas. Provavelmente os quartos eram por ali.

Killer levanta a cabeça por um momento, ele vê o chefe do castelo o encarando com um olhar sério. Inúmeros pensamentos passam pela sua cabeça. Ele se pergunta se ainda havia um jeito de fugir, voltar pra casa e pedir desculpas por ter fugido.

— Sinto muito que você tenha sido tão mal recebido. Eu sou o Nightmare.

— Uh... Eu sou Killer. — Sua voz era trêmula. — Você não vai me machucar, né? Eu vou voltar pra casa, né?

Nightmare ri um pouco e olha para Horror. O garoto tem um olhar de pena, como se soubesse exatamente como as coisas iriam ser a partir de agora. O chefe levanta Killer pelo braço com um olhar nada preocupado.

— Sua vida não será mais a mesma, mas pode ficar tranquilo.

Altas batidas na porta podem ser ouvidas, e rapidamente Horror segura a porta com força. Killer fica confuso e começa a analisar o ambiente com mais precisão. Dust volta correndo com a espingarda, novamente apontada pra porta.

— Bem-vindo ao seu novo lar. Eu irei te mostrar como as coisas funcionam.

Os olhos de Killer se arregalam ao ouvir as palavras de Nightmare, e ele percebe que não era uma pegadinha assim que ouve o disparo da arma de Dust contra a porta.

...

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