Ela sentia falta dele, Antônio ultimamente estava trabalhando excessivamente na fazenda e suas refeições juntos se tornaram cada vez mais escassas, a falta da presença dele em casa deixava um vazio em seu peito. Almoçar com ele era uma parte importante de sua rotina, e o sentimento de saudade aumentava a cada dia. Decidida a matar as saudades e reconectar-se com seu marido, Irene resolveu surpreendê-lo no escritório da fazenda durante o almoço. Ela esperava ansiosamente que essa visita trouxesse um pouco da normalidade e intimidade de volta às suas vidas agitadas.
Se arrumando ela vestiu um de seus vestidos mais bonitos, dificilmente usava vestido preferindo usar seus conjuntos monocromáticos mas a visita tinha uma motivação especial, para complementar escolheu um dos muitos colares que Antônio havia lhe dado, enquanto se vestia revivia memórias do casamento, dos momentos felizes que compartilhavam juntos, esperando recriar um pouco dessa magia quando finalmente encontrasse Antônio.
O humor contente de Irene rapidamente foi dissipado quando abriu a porta da sala de Antônio e entrou, encontrando-o conversando com uma funcionária da fazenda. Nunca tentou lutar contra o histórico de ciumenta, ela era, até porque Antônio era dela e a mulher que estava próxima demais, animada demais, não era a secretária que Irene conhecia, a que ela tinha feito questão dela mesmo contratar há 20 anos atrás. Ela sente um aperto no peito ao ver a proximidade da mulher com seu marido e disfarça seu desconforto com um sorriso forçado.
Se passam apenas alguns segundos dela observando a expressão de Antônio até ele perceber a presença da esposa na porta e por insistindo ou por conhecer sua mulher bem até demais imediatamente cria uma distância maior com sua secretária, colocando os documentos que estavam em sua mão de lado com um sorriso desconcertado no rosto. Seus olhos se iluminam ao ver Irene, ele também estava com saudade, ele a olhava de cima a baixo, demorando um tempo em seu colo, vendo o colar brilhar em seu pescoço, ele se levanta da cadeira e caminha até a esposa.
— Irene, que surpresa ver você aqui. — Ele diz, seu sorriso se alarga ao ver que ela veio visitá-lo.
Irene respira fundo, tentando controlar as emoções que ameaçam transbordar, e avança em direção ao marido com um sorriso cuidadosamente ensaiado nos lábios. Seus olhos encontram os dele, e ela se esforça para manter a compostura.— Amor. — sua voz soa um pouco mais alta do que o habitual. — Eu queria fazer uma surpresa para você. Estava com muita saudade e pensei em passar aqui para te ver. — As palavras soavam genuínas, e ela deixa um selinho nos lábios dele.
A nova funcionária, decide sair da sala discretamente. — Com licença, dona Irene. — A mulher diz, dando um leve sorriso antes de se retirar.
Assim que estão a sós, Irene se aproxima de Antônio e lhe dá um beijo nos lábios, mais longo do que o selinho que trocaram anteriormente. Então, com um olhar curioso, ela pergunta:
— Quem era aquela mulher? E onde está a sua secretária de sempre?
Antônio suspira, compreendendo a "preocupação" de Irene.
— Aquela era a Cibelle, a secretária temporária. Ana está doente, então Cibelle está substituindo ela temporariamente. — Ele explica, tentando acalmar a esposa que tentava não transbordar seu ciúmes.
Irene tenta manter a compostura enquanto fala com Antônio, mas um leve tom de ironia se insinua em suas palavras, uma tentativa de disfarçar o ciúme que a consome por dentro.— Bom, eu vim fazer uma surpresa para você porque estava com muita saudade. — Ela começa, suas palavras carregadas de subtexto. Ela lança um olhar rápido na direção da porta pela qual a secretária acabou de sair, antes de continuar — Mas parece que eu acabei sendo surpreendida antes mesmo de começar. — Seu sorriso é forçado, mas seus olhos denunciam sua verdadeira emoção.