Ela sempre admirou a facilidade que Antônio tinha para mentir, como as mentiras fluíam dos lábios dele com uma suavidade perturbadora, acompanhadas da feição de cínico que quase faziam as outras pessoas acreditarem que o que ele estava dizendo era verdade, no entanto com ela nunca funcionou, ela sempre conseguiu decifrar o tremor na voz, o brilho fugaz nos olhos, as micro expressões que traiam seus verdadeiros sentimentos e com os 30 anos de casamento isso só foi ficando cada vez mais fácil.
Quando ele ligou para dizer que iria jantar com Silvério ela já sabia que havia algo a mais por trás daquelas palavras, a sensação de traição ecoou em seu peito, ele estava indo se encontrar com a outra, só que diferente das outras vezes isso não causou nela raiva, insegurança, medo de perdê-lo, na realidade ela conseguiu sentir até uma ponta de felicidade crescendo dentro dela, enquanto Agatha esperava que fosse sair vitoriosa enganando Antônio com aquele teatro barato ela já tinha ele em suas mãos.
Então, quando ele voltasse pra casa naquela noite, ela estaria lá, esperando por ele, pronta para acolhê-lo de volta nos braços dela. Porque no final das contas conhecia Antônio o suficiente pra saber que ele estava indo terminar o "caso" com Agatha, sabia que o Antônio que ela conhecia reconheceria que eles tinham que permanecer juntos, sabia que o brilho dos diamantes seria o que faria os olhos dele se encantar novamente.
Quando ele entrou no quarto deles, Irene teve a certeza pelo modo de como ele se movia de que estava certa sobre as suposições, o peso das incertezas e da emoções pairava no ar, enchendo o ambiente com uma tensão palpável ele tinha terminado com Ágatha, e agora Antônio era todo dela.
— Irene...Eu só...Bom...— Antônio começou, mas a sua voz soava frágil e incerta, como se estivesse pisando em um terreno desconhecido, nunca foi bom em se expressar quando não era pra ofender alguém, para ele falar dos sentimentos era admitir fraqueza, e ele nunca se mostraria fraco diante dela.
Antes que ele pudessse continuar com aquilo que parecia uma tortura silenciosa, Irene se levanta e o abraça por trás, envolvendo-o com seus braços calorosos e possessivos, passando as mãos pelos seus ombros e acarinhando seu rosto.
— Eu fico muito feliz que você tenha voltado pra mim. — Ela murmurou suavemente, enquanto sua mão percorria a barba que ela tanto adorava sentir contra a pele dela.
— Uhum. — Antônio resmunga, ainda preso em seus próprios pensamentos, lutando para encontrar as palavras certas e expressar o que estava sentindo.
— O meu coração tá tranquilo. E cheio de amor pra te dar. — Ele a encara, com ela olhando diretamente para seus lábios, e Irene sorri suavemente antes de puxá-lo para um beijo.
Eles se entregam ao beijo profundamente, mergulhando em um oceano de paixão e desejo, a língua de Irene dançava suavemente com a de Antônio, explorando cada canto da boca dele em um ritmo ardente e sedutor, a mão dele deslizou pela cintura dela, sentindo a suavidade da pele sob seus dedos, devolvendo o beijo, com a boca colada na dela, como se fosse uma fonte de oxigênio, quando na verdade é exatamente o contrário. E Irene empurra-o na cama, subindo em cima de seu corpo com uma urgência incontrolável, voltando a beijá-lo, ela segue com os lábios até sua orelha.
— Você trancou a porta, meu amor? — Irene sussurra sua voz carregada de desejo, antes de morder o lóbulo da orelha de Antônio, um arrepio percorrendo a espinha dele.
Ele levanta apressadamente indo em direção a porta do quarto para girar o trinco enquanto ela tira suas sandálias e desamarra o macacão com ansiedade, Antônio volta pra cama jogando a jaqueta pelo chão do quarto e retirando as botas.
Ele volta pra cama e sobe em cima dela e ela segura-o ali, os lábios dela se fecham sobre os dele e tudo dentro dele formiga. O beijo deles é rápido e desesperado, ela se afasta com as testas se tocando, e por um momento eles ficam ali, se olhando, como se ambos estivessem pensando nisso. Sobre o que isso significa. Ele voltando a ser dela. E então eles se aproximam juntos na mesma respiração, conectando-se novamente. É rápido, carente, molhado, apaixonado e muito quente. Eles lambem a boca um do outro e é como sempre foi, eles sabendo exatamente quando lamber, morder e chupar.