Depois do retorno de Agatha, Irene sentiu a urgência de avançar com seu plano dos diamantes, o que implicava em encontros mais frequentes com Vinícius. Não que eles tivessem ultrapassado algum limite além de alguns beijos trocados, o geólogo era charmoso e claramente estava interessado nela, no entanto, para Irene, trair o marido não estava no topo de suas preocupações, os beijos foram apenas a forma dela expressar sua insatisfação e frustração com o tratamento de Antônio desde que a "falecida" ex mulher ressurgiu em suas vidas.
Ao chegar em casa, Irene não esperava que Angelina fosse a primeira pessoa abordá-la. No entanto, seu marido havia instruído a governanta a informá-la que assim que a mulher chegasse era pra ser avisada para procurá-lo imediatamente em seu escritório, o que Irene não antecipava era que Angelina teria feito inúmeras insinuações sobre suas atividades fora de casa, deixando um Antônio raivoso e cheio de ciúmes a espera dela.
— O Doutor Antônio está aguardando por você, em seu escritório, Irene. — Disse Angelina com o tom de quem sabia que estaria a presenciar mais uma briga do casal sendo ouvida pelos cantos daquela casa, brigas entre Antônio e Irene não eram novidade, algumas eram mais intensas do que outras, algumas se resolviam facilmente, enquanto outras deixavam resquícios de tensão no ar, mas desde a volta de Agatha parecia que era apenas o que eles faziam, discutir.
Irene se dirigiu ao escritório, se preparando pra fera que iria enfrentar, provavelmente um Antônio cheio de perguntas, querendo saber onde ela estava, como se ultimamente ele estivesse mostrando algum tipo de interesse nela. Como se tudo que ele fizesse desde que aquela mulher voltou não fosse ignorar ela, sair antes que ela acordasse e voltar só quando ela estivesse dormindo. E como o previsto por Irene quando ela entra na sala Antônio inicia o seu interrogatório de forma direta e irritada.
— Onde você passou o dia inteiro, Irene? E que história é essa que eu tenho que ficar sabendo das saídas da MINHA mulher pela Angelina? — Antônio pergunta, irritado com a esposa depois de todas as fofocas que ouviu da funcionária.
Irene, por sua vez, não se deixou abater pelas acusações do marido, com um tom desafiador ela respondeu: — Boa noite pra você também, Antônio. É engraçado você vir me questionar agora, quando de manhã nem se deu ao trabalho de tomar café com a SUA mulher. — Ela desviou das perguntas do marido, provocando-o. — Aliás, desde a volta daquela mulher você não faz questão de fazer muitas coisas ao meu lado. — Concluiu, arqueando uma sobrancelha e encarando-o com firmeza.
E se Antônio estava irritado a provocação dela só aumentou ainda mais a raiva que ele possuía.
— Não me enrola, Irene. Eu te fiz uma pergunta, onde você estava? — Ele segurou o braço dela, trazendo-a para perto dele.
Irene demorou para responder, só pra ver até onde a raiva de Antônio iria, ela adorava vê-lo assim, totalmente possessivo por ela. Saber que ele ainda sentia ciúmes despertava sensações familiares em Irene, sensações que só ele era capaz de trazer.
— Eu estava com a Graça, fomos fazer compras para o enxoval do Danielzinho. Está feliz? Respondi sua pergunta? — Irene mente, ela sabia que ele não questionaria algo envolvendo o neto deles, e muito menos perguntaria a Graça se ela realmente estava com ela.
— Estaria feliz se não tivesse que ouvir que minha mulher está se arrumando toda e andando por aí fazendo sabe-se lá o que. Mas você fique sabendo Irene La Selva, que se eu sonhar, se eu imaginar que você está me enrolando, as coisas vão ficar muito ruins pra você. — Ele diz ainda próximo dela e segurando seu braço.
— Acho que você está me confundindo com sua ex esposa. — Irene provocou, sabendo exatamente o efeito que suas palavras teriam nele, e era exatamente isso o que ela queria. — Ela que te largou pra fugir com outro homem, e desde que essa mulher voltou, Antônio, você está diferente comigo.