perfectly wrong for me.

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Quem ama sente ciúmes.

Era a frase que ecoava na mente de Irene enquanto escutava o interrogatório do marido sobre a parceria da mulher dele com o geólogo. Antônio sempre fora ciumento, não sem razão a sua primeira esposa chegou ao ponto de fingir a própria morte para escapar dos ciúmes dele. Porém o ciúmes de Agatha era de uma natureza diferente, uma mistura de insegurança e medo, temia que a imaculada Agatha pudesse encontrar alguém melhor. Mas quando se tratava de Irene a razão por trás do ciúmes dele era clara, simples de ser nomeada: posse. Irene era dele, cada centímetro de seu corpo que ele já tinha passado horas decorando, beijando, mordendo e lambendo era dele, tudo pertencia a ele, os gemidos dela eram só seus, e se ele pudesse escreveria as iniciais do seu nome na pele dela para mostrar que Irene só pertencia a ele.

— Então quer dizer que você planejou tudo isso com a cumplicidade do geólogo? Do Vinícius. — Seus olhos buscavam desesperadamente qualquer indício de mentira nos profundos olhos castanhos dela, mergulhando esperando encontrar uma brecha que revelasse a verdade que tanto temia.

Antônio conhecia a mulher com quem era casado, como conhecia os recantos mais sombrios de sua própria alma. Sabia das crueldades que ela era capaz de infligir, das artimanhas sedutoras que há três décadas o cativavam e manipulavam. Consciente das muitas vezes que se deixou levar pela sedução da mulher que era apaixonado há 30 anos, que bastava-lhe  uma camisola e um colar no pescoço para que ele revelasse seus maiores segredos e não conseguisse dizer não pra ela, ele sabia que ela era capaz de matar se fosse necessário para conseguir o que queria, Antônio sabia exatamente com quem havia se casado. Mas diante da revelação do suposto golpe, ele se via em uma encruzilhada. Não sabia se realmente desejava desvendar os meandros de como Irene adquirira aquelas terras para presenteá-lo.

— E eu imagino que para isso você tenha tido muito tempo pra planejar juntamente com o geólogo esse golpe pelas minhas costas, que tenha tido encontros para arquitetar esse plano que você fez sem a minha permissão. — A voz de Antônio crescia em intensidade a cada palavra proferida, a raiva inflamando seu ser à medida que imagens da esposa conspirando com outro homem invadiam a sua mente sen sua permissão.

Quem ama sente ciúmes.

Era o mantra que ecoava em sua cabeça, uma verdade que ela se abraçava com fervor. Uma parte dela se regozijava com a reação de Antônio, alimentando a chama de satisfação toda vez que ele demonstrava seu ciúmes. Era um prazer sutil que crescia dentro dela ao ouvir o tom de desprezo em sua voz sempre que ele mencionava "aquele geólogo".

Recordava de quando eles se conheceram, como ele marcava o seu pescoço, seu colo e deixava as digitais de seus dedos na sua cintura para provar que ela pertencia a ele, lembrou vividamente que depois da primeira noite que ele teve com ela, Antônio perguntou a Cândida qual seria a quantia necessária para ter ela só pra ele, pagaria o que fosse preciso, ele seria o único pra ela depois daquela noite, só ele poderia estar no meio das pernas de Irene, só ele escutaria seus gemidos e provaria seu gosto, ela se tornou dele no primeiro beijo que trocaram.

— O que você está insinuando, Antônio? —  A indignação ressoava na voz dela, tão intensa que ele chegava a questionar se tinha motivos legítimos para desconfiar. Mas Antônio a conhecia profundamente, entendia-a como só se pode entender alguém após três décadas de casamentos. Ele poderia afirmar que, se ela tivesse nascido para uma profissão, seria a de atriz.

Admirava, ou temia, até, a habilidade dela em interpretar diversos papéis com maestria, como o da esposa ofendida diante de suas suspeitas. Mesmo assim, persistia em fitar os olhos escuros, buscando qualquer falha, por menor que fosse, que o fizesse acreditar na possibilidade de traição.

mine, all mine.  - antorene Onde histórias criam vida. Descubra agora