12 | Narração.

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Jungwon tocou a campainha da casa e aguardou pacientemente que fosse atendido, e Sunghoon, que estava terminando um trabalho de física, deixou os materiais de lado para poder levantar do chão da sala e ir até a porta, destrancando-a e abrindo logo em seguida, dando de cara com o namorado. Ambos esbanjaram um sorriso pequeno no rosto antes do Park dar espaço para que o mais novo entrasse, trancando a porta novamente e voltando a ficar sentado no chão com o Yang ao seu lado.

— Aqui, espero que coma tudo. – colocou a sacola com o mantimento em cima da mesinha de centro onde usava de apoio para suas coisas.

— Obrigado. – sorriu de canto e tirou o recipiente de dentro da sacola. — Você não quer?

— Não, não! Comi muito disso, já tô enjoado. – tocou a própria barriga e fez uma careta engraçada, Sunghoon riu alto. — Então, você tá fazendo atividades atrasadas?

— É um trabalho de física que o professor passou para ajudar a turma, sabe, caso alguém tire nota baixa na prova e sua nota do trabalho tiver sido melhor, ela acaba indo pro seu boletim como se fosse a nota da prova. – abriu o mantimento e viu algumas fatias de bolo, salgadinhos e as lembrancinhas junto de uma colher de plástico.

— Entendi. – pegou o caderno do Park para ver como ele estava se saindo, vendo que ele não conseguiu passar da primeira questão. — Você começou agora?

— Não. – respondeu de boca cheia. — Faz uns dias que tô tentando resolver, mas eu sou péssimo em exatas.

— Ele era quem te ajudava, né? – perguntou meio receoso, referindo-se a Jake.

Sunghoon assentiu devagar, levando um pedaço de bolo até a boca e mastigando preguiçoso; sempre que Jake se tornava um assunto entre eles ou qualquer outra pessoa, se sentia triste e relembrava do dia em que o Shim acabou com tudo.

— Bom, eu posso te ajudar! Minhas notas em física até que são boas, nunca tirei abaixo de seis. – tentou reanimar o rapaz quando viu seu semblante abatido, vendo-o dar um sorriso pequeno em seguida.

Esperou que ele terminasse de comer para poder ajudá-lo a terminar aquele trabalho, pesquisando um pouco sobre nos livros ou até mesmo na internet para ter certeza de que os cálculos estavam certos. Levaram quase o dia todo ali, não porque estava sendo difícil, até porque Jungwon sabia explicar bem e Sunghoon compreendia rápido, e sim porque eles se distraiam com sites que apareciam ou notificações que chegavam sobre coisas mais interessantes que o trabalho, e quando terminaram, era quase cinco da tarde. O Park fechou o caderno e jogou o corpo para trás, encostando no sofá.

— Cansei. Não quero mais ver números tão cedo. – disse dramático, Yang riu baixo.

— Quando são suas aulas de exatas? – perguntou enquanto guardava as coisas que trouxe novamente na sacola.

— Quarta-feira tenho três aulas seguidas de matemática no primeiro horário, na quinta-feira é dia de química depois do recreio e na última aula é física.

— Tenho duas de matemática logo na segunda. – fez um bico e cruzou os braços. — Química é na segunda também, logo depois que a professora chata saí, e física na terça de manhã.

— Eu me matava, sem brincadeira. – passou as mãos no rosto e soltou o ar. — Pensando seriamente em faltar amanhã.

— Por que?

— Não tô afim de ir. – deu de ombros e bocejou.

— Também não tô, mas preciso manter minha reputação de aluno exemplar que só falta em casos urgentes.

Sunghoon riu da fala do mais novo.

— Esse negócio de manter reputação é uma besteira, sem querer ofender.

— Não me ofendi! Mas isso meio que já virou rotina, sabe? Eu também não gosto de ficar com atividade acumulada. – encostou-se no sofá também e jogou a cabeça para trás. — Tá sendo difícil manter presença, porque além de estudarmos na mesma escola, Riki também é da minha sala e senta do meu lado.

— E por que você não muda de lugar? – virou o rosto para olhá-lo.

— Mapeamento, é obrigatório. – suspirou pesado. — O pior de tudo é que todo mundo sabe disso, e nem teria como esconder, afinal de contas. Mas ficam cochichando sempre que estamos ao lado do outro.

— Sabe o que você deveria fazer?

— O que?

— Mandar todo mundo ir tomar no olho do cu.

Não conseguiu conter a risada para a fala de Sunghoon, principalmente por ele ter dito de um jeito tão sério.

— Eu não consigo fazer isso por dois motivos: eu não gosto de falar palavrões e sou líder de turma.

— Foda-se?

— Você não entende.

— Não mesmo.

Ficaram em silêncio após isso, ambos fitando o teto e com o pensamento longe sobre tudo que aconteceu ultimamente. Sunghoon se sentia sem rumo, até porque, desde que conheceu Jake, o Shim se tornou sua bússola, guiando-o para o caminho mais seguro, e quando o perdeu, se tornou um pirata navegando em um mar sem saída, sem esperanças de encontrar uma ilha. E para Jungwon, Riki era um regador que banhava seu jardim, e agora, o verde se tornou cinza; as plantas estavam mortas.

— Nós deveríamos faltar amanhã. – Sunghoon quebrou o silêncio, ganhando a atenção do Yang.

— Por que?

— Porque sim. – o olhou de volta, sorrindo. — Podemos ir pra um lugar legal.

— E qual seria esse lugar?

— Se você for comigo, posso te mostrar.

Jungwon pensou por um momento. Não parecia uma má ideia, como também não era uma das melhores, mas com certeza seria melhor que encarar Riki em plena segunda-feira após a "conversa" que tiveram no dia anterior.

— Eu topo.

Still Into YouOnde histórias criam vida. Descubra agora