Still Into You

23 | Narração.

Era sexta-feira e Sunghoon estava trabalhando, faltando meia hora para seu expediente acabar. Ele anotava um pedido de uma moça com uma criança quando alguém entrou no café, e no momento em que levantou a cabeça para ver quem era, deu de cara com Jungwon.

Quando o olhar deles se encontraram foi como uma faísca ascender entre eles. O Yang sorriu tímido e Sunghoon retribuiu ao sorriso dele, logo indo em sua direção ao vê-lo sentar em uma mesa mais afastada das outras.

— O que vai querer hoje? – perguntou com um sorriso singelo no rosto.

— Uma fatia de bolo.

— Morango com chocolate?

Os olhos do mais novo brilharam ao ouvir aquilo, lembrando-se do dia em que contou ao Park sobre seu tipo de bolo favorito, e naquele mesmo dia eles tentaram fazer um – que deu errado.

— Isso mesmo. – sorriu mais uma vez e abaixou a cabeça quando ele voltou a olhá-lo.

— Mais alguma coisa?

— Um espresso.

Sunghoon anotou o pedido e avisou que já iria trazê-lo. Enquanto isso, Jungwon ficou pensativo sobre os últimos acontecimentos de sua vida e em como a ausência do Park mudou muito seu rumo e maneiras de pensar.

Mesmo que não gostasse de falar do seu passado, não se sentia estranho em falar sobre seu falso-ex-namorado para as pessoas. Sunghoon o ajudou bastante naquela época e tinha um lugar em seu coração.

— Aqui seu pedido. – a voz calma do loiro fez o mais novo afastar os pensamentos e olhá-lo. — Bom apetite.

— Espera! – o chamou quando percebeu que ele já estava se distanciando, mas se sentiu envergonhado quando ele parou para escutá-lo.

— Sim? – perguntou curioso, apertou o bloco de anotações apreensivo.

— Você quer... sair depois do seu expediente? – suas bochechas estavam vermelhas e pegando fogo de vergonha.

O coração de Sunghoon palpitou rápido e sentiu suas mãos suarem e ficarem trêmulas.

— Eu aceito! – respondeu animado e um pouco tímido por ter dito com tanta felicidade; não queria parecer emocionado.

— Vou te esperar então..

Dito e feito. Quando Sunghoon já havia tirado seu uniforme e pegado sua mochila para poder ir embora, Jungwon estava do lado de fora o esperando. Eles sorriram um para o outro e começaram a andar lado a lado pela calçada em completo silêncio.

Não sabia exatamente para onde queria levá-lo, só queria ficar perto dele e aproveitar o tempo. Sunghoon, por outro lado, não se importava para onde Jungwon o levaria; estar ao lado dele já era o suficiente para suprir a saudade que sentiu do mais novo nesses últimos três anos.

E como já era de costume, o Yang o levou até aquela barraquinha de sorvete que continuava no mesmo lugar de sempre, com o mesmo sorveteiro e os mesmos clientes de sempre. Ao chegar lá, o Park teve vários déjà vu.

— Eu quero um de creme. – o loiro pediu e recebeu sua casquinha.

— Vou querer um chocomenta. – pediu e também recebeu a sua casquinha.

Sunghoon fez uma careta para o mais novo, esse que não entendeu a reação do outro.

— O que?

— Chocomenta é horrível. – deu uma mordida no seu sorvete enquanto se sentavam na calçada que dava vista a um morro, e logo lá em baixo havia uma praia que também era possível ver.

— Eu também achei que era até um colega de quarto me oferecer. – mordeu o seu sorvete e ficou olhando para a bela vista. — Não julgue o livro pela capa.

O maior o olhou ao ouvir as suas palavras e riu nasal.

— Eu já provei uma vez, mas não gostei. – disse fechando os olhos quando um vento bateu em seu rosto.

— Eu só gostei quando provei na segunda vez. – levou o sorvete na direção do Park.

— Dispenso. – afastou a casquinha. — Prefiro o meu de creme.

Jungwon deu de ombros e voltou a deliciar o seu chocomenta. O Park terminou o seu e limpou suas mãos com o guardanapo, esquecendo completamente de limpar o rosto sujo. O menor o olhou de relance e conteve a risada ao notar o canto dos lábios dele sujo.

— Você parece uma criança. – disse se aproximando do loiro e usando seu guardanapo para limpar o local sujo.

As bochechas do mais velho ficaram vermelhas com a proximidade deles, seus olhos estavam levemente arregalados e suas mãos começaram a suar. Jungwon notou a tensão dele e intercalou o olhar entre a boca e as orbes do Park. Parecia que só havia eles dois ali, as pessoas que passavam por lá não importavam mais.

— Você tem certeza que não quer provar o chocomenta uma segunda vez? – perguntou quase em um sussurro, estava se aproximando cada vez mais dele.

— Eu acho que não seria uma má ideia provar.

Os centímetros de distância que eles ainda tinham não existia mais. Os lábios se tocaram de imediato e as borboletas no estômago de ambos fizeram a festa, e seus corações eram a batida da comemoração. A mão trêmula do Park subiu para a nuca do mais novo e segurou ali como se não quisesse que ele se afastasse — e ele não iria.

Jungwon segurou nos ombros largos do mais velho e o puxou para mais perto no momento em que pediu passagem para usar a língua, sendo concedida o mais rápido possível. Os pelinhos de sua nuca se eriçaram quando o Park mordeu seu lábio inferior e o puxou para si, deixando-o um pouco vermelho pela força usada.

As respirações estavam ofegantes e as bochechas vermelhas por terem se beijado em público. As borboletas estavam menos agitadas e eles se sentiam satisfeitos por terem feito aquilo. Sunghoon tocou a bochecha do Yang e fez um carinho ali com o polegar.

— Eu acho que te amo.