Capítulo Doze

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Por favor, que Agatha não esteja acordada.
Por favor, que Agatha não esteja acordada.

Wanda se dera conta, assim que as duas chegaram ao estacionamento atrás do prédio dela, que era melhor ter sugerido que elas fossem para a casa de Natasha. Natasha não dividia o apartamento com ninguém, mas Wanda já fizera o convite e não tinha coragem de tentar retirar parte do que sugerira, por medo de parecer que estava tentando retirar tudo que sugerira.

O que não era o caso. Nem de perto, não agora, não quando aquele relacionamento nebuloso entre elas finalmente começava a tomar forma e se tornar algo real.

Virando a chave, Wanda abriu a porta e espiou a sala escura. Todas as luzes estavam apagadas, com exceção da luminária em formato de abacaxi na bancada de café da manhã, a mesma que elas sempre mantinham acesa durante a noite, não importando o que acontecesse.

Suspirando de alívio por sua sorte, Wanda deu mais alguns passos pelo apartamento, indicando para que Natasha a seguisse.

Natasha já tinha ido lá, mas só uma vez, e não passara do batente da porta. Agora, seus olhos faziam uma inspeção curiosa da sala de estar minúscula.

De vez em quando ela parava, concentrando-se nos diversos cacarecos espalhados nas superfícies, lembrancinhas e recordações preciosas que Wanda e Agatha tinham acumulado. Era justo, afinal Wanda também tinha tomado seu tempo se familiarizando com o mobiliário austero de Natasha.

O apartamento de Wanda era bem mais colorido. E bagunçado. Um porta-alfinetes em formato de sushi estava próximo demais da beirada da bancada da cozinha. Havia fotos em molduras de tons pantone vívidos penduradas tortas nas paredes e um vidro de tempestade em formato de nuvem no parapeito, os pontos pequeninos no líquido prevendo neblina. Uma tapeçaria enorme com a roda do zodíaco ocupava a maior parte da parede ao lado do sofá. Sapatos estavam empilhados ao lado da bancada da cozinha, a maioria de Wanda, exceto por um par de botas que pertencia à Agatha. Bem no meio da sala, havia uma única meia largada, e Wanda não se lembrava de jeito nenhum como aquilo tinha ido parar ali.

— Imagino que não tenha se mudado há pouco tempo – disse Natasha, dando um sorrisinho irônico por cima do ombro.

— Haha. Não. Eu já moro aqui há… quatro anos? Cinco?

— Com Agatha? – perguntou Natasha.

— Com Agatha.

Natasha olhou pelo cômodo e indicou com o queixo o bonequinho de astronauta na estante de livros, arqueando uma sobrancelha.

— E onde está Agatha?

Wanda apontou por cima do ombro com o polegar.

— Provavelmente no quarto dela.

Seu estômago deu um salto mortal quando Natasha assentiu de novo e deu um passo para mais perto dela, os polegares enfiados no bolso da frente.

Casual, elegante. Os passos nem vacilavam conforme ela colocava um pé diante do outro, parando a menos de meio metro de Wanda.

— E o seu quarto fica…?

Wanda puxou o lóbulo.

— Também no final do corredor. Não confunda com o banheiro. Não que meu quarto se pareça com um banheiro, só que você levaria um susto se por acaso confundisse os dois. Basicamente, fica tudo no final do corredor. É pequeno. O apartamento.

— Posso ver? – perguntou Natasha, prendendo uma mecha de cabelo atrás da orelha.

Wanda girou os anéis de seus brincos de Netuno.

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