Capítulo Dezesseis

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— Eu achei que ficou… legal.

Wanda inclinou a cabeça de lado, analisando a árvore, não que houvesse muita coisa para analisar. Nenhum dos enfeites combinava entre si — um jipe de glitter cor-de-rosa pendurado ao lado de um floco de neve e, diversos galhos abaixo, um globo de neve batendo numa meia de feltro e um tenebroso elfo de papel-machê. Pelo menos a árvore tinha vindo com seu próprio pisca-pisca, sem nenhuma lâmpada queimada.

Natasha devia ter apertado algum botão do interruptor, porque as luzes cor de âmbar piscaram e de repente a sala foi banhada por um arco-íris de cores. Lâmpadas cor-de-rosa, azul, laranja e violeta piscavam dos galhos, como alfinetadas coloridas de luz.

— Isso é…

Natasha jogou a cabeça para trás e gargalhou.

— Eu amei.

Para alguém que parecia ter um poço sem fundo de recursos de onde abastecer, Wanda estava completamente à mercê quando se tratava de Natasha. No sentido de que não havia cura para como ela estava se sentindo. No sentido de que, toda vez que Natasha ria, parecia que ela era pega de surpresa pela própria alegria, e o coração de Wanda derretia como manteiga. No sentido de querer fazer Natasha rir com tanta frequência que a novidade da alegria até passaria em algum momento, mas nunca perderia o apelo. Wanda estava à mercê de Natasha, e não queria ser resgatada.

Ela segurou a manga de Natasha, puxando com força conforme se ajoelhava diante da árvore.

— Vem cá. Desce aqui.

Sem reclamar, Natasha se abaixou e olhou para Wanda, erguendo uma das sobrancelhas como se para perguntar “o que é agora?”

Seguindo seu exemplo, Wanda foi descendo na direção da árvore e se deitou de barriga para cima quando viu que tinha espaço para fazê-lo sem bater com a cabeça. Serpentear por baixo dos galhos mais baixos era um feito difícil, mas ela o fez sem esbarrar num único enfeite.

Ficar olhando de baixo para as luzinhas nos galhos não tinha a mesma graça de quando ela era criança, decerto porque aqueles galhos estavam meio que vazios, mas ainda assim era bom. Ainda mais quando ela apertava os olhos e as luzes piscavam como estrelas. E ficou melhor quando Natasha se juntou a ela, aninhando-se e entrelaçando os dedos nos dela.

— Eles não fazem isso em Grey’s Anatomy? – sussurrou Natasha.

Wanda riu baixinho.

— Sim, mas eu fiz primeiro. Eu fazia o Pietro e a Jean se enfiarem embaixo da árvore comigo. Minha mãe ficava louca, porque desarrumávamos o tapete sobre o qual a árvore ficava montada, e depois a gente espalhava agulhas de pinheiro pela casa toda.

— Yelena e eu nunca entramos embaixo da árvore, mas eu me lembro de tentar subir nela uma vez.

— O quê?

— Bem, nós esquecemos de colocar a estrela do topo – disse Natasha, que deu de ombros e esbarrou no de Wanda. — Acho que eu vi aquilo como um erro que precisava ser consertado e Yelena era menor que eu, então eu meio que… a coloquei lá em cima.

— E ela ficou bem?

— Claro. Eu jamais a deixaria cair. Além do mais, a vovó pegou a gente no flagra assim que a levantei.

Wanda riu, os músculos da barriga queimando ao tentar imaginar a pequena Natasha colocando Yelena no alto de uma árvore de Natal só por causa de um enfeite. A folhagem de plástico do galho mais baixo pinicou seu nariz, uma agulha solitária dando um jeito de entrar por uma narina. Wanda sentiu uma queimação suspeita no nariz e droga. Seria péssimo se ela…

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