Cap. 11 - Mais um fora?

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Lobo 🧨

Cê é louco, acordei hoje na tranquilidade e fui logo tomar café da manhã no bar da dona Luzia, onde pra minha sorte é onde a loira trabalha. A mina foi marrenta como eu já esperava, mas no final ela caiu no papo do pai. Não sou de levar mulher pra dar pião por aí, mas tô ligado que a Maria Luíza não é as putas que eu costumo comer por, pelo menos é o que ela aparenta e o que o Pepê diz. Inclusive me pergunto como nunca vi eles dois juntos ou não liguei de saber quem era a mina que ele falava de vez em quando que era mermo que ser uma irmã pra ele. Na real, eu sei sim, não sou de ficar querendo saber da vida dos outros, a não ser que seja da minha família ou se for relacionado ao meu morro.

Agora estou aqui na minha sala, botando o balão pra subir legal enquanto os caras me passam a visão de como andam as coisas. Ser dono de algo tão grandioso assim, é uma responsabilidade fodida e se não existirem pessoas em quem eu possa confiar, pra fazer isso tudo girar, o bagulho iria ser bem mais complicado. Os moleques estão comigo na caminhada desde o começo, exceto pelo RC, mas o cria vem se mostrado eficiente e leal. Prezo pela lealdade, então se vier de trairagem , a parada fica louca, por isso tenho poucos de confiança, são eles que dão suporte e que passam a visão se tiver algo suspeito. O João Pedro é amigo meu desde pivete, o pai dele era braço direito do meu coroa assim como ele é o meu, nós dois crescemos no meio de tudo isso, já metemos o louco juntos milhares de vezes, ele é o cara que eu mais confio entre os quatro patetas.

A noite chegou e agora estou estacionado no coração do morro, onde tem uma puta vista do complexo. Fazia um tempo que não brotava por aqui, apesar de gostar pra caralho desse lugar, pela vista e por ser bem parado. Observo a mina descer olhando tudo ao redor, ela tá uma puta gostosa como sempre e agora que sei que ela estuda moda, fez mais sentido o jeito que ela se veste. Malu tem a essência de se vestir das crias da favela, mas ela tem um estilo moderno, que deixa ela sexy pra caralho mas sem parecer uma vadia. Será que essa porra fez sentido?

A vista daqui de cima é linda demais e as vezes até esqueço.

—É lindo! — diz parecendo realmente impressionada, se encostando no ferro que protege das pessoas caírem lá embaixo — Nunca tinha subido aqui! — fala relativamente baixo, mas eu escuto muito bem.

—Gosto de vir aqui e ver minha quebrada — digo orgulhoso, papo reto, é bom se sentir poderoso — além da minha casa, aqui é um ótimo lugar pra se ter paz.

—Pensei que tu morasse na mesma casa que a Day — fala genuinamente, não parece ser curiosidade.

—E moro — falo penas isso. Não gosto muito de falar sobre mim, ainda mais com uma mina que eu só quero passar um pente — Mas me diz aí, porque moda? — falo pegando um Back no bolso da bermuda preta e sentando no banco de alvenaria que tem aqui, quero que ela fique mais à vontade comigo, então mesmo que eu não ligue muito pra o que ela venha a falar, tenho um objetivo e só por isso não mandei puxarem a ficha dela. Ela senta um pouco afastada de mim.

—Sempre gostei de moda. Quando era pequena, amava ficar trocando as roupas das minhas bonecas e depois quando fui crescendo, comecei a desenhar roupas que vinham na cabeça ou que eu via por aí — suspira parecendo lembrar — Quando terminei a escola, o Pepê insistiu em pagar minha faculdade de moda, me incentivou nessa minha coisa com roupas, mas meu sonho mesmo é trazer estilo aqui pra favela. — fala dando um sorriso que mostra que ela quer mesmo isso — Quero desenhar roupas como essas que estou usando e vender por um preço acessível para pessoas daqui, mas isso é coisa pra bem mais na frente, precisa de grana e estou juntando ainda — os olhos da mulher chegam a brilhar quando ela fala sobre essa parada e me surpreendeu saber que ela quer tudo isso, mas aqui mesmo, na favela. E porra, eu escutei ela falar numa boa, que parada sinistra!

Entre amor e armasOnde histórias criam vida. Descubra agora