Cap. 02 - Maria Luíza

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Malu 🐰

Viro de bruços na cama, naquele estado em que o sono está leve, entre o dormir e o acordar, viro o rosto pra o outro lado abrindo os olhos, os focando na pequena penteadeira encostada na parede ao lado da porta. Suspiro esticando o braço pra pegar meu celular que está na mesinha de cabeceira, vendo que são 9:30h e que minha mãe já deve ter ido trabalhar.

Dona Leila é uma técnica de enfermagem dedicada e batalhadora, trabalha num hospital perto aqui do complexo que foi onde me encontrou quando ainda era uma bebê e também dá uma moral na UPA aqui da comunidade. Sou muito grata por ela ter me adotado e cuidado de mim, me dado todo o amor que uma mãe pode dar a uma filha. Minha mãe é uma preta linda e já passou por poucas e boas, pelo simples fato de ter uma filha loira de olhos azuis, o que leva a grande maioria das pessoas, presumirem que ela é minha babá e hoje em dia as vezes acham que ela é minha empregada ou algo do tipo, isso me machuca demais. Na grande maioria das vezes, sempre esculacho com esse racistas de merda e outras minha mãe me segura.

Eu sou uma mulher em sua maioria, calma, porém odeio preconceito e injustiça. Tenho personalidade forte, sou carinhosa, amo ler contos eróticos — não me
julguem — , adoro dançar e sou apaixonada por moda. Quero muito ter minha própria loja de roupas, aqui mesmo no morro, o povo daqui merece roupas bonitas e estilosas, mas meu sonho é ser mãe um dia, dar ao meu filho o mesmo amor que minha mãe me deu e que a biológica aparentemente se negou a me dar.

Sou estudante de moda numa faculdade particular e não, não ganhei bolsa, isso foi um "presente ", dado com muita insistência pelo meu irmão de consideração, João Pedro, mais conhecido como Pepê. Nos conhecemos quando eu tinha 15 anos e ele 19, ele já era envolvido mas nunca me importei, pois ele é um cara incrível com os que se importa. O João morre de ciúmes de mim... dá graças a Deus por eu ser caseira — mesmo que viva me chamando pra sair — e morre do coração, cada vez que arrumo um bico de modelo e posto alguma foto mais ousada, porque segundo ele, eu sou uma princesa de tão linda e os machos ficam todos babando em mim. Morro de rir com esse ciúme bobo dele e apesar disso, ele não se mete nos meu bicos, pra falar a verdade, ele me diz que tem orgulho por eu ter meus corres.

Suspiro me levantando da cama e saindo do quarto para ir ao banheiro, tomar um banho frio pra aplacar com esse calor do Rio. Minha casa é simples e isso implica em dois quartos no andar de cima , uma suíte e o outro não, óbvio que o quarto melhor é da minha rainha e no andar de baixo, fica uma sala com cozinha americana que leva pra um pequeno quintal. É uma casa boa pra duas pessoas.

Depois do banho e tudo o mais, passo óleo corporal com cheirinho de lavanda e flor de sândalo, prefiro óleo ao hidratante, porque não fica preguento e o cheiro fica mais impregnado no corpo. — amo esse cheirinho que inclusive, combina com meu shampoo, condicionador e hidratação — depois passo desodorante, visto uma calcinha pequena de algodão, mas nada de fio, ponho um short folgadinho também preto e um top estilo nadador lilás. Passo live in no cabelo, penteio deixando ele todo pra trás e desço pra ver o que posso fazer pra o almoço.

Minha mãe deixou bife descongelado, então vai ser bife, arroz, feijão e batata frita. Vocês devem estar pensando: " Vai comer isso tudo sozinha?" , bom, apesar de comer bem, eu faço a mais porque sempre aparece alguém pra comer comigo, as vezes é o Pepê e outras vezes são minhas amigas Dayse e Bianca. Nos conhecemos desde a escola e somos muito amigas, elas são maluquinhas e vivem querendo me arrastar pra os bailes, mas acho que só fui umas duas vezes. Não é que eu não goste de festa, na verdade eu adoro funk, pagode, adoro balançar a raba, beber uma vodka com minhas amigas, mas meus focos sempre são, estudar e meus bicos. Isso rende muito falatório, não só das meninas, como da minha mãe e até mesmo do João Pedro, que diz que preciso ver o sol, — principalmente eu que sou apaixonada por praia. Ai como eu amo o mar! — que preciso sair, conhecer gente.

Entre amor e armasOnde histórias criam vida. Descubra agora