Cap. 14 - Invasão

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Lobo 🧨

Irritado!

Extremamente irritado e tenso com essa porra. Não, minha tensão não é por mim, querendo ou não eu escolhi estar aqui, escolhi viver no crime e desde muito novo sei que essa vida só tem dois fins, a meta é continuar livre de grade e vivo, mas minha família e os moradores não precisam passar por essas merdas sacô? Os canas quando entram em comunidade, eles podem até ter o alvo, na teoria, que é acabar com nós, mas quando os merdas conseguem passar da contenção, eles simplesmente metem bala em qualquer coisa que se mova, entram em casa de gente de bem botando medo em geral, dizendo eles, que tão só fazendo seu trabalho, que essa patifaria do caralho é pra encontrar bandido, aí eu pergunto: e pra encontrar nós, precisam matar gente inocente? Solto o ar bufando de raiva com o pensamento.

Essa semana toda tá sendo de estresse, mas desde domingo que um informante cantou a pedra de que os cú azul tão pra invadir meu morro e desde então as coisas andam tensas por aqui. A prioridade é proteger minha favela, proteger o povo, então nada de morador andando por aí depois das 18h, nenhum comércio aberto, reforcei a barreira no pé do morro, reforcei a segurança das bocas, da entrada de trás que mesmo sendo escondida, é melhor prevenir. Prefiro ser precavido! Botei os olheiros tudo em atenção total nessa porra e quero fogueteiro botando alerta pra o céu antes dos tiras pensarem em subir. Povo não dá valor pros moleques que ficam de olho, mas se eles forem bons nesse papel, além de ajudar a conter a polícia de subir, também evitam de chegarem nas bocas e em mim. Eu sou o tipo de chefe que luta ao lado dos soldados, mas tenho noção da minha importância e é por isso, que nessas ocasiões eu não me meto lá pra baixo não, meus crias são treinados pra momentos como esse, e sabem que a meta é não deixar subir, mas se conseguirem avançar podem se preparar, porque vão ter que lidar comigo e eu sempre vou tá com sangue nos olhos pra matar esses filhos da puta do caralho.

Quando o morro está sob ameaça de invasão, seja de polícia ou morro inimigo, os mano ficam mais atentos e sem muita brincadeirinha, é por esse motivo que não costumo cortar tanto a brisa deles, principalmente do Pedro quando ele tá de palhaçada. A vida que a gente leva tem seus bônus, mas também seus ônus e a gente vive sob pressão, nunca se sabe o que porra pode acontecer, tem sempre que tá com o olho aberto e confiar desconfiando, por isso só confio de olhos fechados em três, o RC eu confio mas ele corre comigo a menos tempo, então é normal que eu ainda deixe ele de fora de alguns assuntos, mesmo que ele já tenha seu lugar do nosso lado.

—Aew Lobo — Pepê entra na minha sala sem bater, já falando — vai ter baile mesmo não né? Porque eu passei a visão pra geral já.

—Tem clima pra fervo não Pepê, mesmo que os canas invadissem agora, tu sabe como isso aqui fica depois de invasão. Prefiro fazer festa quando ver que tudo tá mais calmo. — explico, bolando um back maneirinho e logo botando o balão pra subir. Papo reto, bagulho me acalma como nada no mundo!

—Já é, concordo com tu — ele senta na cadeira da frente da mesa — Foda a gente não saber que dia esses fodidos tão pensando em vim pra cima de nós — diz bolado.

— Nós tamo preparado, os cria tão tudo na atenção, a segurança da nossa família já foi reforçada, tamo com armamento top de linha, tem o que fazer mais não — falo soltando a fumaça pra cima — Deixa esses arrobados vir, vão levar bala!

—Pode pá — ele fala parecendo meio pensativo.

Em momentos assim, geral fica mais centrado, o humor fica abalado por causa da tensão. É foda, tem muito o que fazer não, o que tinha pra fazer já foi feito, agora é esperar os cú azul.

Noite chegou, mais um dia que aparentemente nada vai acontecer, mas tu vai baixar a guarda?Porque eu não! Deixei tudo no esquema, se acontecer algum bagulho eu me preparo rapidão. Me jogo na cama com um cansaço mental do caralho, cê é louco, rapidinho o sono me pega.

Entre amor e armasOnde histórias criam vida. Descubra agora