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"O fato de o mar estar calmo na superfície
Não significa que algo não esteja acontecendo
Nas profundezas.

 

                   –O Mundo de Sofia."
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                  alguns meses antes.

Se de alguma coisa eles tinham certeza, era que naquele dia, o jovem príncipe passou pelos sete infernos.

O corpo do garoto reagiu aos mínimos toques causados pela aproximação humana, seus choros eram tão frequentes, tão ardentes quanto a própria pele que latejava. Seus gritos ressoavam por todos os lados, causando estremecimentos nos pupilos do Meistre. Cada um continha uma reação diferente, nojo, ânsia, repulsa e pena. Mas o Meistre, não, ele não. Meistre Pycelle estava admirado, com uma grande sede por conhecimento, enriquecendo seus sentidos.

Era-se impressionante, o velho ancião tocou a pele pálida com extremo cuidado, tendo de imediato o grito e a ardência em sua mão. Ele a encarou com um sorriso sádico. Um brilho em seus olhos revelou suas intenções maldosas.

Ele fez vários experimentos, começando a retirar o sangue em grandes quantidades, logo após enfiar a agulha, a sentiu esquentar. Os separou em pequenos potes para testá-los em substâncias diferentes mais tarde. O velho pegou um alicate e o pressionou bastante unhas, cortando para fora, ele não fez com o devido cuidado pois respingos de sangue saíram pelas laterais dos dedos machucados. Um pequeno pensamento passou sobre sua mente, ele pegou um bisturi, pressionando na pele pálida, nada aconteceu, nem um grito ou choro. Isso o intrigou, ele pediu para que trouxessem um servo

Não tardou muito para chegar, ele observou a postura retraída do pobre servo, então um sorriso cresceu. Logo ordenou que os pupilos segurassem o servo e o trouxessem para perto da cama. Eles o olharam confusos mas acataram sua ordem sem contraí-lo. Ele pegou a mão calejada do menino, vendo-o tensionar seu corpo.

Então colocou a mão dele no corpo flamejante.

O velho ancião cantarolou, deliciando com ambos gritos. - incrível… em todos meus anos de trabalho como Meistre, nunca ocorreu-me que iria colocar minhas mãos em um caso como esse - exclamou sorridente após pressionar a mão do servo com mais força. Induzindo mais gritos. Ele observou ambas reações, Aemond não chorava, apenas emitia gritos ardentes que aumentavam a temperatura do ambiente, parecendo que um dragão soltou seu bafo quente neles. Mais uma vez o Meistre se via intrigado.

Então ele olhou para o servo, captando rapidamente o desespero e a angústia em seu rosto, como também as lágrimas abundantes.

-Meistre Pycelle… - um pupilo o retirou de seus devaneios, seu olhar recaiu sobre ele -  não acha que o príncipe já sofreu o suficiente?

A sala pesou sobre o olhar julgador de seu senhor. Todos temendo o pior - o que quer insinuar? - ele disse, acabando por soltar a mão do servo que orou para os deuses. O silêncio grotesco fala mais alto que uma sala barulhenta.

-não estou querendo insinuar nada, meu senhor, só queria o alert-

O pupilo fora brutalmente interrompido pela voz severa do Meistre – acha que pode fazer meu trabalho melhor? - questionou, recebendo um balançar de cabeça desesperado.

-nã-não meu senhor, jamais cometeria tal-

–ou talvez queira vir aqui e tomá-lo?  - ao terminar, mais uma vez o silêncio reinou, nada fora dito por milésimos segundos sendo apenas interrompido pela respiração profunda do príncipe. Meistre Pycelle contínuo, mantendo o desprezo na ponta da língua. – estou fazendo o máximo que posso para identificar o que impregna no corpo de vossa alteza, estudando-o e fazendo pequenas observações no meu livro - os olhos dos pupilos designaram para a estante, vendo o livro velho ao lado das ferramentas - eu vim aqui para ajudar a encontrar uma cura ou uma possível solução, não para obter opiniões de meros pupilos que mal saíram das fraldas.

SANGUE E FOGOOnde histórias criam vida. Descubra agora