Os caminhos entre sua majestade e o templo dos sete se cruzaram como água, perfeitamente potentes um com o outro. Alicent se ajoelhou ficando de frente para as velas acendidas por terceiros, cruzou seus dedos e fez uma oração silenciosa para mãe abençoar o nascimento do terceiro filho da princesa.
Rhaenyra não poderia continuar confinada em seu erro, os lordes tem olhos, o povo tem olhos. Ninguém poderia esconder a verdade ao olhar os dois meninos que tivera, todos sabiam de onde vinha seu verdadeiro pai, quem era.
Ela orou ferozmente para que o bebê nascesse de cabelos platinados e não um castanho claro, seus lábios se abriram – O pai, a mãe, a donzela, a anciã, o guerreiro, o ferreiro – ela hesita momentaneamente - e o estranho. Guie-a ao caminho correto, mostra-a a verdade e conceda sua misericórdia, pois ela esqueceu seus ensinamentos por extraviar em seus erros e preferir crer na desafeição contra vós…
Seus joelhos estavam doloridos, porém ela permaneceu em uma oração silenciosa, desejando o amor entre seus familiares, a orientação em seus caminhos e a busca pelo amor dos sete em suas vidas.
Ao terminar, acendeu uma vela no meio de muitas. O peso sobre seu peito caiu abrindo caminho para a paz que tanto precisava, mas ela sabia que não seria duradouro, pois no momento em que colocasse seus pés fora do templo o peso subiria em demandas.
Alicent desejou por um momento ser uma irmã da fé, desejou que seu pai a colocasse nesse caminho e não ao destino cruel nos laços de sangue real, mas por um breve momento, antes que a noção voltasse e o aperto entre seus dedos doesse ao ponto de interromper seus pensamentos.
Ela não deveria pensar de tal forma, graças ao seu pai que tinha um marido gentil, graças ao seu marido veio seu bem mais precioso, seus filhos.
Ela deveria estar grata com a vida que levara, deveria.
Seu casamento trouxe várias bênçãos para sua família, como também para si. Ela era rainha, um papel importante para as ladys, este que ela conseguiu conquistar em meio às intervenções de seu pai. Seus caprichos a tornaram rainha.
Ela se tornou mãe, tanto para o reino quanto para seus filhos.
Oh
Seus filhos, suas maiores conquistas em todo tempo que passou ao lado do rei.
O seu primogênito, Aegon, aquele que o rei desejou tanto ao ponto de matar sua ex esposa. Logo depois veio a preciosa Helaena, doce e bela menina.
Por um tempo, Alicent se permitiu pensar que a menina era sua. Uma vez ouviu de sua mãe que o filho nasceu para o pai e a filha nasceu para a mãe. Tola ilusão, seu pai tinha outros planos para a pequena menina assim como teve para ela.
Então nasceu Aemond, quarto do rei e terceiro da mãe. Alicent se recorda do quão difícil foi para tê-lo, diferente dos primeiros, Aemond parecia se recusar a nascer, os Meistres temiam pela vida do menino e Alicent se pedia em gritos e orações fortes.
Foram momentos de muita dor, os Meistres lhe dizendo para empurrar mais, o medo de perder-lo, medo de morrer, com o tempo os sentimentos se misturaram até que não restasse nada além do sangue e lágrimas.
Até que ouviram o choro desesperado soando pelo quarto, um grito fino de um recém nascido, os Meistres confirmaram que era um menino e Alicent teve que engolir a decepção pois esperava que fosse uma menina para poder chamar de sua. Ela pegou a criança com cuidado e assim que o menino sentiu seu calor parou de chorar, a espantou, pois nenhum de seus filhos tinham feito antes, eram tão escandalosos no início.
Aemond era diferente, ele abriu seus olhos e passou a observá-la com seus olhos lilás cintilantes. Desde então, Aemond virou o filho nascido para ela.

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SANGUE E FOGO
Romance" O Rei Jaehaerys disse-me um dia que a loucura e a grandeza eram dois lados da mesma moeda. "Sempre que um novo Targaryen nasce" disse ele, "os deuses atiram uma moeda ao ar e o mundo segura a respiração para ver de que lado cairá. mas... O que ac...