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    "Sempre achamos que vamos ter mais
           tempo. E ai, o tempo acaba.
                          
                           The walking dead"

                           
                              Essos

O vento acariciava com grandeza seus habitantes. Era um belo dia, os moradores assim pensaram, mas os sinos do templo soaram os alertando, o barulho encheu o vilarejo e os moradores dele saíram e começaram a caminhar até a fonte. Faz tempo, mas quando o sino soava, só poderia significar uma coisa: os deuses deixaram uma mensagem.

A anfitriã vermelha reuniu-se com seus irmãos, todos estavam em volta da irmã Cassandra como vermes, era uma das videntes entre eles. Ousavam dizer que suas visões superaram a do último Sacerdotal profético, que logo seria a próxima a assumir seu lugar…

Parecia que os deuses tinham outros planos para a pobre Cassandra.

O cheiro de sangue puro encheu suas narinas, ela se aproximou e viu o próprio caos formado. Cassandra teria arrancado seus olhos com as próprias mãos, ela estava curvada em seu sofrimento enquanto o sangue escorria e deixava o carmesim acumular no corpo. Olhando para cima, pode perceber várias escritas em desordem, feitas às pressas, mas deveriam ter um significado importante. assim ela presumia.

Os irmãos pareciam que viram a face do próprio inferno, não era de se admirar, Cassandra fez um belo cenário para os novatos, a anfitriã sorriu, eles não estavam acostumados com o amor dos deuses com seus súditos. Claro, os deuses não queriam sangue ou perdas, longe disso, mas a comunicação deles com o povo era difícil e para conseguir mantê-los algumas coisas deveriam ser sacrificadas… como os olhos da querida Cassandra.

De repente, a jovem começou a gritar em tamanho desespero, horrorizada com algo que via através de seus olhos arrancados, desesperadamente enfiou os dedos dentro das órbitas, conseguindo que mais sangue saísse. Ela voltou a escrever sem um ritmo certo. Era fato que a pobre menina não conseguia acompanhar.

-minha querida irmã… - interviu Missandei, tocando-a no ombro. A menina estava apavorada, ela virou o rosto ensanguentada para a anfitriã fazendo com que mais sangue saísse das órbitas, era nítido a angústia. Mesmo assim continuou. – me diga, o que te impede? Você foi ferozmente preparada para esta ocasião, todos os dias treinou incansavelmente, se tornou uma devota com um propósito. Servir aos deuses, e eles te escolheram. Mas, sua conduta diz contra tudo que te ensinamos e preparamos…

–lembre-se: quando chegar o momento, o que podes fazer é manter-se calma e controlar a situação. Me diga, está fazendo o que lhe ensinamos? - ela descolou a mão até o queixo da menina, a trazendo para mais perto. Cassandra sentiu seu corpo ridiculamente quente começar a esfriar ao toque da anfitriã. – Está cumprindo sua promessa?  - Cassandra assentiu, espremendo os lábios. –sim querida, mas os deuses têm seus limites, eles poderão ficar irritados ao perceberem que erraram em seu julgamento ao conceder a mensagem, pensaram que era fraca e imprudente. Tiraram seu dom e cortaram os laços com o nosso povo, pois deduziram que éramos fracos de espíritos e que não era o tempo certo para tais profecias.

Os irmãos observaram calados as palavras duras da sacerdotisa, eles não poderiam ir contra o julgamento de Missandei, ela era a anfitriã da sabedoria e destreza, os deuses lhe concederam tal dom. – e quem será a culpa? - ela aponta indiretamente, mas seus olhos revelarão quem, uma pena que a menina não pode ver. – quem iremos culpar por seu deslize, seu fracasso que nos levaria a ruína…?

– e-eu minha senhora…. – seus sussurros não passaram despercebidos, a garganta da menina estava fechada, dificultando a passagem das palavras.

Mas não era o suficiente para Missandei.

SANGUE E FOGOOnde histórias criam vida. Descubra agora