princesa

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GUSTAVO MIOTO
NARRANDO

Acordei com uma enorme dor de cabeça.
Aproveitei que hoje era minha folga e saí ontem a noite com o Murilo para uma balada.

Levanto e vou até o banheiro. Tomo um banho e faço minha higiene. Visto um short de moletom cinza, uma regata preta e um tênis preto.

Vou até a sala e encontro Jack me esperando.

- Bom dia garotão- Digo fazendo carinho em sua cabeça. O mesmo late em forma de cumprimento.
Pego a ração e coloco um pouco em sua vasilha.

Vou até a cozinha e faço pão na chapa e passo um café preto. Depois de comer eu coloco Jack na coleira, pego minha arma, distintivo e mochila para por nossas coisas e vou fazer caminhada.

[..]

Dou uma parada na caminhada para beber água.
Como esqueci de trazer a garrafa tive que comprar em uma vendinha.

Enquanto eu bebia a água, Jack latia muito para um beco.

Ele era um cachorro treinado pela polícia, então eu sabia que ele não latia para coisas bobas.

Rapidamente vou ao lugar que ele indica e fico estático com o que eu encontro.

No fundo do beco é possível ver um corpo cheio de sangue deitado no chão, não dava para saber se era homem, mulher ou criança. Podia ser um morador de rua.

- Merda- Exclamo baixo.

Mas só de pensar de ir embora e deixar a pessoa ali meu coração se aperta. Estranhando a sensação eu saco a arma e me aproximo do corpo.

Assim que chego mais perto eu identifico que o corpo é de uma mulher. Depois de verificar se não tinha mais nada lá eu me aproximo da pessoa.

Não dava para ver seu rosto porque seus longos cabelos castanhos o cobriam.

Afasto o cabelo do pescoço e checo se estava viva.
Ainda respira.

Por mais que a respiração tivesse fraca ela ainda estava viva.

Rapidamente ligo para o SAMU e espero eles.

Observo o corpo da mulher a minha frente e percebo os muitos hematomas que ela tinha pelo corpo. Além de sua blusa rasgada que quase a deixava nua.

Tiro minha camisa e coloco em cima da mesma para a blusa rasgada não mostrar seu seios.

Ligo para Murilo que estava na delegacia e espero a viatura e a ambulância.

Ver aquela mulher daquele jeito mexeu muito comigo. Não sei explicar. Já vi outras mulheres nesse estado ou muito pior e nunca me senti desse jeito. Claro que fico triste com a situação, mas tinha algo nela diferente. Eu queria protegê-la de tudo e todos.

— Eu vou cuidar de você princesa - Falo olhando a mesma.

[...]

Já faz duas horas que a garota deu entrada no hospital. Jack fica parado enfrente o quarto que ela está e não sai de lá por nada.

— Ela vai ficar bem cara- Diz Murilo me dando um tapinha no ombro em forma de apoio.

- Eu espero- Suspiro angustiado.

Na minha vida inteira, eu nunca fiquei assim.
Agoniado esperando notícias de uma pessoa que eu nem conheço.

As enfermeiras mexeram na bolsa da garota, atrás de documentos ou o número de algum conhecido.

Felizmente acharam seu RG. Ela se chama Ana... Ana Flávia Castela.

Se passa alguns minutos quando a médica vem finalmente falar conosco.

- Parentes da senhorita Ana Flávia?-Pergunta ela.

- Aqui, eu sou quem a encontrou. Não acharam nenhum contato de parentes- Falo a informando da situação de forma séria de um delegado. Mas na verdade eu me coçava de nervoso.

- Ok...- A doutora nos guia até sua sala - A senhorita Castela quebrou o braço esquerdo, fraturou a costela, teve um corte na testa devido a queda, uma torção no tornozelo direito, fora diversos hematomas pelo corpo- Diz séria- Fizemos os exames e foi constatado machucados em sua parte íntima que indicam abuso sexual. Ela está em coma- Continua.

Por mais que estivesse séria era possível notar o desconforto na voz da médica. Ela era mulher, e se colocava no lugar da Ana.

Me sinto furioso ao saber desse última parte. O filha da puta além de deixar a menina toda quebrada, ainda estupra ela?!

Gente desse tipo me da nojo. Todos eles deveriam morrer na cadeia.

Olho para Murilo e ele me entende só pelo olhar.
A gente vai achar esse desgraçado e vamos fazer questão de colocá-lo na prisão com os caras de facção. 

Ele vai pagar. Ô se não vai!

A doutora nos autorizou ver a Ana, mas somente por 10 minutos, já que o horário de visita acabou por ser 18:00.

Entro no quarto e a cena que vejo corta meu coração.
Ana ligada em vários aparelhos. Tinha sua cabeça enfaixada assim como braço e perna. Fora que seu rosto estava inchado e as partes do seu corpo que eram vistas estavam cheias de hematomas.

- Acabaram com a garota- Diz Murilo olhando a mesma.

Me aproximo para perto dela e toco em seus cabelos.

— Eu vou cuidar de você princesa- Sussurro olhando a mesma.

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