cessão cinema

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Gustavo narrando

Ana dormiu nos meus braços depois de 1 hora e meia chorando sem parar.

Quando eu cheguei escutei seus soluços no banheiro. Fiquei esperando até que ela saísse do cômodo e assim que ela saiu eu pude ver seus braços e pernas vermelhos e com hematomas.

Seu rosto estava inchado e vermelho, provando que ela ficou por muito tempo chorando.

Era nítido ver a tristeza que aquela garota carregava, ela tinha muitas marcas de seus traumas mas não só fisicamente como emocionalmente.

Quando eu abri os braços pude ver o quanto ela precisava daquele ato.

Pude ouvir o som mais triste de toda a minha vida...os soluços e gritos que Ana dava. Ela estava expondo suas dores, aqueles sentimentos que devem estar guardado por tantos anos.

Assim que ela dormiu eu a peguei no colo e levei a mesma até seu quarto e a deitando em sua cama.

Ver ela daquele jeito foi horrível. Eu sentia raiva por saber que ela chorava pelo o que aquele filho da puta fez. Os vermelhos no seu corpo só mostrava o que ela sentia.

Já vi e cuidei de muitos casos de relacionamento tóxico, abuso sexual, manipulação psicológica, entre outros. Eu presenciei o sofrimento das vítimas, o medo, raiva e nojo que elas sentiam de si mesmas.
Sei que é muito difícil sair de uma vida assim. Ana flávia  é muito forte, mesmo depois de tudo ela estava viva, tentando seguir em frente. Muitas vítimas acabam se suicidando por conta da dor, dos traumas e julgamentos da sociedade.

Vendo seu estado, tão fragilizada, com medo e ainda tentando lutar, eu fiz uma promessa a mim mesmo.

— Eu vou cuidar de você minha pequena. Não vou deixar ninguém te machucar novamente...eu prometo-Sussurrei.

Saí de seu quarto decido.

Eu iria ajudar ela a melhorar e não ia sair de seu lado.

[...]

Queria que hoje a noite fosse bem legal e divertido para Ana. Enquanto ela dormia eu fiz e encomendei algumas comidas gostosas e chamei Murilo para fazer uma noite de filmes.

Quando eu estava terminando de fazer o brigadeiro, vejo Ana parada do lado do sofá me encarando.

— O que estava fazendo?- Perguntou com voz de sono.

Puta que pariu. Nem descabelada e com cara de sono essa menina fica feia.

Se orienta Gustavo ela é uma criança comparada a você.

Era isso que dizia a mim mesmo toda vez eu via ela, pensava nela ou falava dela, ou seja 24 horas por dia.

- Tô fazendo brigadeiro - Falei desligando o fogo e colocando o doce num prato.

Botei água na panela e voltei a encarar a mesma que me olhava timidamente com as bochechas coradas.
Fofa.

- Obrigada por ter... un me ajudado- Agradeceu sem graça - E desculpa por tudo- Se desculpou abaixando a cabeça.

Sai de trás do balcão e fiquei frente a frente com a mesma.

- Não precisa se desculpar princesa. De todos você é a última a ser culpada pelos acontecimentos da sua vida. Ana você é muito forte, mas não precisa criar uma armadura em volta de si. Não deixe o que aquele idiota fez destruir o seu futuro-Digo a olhando nos olhos - Imagino que você não consiga confiar nas pessoas tão facilmente, mas eu vou cuidar de você...nem que seja de longe-
Finalizo a puxando para um abraço.

Oh céus!

Eu não sou a pessoa mais carinhosa do mundo e não gosto de toque físico, mas com ela... com ela é diferente.

Abraçá-la me acalma, como se ela fosse meu ponto de paz. Quando a tenho em meus braços eu sinto que ela está segura e eu me sinto bem por dá-lhe segurança.

- Obrigada...de verdade- Respondeu se aconchegando em meu abraço- Você e Murilo tem feito muito por mim, mais do que alguém um dia já fez. Fora dona Rô que é como uma mãe pra mim-
Falou ela.

Não pude deixar de perceber a tristeza em sua voz ao falar mãe.

- Chega de tristeza, bora animar que vamos fazer uma sessão cinema- Digo e ela se afasta do meu abraço.

Me senti vazio sem seu abraço.

- Sério?- Perguntou animada com os olhinhos brilhando.

Deus...eu faria qualquer coisa pra ela me olhar assim sempre.

Essa menina ainda vai me dar trabalho, já tô até vendo.

- Sim. Murilo jaja chega com as pizzas- Mau termino de falar e a porta é aberta.

- Amor..cheguei- Disse a peça com voz fina.

— Que comece a noite- Brincou Ana ao ver as guloseimas que meu amigo trouxe.

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Meu Delegado | AdaptaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora