suja

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Ontem eu e Gustavo fomos ao mercado fazer a despesa, pois eu não iria pedir comida no restaurante já que não tô inválida.

Obviamente nós discutimos no caixa pois eu queria pagar a conta do mercado ou rachar no meio, mas aquele cabeçudo não deixou.

Eu contei a ele sobre o dinheiro que dona Rô me deu e ele me "proibiu" de gastar esse dinheiro com alguma coisa pra casa. Achei um absurdo mas ele me convenceu.

Tenho que comprar algumas coisas pra mim e guardar o resto para quando tudo voltar ao normal e eu poder voltar para minha casa.

Falando nisso... Murilo fez uma grande pesquisa sobre Gabriel e seu pai. Aparentemente não acharam nada de errado, mas eu sei que os dois tem as mãos muito sujas.

Eu, Gustavo e Murilo achamos melhor só abrir um boletim de ocorrência quando tivermos provas e testemunhas sobre o meu ex relacionamento tóxico.

Gustavo não vai poder cuidar do caso já que ele é uma testemunha minha pois me encontrou no beco, me salvou quando a minha casa estava sendo invadida e me deu moradia. A delegada da delegacia onde os meninos trabalham é quem vai cuidar do caso. Ela se chama Karina, não sei muito sobre ela mas ela tem fama de ser curta e grossa.

Acho que todos delegados e delegadas tem cara de mau.

Se eu não conhecesse Gustavo e o visse na rua com sua cara de mau encarado eu sairia voando.

Saio dos meus pensamentos ao sentir que o uber parou.

- Chegamos senhorita. A corrida deu R$12,00 reais- Me informou o motorista.

Paguei o moço e entrei no shopping. Eu iria fazer compras, pois estava precisando de algumas coisa.
Tive que vir só pois Gustavo e Murilo estão trabalhando. Eles tentaram me convencer a ir um dia que um deles estivesse de folga, mas não deu certo. Eu não posso depender deles pra tudo. Por mais que eu ainda tenha muito medo de ficar só e aquela praga aparecer, mas não posso parar de viver.

Sigo até a primeira loja. Dou uma olhada e um vestido me chama a atenção. Ele era azul bebê com algumas flores brancas.

O preço era razoável, então comprei. Andei o shopping todo e aos poucos fui enchendo as mãos com sacolas.

Meu estômago já estava roncando, eram 15:00 e eu só tinha tomado um café preto com três pão de queijo.

Na praça de alimentação eu pedi um strogonoff com arroz, batata palha e uma coca. Me sentei na mesa e esperei a comida ficar pronta.

Depois que comi eu voltei as compras e fui para casa 19:45.

[...]

Cheguei em casa totalmente cansada. Foi recebido por Jack e seus lambeijos.

Botei ração para ele e fui arrumar as minhas coisas.
Separei algumas roupas e sapatos para doação e guardei minhas roupas novas.

Fui tomar um banho e lavar o cabelo. Estava perdida em meus pensamentos, pensando em tudo que aconteceu.

Lágrimas começaram a brotar dos meus olhos quando as lembranças me atingiram. A fuga, o beco, a invasão...tudo que me aconteceu nos últimos meses.

Lembrar das mãos daquele nojento em mim. Dos seus toques, seus beijos e apertos.

Começo a esfregar a bucha com mais força me lembrando de cada toque dele em meu corpo. A fúria, tristeza e nojo dominavam a minha mente.
Sentia raiva de mim mesma por ter acreditado em suas desculpas. Tristeza pelo que me aconteceu e nojo de mim mesma, pois no meu corpo tem marcas dele, de seus socos e tapas.

Meus Deus... por que eu não fui embora no primeiro tapa? Por que me calei por tanto tempo?!

Com esses pensamentos eu chorei, chorei de tristeza, dor e raiva. No silêncio do banheiro era possivel ouvir meus soluços e a bucha entrando em contato com a minha pele brutalmente.

Resolvi sair do banho. Nem sabia quanto tempo fiquei ali.

Eu tinha levado a roupa para o banheiro. Antes de me trocar eu passei creme em meu corpo e vi que meus braços, ombros, pescoço, barriga e pernas estavam vermelhos que nem um pimentão.

Suspirei e coloquei a roupa. Me encarei no espelho e vi como eu estava acabada. Meu rosto estava vermelho e inchado pelo choro, quem vê meus olhos acha que eu sou uma drogada.

Saí do banheiro e segui até a sala, quando eu entrei no cômodo eu o vi... parado me olhando.

Estava com sua cara de sério como sempre, mas seus olhos tinham raiva, tristeza e compaixão.

Ele não diz nada, apenas abre os braços e dá um sorriso triste.

Instantaneamente eu corri até seu encontro e o abracei. Ele me abraçou fortemente e começou a fazer carinho no topo da minha cabeça.

Ali eu desmoronei, chorei tudo que eu guardei por anos. Tudo que eu não consegui falar ou expressar saiu naquele instante.

Nos sentamos no chão e eu chorei em seu colo, ele ficava em silêncio apenas mexendo em meus cabelos. Ele sabia que eu não conseguia falar, os sentimentos guardados estavam fora de controle que eu só conseguia chorar. Tudo que eu precisava era de um abraço verdadeiro. E ele me proporcionou aquilo.

Ao mesmo tempo que eu queria tê-lo pra sempre ao meu lado eu o queria longe, para não me apegar mais.

— Eu estou aqui pequena. Eu não vou embora... eu não quero ir embora- Susurrou o delegado em meio aos meus soluços.

Eu tinha encontrado três pessoas que me amavam de verdade e cuidam de mim com carinho e respeito. Mas ele...ele é diferente.

Gu está me ajudando a levantar e a recomeçar. Ele está sendo minha salvação, mas temo que ele também posso ser a minha perdição...

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Postarei mais dois capítulos ainda hoje
pra recompensar por ontem 💗

Meu Delegado | AdaptaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora