envelope azul

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ANA FLÁVIA
NARRANDO

- Filho da puta!- Exclamou dona Rô quando eu terminei de contar os últimos acontecimentos.

Eu e o delegado rimos, apesar da situação. A senhora a nossa frente não era as "vovós tradicionais" que são calmas.

- Mas não se preocupe dona Rô, Ana está bem protegida dele. Se depender de mim e do Murilo, nada vai acontecer com ela- Falou tranquilizando a mulher que já estava vermelha de raiva.

— Vocês foram uns anjos na vida da minha menina- Disse dona Rô sorridente- Ana Flávia...seu pai sabe de tudo isso?- Me perguntou ela.

Meu sorriso instantaneamente murchou. Eu ainda tinha muita mágoa do meu pai, ele simplesmente me trocou por uma mulher fútil que só queria o dinheiro dele e ainda enfeitava sua cabeça com chifre.

- Não...não tenho nenhum contato com ele.

Melhor assim- Digo tentando parecer bem.

- Bom, conte comigo para o que precisar. Volte a trabalhar só quando melhorar 100% fisicamente ok? -Disse ameaçadora.

Ela sabia que eu queria voltar a trabalhar o mais rápido possível.

- Mas eu quero voltar a trabalhar- Digo emburrada- Não gosto de ficar sem fazer nada e também tenho que arrumar uma casa pra mim.

Não posso morar com Gustavo a vida inteira- Falo cruzando os braços.

- Tá parecendo uma criança birrenta- Me alfinetou o delegado. Apenas lhe mostrei a língua e voltei a olhar para dona Rô que nos observava.

- Problema seu. Só vai voltar a trabalhar quando o delegado dizer que você já está melhor. Porque ansiosa como você é, vai mentir dizendo que está bem- Falou firme enquanto Gustavo mostrava um sorriso convencido.

- Não é justo- Murmurei.

— Você disse algo que eu não escutei Ana?-Perguntou dona Rô entre dentes.

Balancei a cabeça repetidamente em forma negativa.
Ficamos mais um tempo conversando quando eu e
Gu decidimos ir embora.

- Antes de irem quero te dar algo querida- Falou a senhora pegando um envelope dentro de gaveta da mesa do escritório.

Nós dois estávamos na porta do cômodo  esperando a mesma que me entregou um envelope azul.

Quando eu ir abrir o mesmo ela interrompe a minha ação.

- Abra quando estiver em casa ok? Espero que goste- Disse me puxando para um abraço.

- Obrigada- Sussurrei em seu ouvido.

Eu nem sabia o que tinha dentro do envelope mas sabia que era algo muito especial, pois vinha de uma pessoa muito especial pra mim.

- Cuide bem da minha menina- Pediu ela abraçando o delegado.

- Pode deixar dona Rô. Naflávia agora é minha responsabilidade- Falou se despedindo dela olhando pra mim.

Ao ouvir sua frase uma arrepio passou pelo meu corpo.

Pude ver ela cochicha algo em seu ouvido em seguida os dois riram e nós fomos embora.

[...]

Chegamos em casa e fomos recebidos por Jack, que estava bem animado.

— Olá meninão. Senti saudades suas- Falei fazendo carinho na cabeça do mesmo que logo se jogou no chão pedindo mais.

Pude escutar a risada do delegado atrás de nós.

- Vou tomar um banho e organizar uns papéis.
Mais tarde eu vou no mercado fazer despesa. Vai querer ir?- Perguntou
Me encarando.

Eu assenti e ele foi para seu quarto.

Fiz o mesmo e assim que entrei no cômodo eu lembrei do envelope. Tirei o mesmo do bolso e o abri.

Tinha uma carta e um outro papel que eu não vi.

"Querida Naflávia,
Nos conhecemos recentemente e em tão pouco tempo já nos tornamos muito próximas.
Você é a filha que eu nunca tive. Sempre sonhei em ter uma menina, mas não era da vontade de Deus, porém Ele me presenteou com você. Uma doce menina assustada que buscava um novo recomeço.
Sei que você não gosta de receber ajuda e prefere enfrentar tudo sozinha, mas até os super-heróis mais fortes tem que ter alguém do lado para os ajudar. Não tenha medo de pedir ajuda.
Á vida é longa demais para passarmos longe de pessoas que nos fazem bem por medo das que nos machucaram. No momento você não vai entender todas as minhas palavras, mas saiba que não deve ter medo de ser feliz, só seja cuidadosa. Não se prive de viver o presente presa ao passado e com medo do futuro.
Aceite essa lembrancinha. Te dou ela de todo coração... Espero que ela possa lhe ajudar.

PS: Se você ousar me devolver eu te faço engolir essa porra

Com amor Dona Rô"

Com os olhos marejados eu vejo o outro papel e derramo as lágrimas que segurava ao ver um cheque de 20 mil reais.

— Aí dona Rô... A senhora é a mãe que eu não tive-
Digo sozinha.

Jack se aproxima de mim e esfrega sua cabeça em meu braço como consolo.

- Não se preocupa amigão. São lágrimas de felicidade- Falo acariciando seus pelos.

É parece que eu derreti o coração da veia...e ela o meu.

Deus me livre dona Rô me ver chamado ela de veia. É aí que a morte me pega de vez.

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Oii queridos leitores ontem não postei capítulos né?! mil desculpas, mas como vocês devem saber ontem foi a gravação do dvd da aninha e passei o dia acompanhando tudo e a noite principalmente, porém prometo recompensar vocês hoje.  💗

E cá entre nós que dvd lindo, que orgulho da nossa menina!! 🤍
Agora me contem vocês também choraram com "minha herança" pq chorei demais 🥺

Meu Delegado | AdaptaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora