Batendo a porta parou para sacudir a saia do vestido molhado ainda com raiva por ter que trocar de roupa. O chão úmido de cerâmica ficou muito escorregadio e se desequilibrando foi apoiada por Henrique e Sofia.
— O que fazem aqui? — quis saber Maria supressa em ver seus vizinhos gêmeos.
Os dois eram bem altos o que dava um aspecto desengonçado, embora os cabelos ruivos e olhos cor de avelã, puxado para o verde, expressassem muita força. Principalmente Sofia com seu ar maduro e olhar julgador.
— Você prometeu uma apresentação particular hoje, esqueceu? — questionou a amiga desdenhando aquele vestido amassado e molhado.
— Não vai dar... — procurava alguma desculpa, pois não queria que o tritão se magoasse, ainda mais com ela, após ter dito que não haveria mais nada naquele dia.
— Melhor assim irmãzinha. O Cláudio e o Pedro também não puderam vir. Além disso, Flor não chegou de viagem...
— Flor não é para o seu bico! — disse a gêmea irritada se voltando para a amiga ensopada — Venham Maria vou te ajudar a se trocar. Pode ir Henri, mas não me aparece no bar! Você não é baba do Cláudio. Nem devia ter amizade com uma má companhia como aquela.
— Também te amo Sofi. — disse o jovem saindo pela porta sem olhar para trás.
Maria apenas sorriu observando a vizinha mandona, que sempre dizia a todos como deviam agir, mas aquele jeito bravo escondia uma preocupação genuína no bem estar de seus amigos e familiares.
— Você não devia se envolver muito com o tritão. Olha como aquela criatura é arredia. Não me diga que ainda tem aquela fantasia de tirá-lo daqui? — escolheu um vestido no armário e após desabotoar a roupa molhada encarou a amiga.
— Não, desisti...
"Ao menos por enquanto. Mas pensarei em uma forma..."
— Ótimo! Você deveria aproveitar seus recursos e visitar minha tia na suíça. Se ouvisse meus conselhos encontraria um bom futuro no continente, longe dessa ilha minúscula. — repetia, agora trançando os cabelos de Maria delicadamente.
— Não devia falar isso para Henrique?
— Ele está apaixonado por Flor. Aquela cabeça de vento devia ficar na Inglaterra. Na última carta falou de um tal de Benedict. Parece um ótimo partido herdeiro de terras e mais de 500 ovinos.
— Mas ela mal fez treze anos!
— E você vai fazer quinze a qualquer momento! Devia decidir logo ou vai ficar para titia!
— Igual você! Hihih... — o deboche foi interrompido por um tapa leve na cabeça.
— Não diga bobagens! Faz três meses que fiz quatorze. Com minha altura não tenho muitas opções aqui. Por isso quero que venha comigo para a Suiça. Minha tia vai nos acolher como uma mãe.
— Mãe... — os olhos de Maria se tornaram distantes e triste. Como a ressaca do mar noturno, várias lembranças foram jogadas na praia de suas emoções.
— Pare já com isso! — Sofia se abaixou para encará-la nos olhos — Olhe para seu quarto repleto de mimos! Os mortos devem cuidar de si mesmos e os vivos seguem em frente. Essa é a lei natural, não adianta chorar, logo chegará nossa vez, por isso vamos viver bem! Entendeu?... Maria eu quero ouvir se entendeu!
— Entendi...
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Meu Tritão
Fantasy🥇Colocado no Concurso Dulce Morsum 2024 - Melhor Capa 🥈Colocado no Concurso Expresso The Coffee House 2024 - Melhor Capa Um barco Baleeiro chega ao cais com uma carga clandestina cheia de vida. A pequena Maria, filha do comandante, se encanta com...