07 AMIGAS

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Batendo a porta parou para sacudir a saia do vestido molhado ainda com raiva por ter que trocar de roupa. O chão úmido de cerâmica ficou muito escorregadio e se desequilibrando foi apoiada por Henrique e Sofia.

— O que fazem aqui? — quis saber Maria supressa em ver seus vizinhos gêmeos.

Os dois eram bem altos o que dava um aspecto desengonçado, embora os cabelos ruivos e olhos cor de avelã, puxado para o verde, expressassem muita força. Principalmente Sofia com seu ar maduro e olhar julgador.

— Você prometeu uma apresentação particular hoje, esqueceu? — questionou a amiga desdenhando aquele vestido amassado e molhado.

— Não vai dar... — procurava alguma desculpa, pois não queria que o tritão se magoasse, ainda mais com ela, após ter dito que não haveria mais nada naquele dia.

— Melhor assim irmãzinha. O Cláudio e o Pedro também não puderam vir. Além disso, Flor não chegou de viagem...

— Flor não é para o seu bico! — disse a gêmea irritada se voltando para a amiga ensopada — Venham Maria vou te ajudar a se trocar. Pode ir Henri, mas não me aparece no bar! Você não é baba do Cláudio. Nem devia ter amizade com uma má companhia como aquela.

— Também te amo Sofi. — disse o jovem saindo pela porta sem olhar para trás.

Maria apenas sorriu observando a vizinha mandona, que sempre dizia a todos como deviam agir, mas aquele jeito bravo escondia uma preocupação genuína no bem estar de seus amigos e familiares.

— Você não devia se envolver muito com o tritão. Olha como aquela criatura é arredia. Não me diga que ainda tem aquela fantasia de tirá-lo daqui? — escolheu um vestido no armário e após desabotoar a roupa molhada encarou a amiga.

— Não, desisti...

"Ao menos por enquanto. Mas pensarei em uma forma..."

— Ótimo! Você deveria aproveitar seus recursos e visitar minha tia na suíça. Se ouvisse meus conselhos encontraria um bom futuro no continente, longe dessa ilha minúscula. — repetia, agora trançando os cabelos de Maria delicadamente.

— Não devia falar isso para Henrique?

— Ele está apaixonado por Flor. Aquela cabeça de vento devia ficar na Inglaterra. Na última carta falou de um tal de Benedict. Parece um ótimo partido herdeiro de terras e mais de 500 ovinos.

— Mas ela mal fez treze anos!

— E você vai fazer quinze a qualquer momento! Devia decidir logo ou vai ficar para titia!

— Igual você! Hihih... — o deboche foi interrompido por um tapa leve na cabeça.

— Não diga bobagens! Faz três meses que fiz quatorze. Com minha altura não tenho muitas opções aqui. Por isso quero que venha comigo para a Suiça. Minha tia vai nos acolher como uma mãe.

— Mãe... — os olhos de Maria se tornaram distantes e triste. Como a ressaca do mar noturno, várias lembranças foram jogadas na praia de suas emoções.

— Pare já com isso! — Sofia se abaixou para encará-la nos olhos — Olhe para seu quarto repleto de mimos! Os mortos devem cuidar de si mesmos e os vivos seguem em frente. Essa é a lei natural, não adianta chorar, logo chegará nossa vez, por isso vamos viver bem! Entendeu?... Maria eu quero ouvir se entendeu!

— Entendi...

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