Julho de 2012
Harry já tinha bastante certeza de que sua noite estava uma merda antes mesmo de a reunião de cátedra terminar com duas horas de atraso e ele se encontrar seguindo por uma rua secundária imunda, até subitamente ouvir um engasgo do motor e constatar que seu carro tinha quebrado à meia noite de uma quarta feira, no meio do nada no bairro universitário de Manchester.
Agora ele fazia todo esforço possível para não mandar a atendente do seguro se foder, porque sua mãe tinha lhe ensinado a ser um homem decente, e provavelmente a coitada da moça do outro lado da linha não tinha culpa pela estupidez de seus chefes e pelo acidente na rodovia que tinha requisitado todos os guinchos 24h da cidade.
— O serviço pode estar disponível novamente daqui a duas horas, senhor, mas não posso prometer.
— Às duas da manhã? — ele esfregou a mão no rosto, exausto. — Meu Deus do céu.
— O senhor pode tentar novamente amanhã pela manhã, senhor.
— Certo, e deixar meu carro, que você deve estar vendo aí no registro que é uma BMW do ano, estacionada numa ruela no bairro universitário. Claro, porque isso é muito seguro. Eu vou esperar, no exato segundo que vocês tiverem um guincho disponível entre em contato comigo. Boa noite.
— Certo, boa noite senhor.
Ele tinha parado de se sentir velho ao ser chamado de senhor há muito tempo, antes mesmo dos trinta, e agora com 35 já era uma rotina. Olhou em volta, vendo um café aberto do outro lado da rua, as luzes fracas contra a calçada e a silhueta das mesas vazando pela vitrine de vidro.
Suspirou, frustrado, e tirou a chave da ignição, apanhando a carteira e o celular ao sair do carro, rezando para não encontrar nenhum aluno dentro do café, apesar de a época do ano tornar isso quase impossível. Julho seria realmente uma bênção, se não fossem pelas reuniões intermináveis.
O lugar era surpreendentemente aconchegante, quatro mesas e um balcão de madeira escura iluminada por lâmpadas amarelas (não aquelas aberrações florescentes), e mais três mesinhas alinhadas com o longo banco acolchoado na parede dos fundos. Haviam apenas o atendente, um homem de meia idade e cara vermelha entretido com um livro, e um garoto encolhido na mesa da esquerda, ambos permanecendo abstraídos da chegada de Harry até que ele se apoiou no balcão e limpou a garganta.
— Boa noite. — disse o atendente, que mais provavelmente era o dono.
— Boa. Até que horas vocês ficam abertos?
— A noite toda, somos 24h. — apontou com o polegar por cima do ombro para a placa pendurada na parede que dizia "Tenha todo o tempo para aproveitar seu café! Ficamos abertos 24/7".
— Hum. Me dá um expresso grande e alguma coisa pra comer, pode ser qualquer coisa contanto que seja grande, meu carro quebrou e a porra do guincho só vem em duas horas.
— Quem diabos consegue quebrar uma BMW novinha? — disse uma voz petulante às costas de Harry, e ele se virou para ver o garoto sentado à mesa ninando um copo térmico entre as mãos e um de seus fones de ouvido pendurado contra o peito, o outro ainda plugado na orelha.
— Não sei, pergunte ao fabricante. — respondeu secamente.
— Dê uma fatia de torta pra ele Simon! Este precisa de um pouco de doce. — disse o garoto, e o homem atrás do balcão, aparentemente chamado Simon, riu.
— Louis, Louis, deixe o homem em paz que está tarde e ele não precisa de mais contrariedade! — ralhou Simon, sacudindo uma colher na direção da mesa. — Mas nossa torta é boa, você vai querer?
Harry pegou a torta, afinal, junto com o café, e estava prestes a se empoleirar no balcão mesmo quando o garoto petulante deu batidinhas na própria mesa, silenciosamente indicando a Harry a cadeira à sua frente.
— Venha cá Senhor BMW, não seja um solitário.
Mais tarde, ele não conseguiria dizer o que o fez ceder tão rápido ao chamado do garoto. Ele não podia ter mais de 20 anos, e os cabelos finos e lisos cor de caramelo caíam para além da gola de sua camiseta, a franja mais curta se enrolando atrás de suas orelhas, deixando a mostra um único brinco de prata no topo da concha da orelha direita, brilhando contra sua pele bronzeada.
Se sentando e colocando o copo e o prato cuidadosamente no lugar, Harry foi brindado com um sorriso brilhante.
— Oi, eu sou o Tommo, quer dizer, er, Louis Tomlinson. Você tem cara de que gosta de nomes apropriados, não apelido.
— Harry Styles. E na minha opinião nomes "apropriados" só são mais práticos, nada contra apelidos.
O sorriso do garoto continuou no mesmo lugar, só ganhando uma leve pitada de malícia.
— Posso te chamar de Hazzy?
♥♥♥
Louis sabia que era encantador. Quer dizer, ele estava há tempo suficiente viajando, pegando caronas e tendo empregos temporários para saber disso, mas ele duvidava que esse encanto era suficiente para derreter a polidez de Harry Styles, professor de Direito Social da Universidade de Manchester, como o próprio tinha informado.
Pelo menos até eles estarem na rua, Louis sentado no capô brilhante da BMW enrolando as pernas na cintura e os braços no pescoço de Harry, enquanto eles se agarravam com vontade suficiente para ignorarem o vento gelado que varria a madrugada.
Não é como se o garoto fosse fácil, só porque era um mochileiro e gostava mais de aventuras do que de qualquer outra coisa, até porque honestamente Harry tinha cara de tudo, menos aventura. Talvez o carro tivesse dado uma dica, ou a forma como os olhos dele se fixaram no brinco em sua orelha. Ou talvez ele só tivesse se apaixonado um pouco pela forma como o homem tirou os óculos, os guardou num bolso interno do blazer e depois passou a mão pelo rosto, tentando afastar o cansaço.
Harry Styles era um gato.
Louis podia abrir as exceções que tinha sobre dormir com desconhecidos, se Harry perguntasse do jeito certo.
— Então, Louis, — ele se inclinou levemente, tocando os lábios em sua orelha, e enroscou um dedo no cabelo liso que caía por sua nuca. — Você ainda tem algum compromisso hoje à noite, ou eu posso dispor do seu tempo até amanhã?
Um gato e um cavalheiro, que gracinha.
Exceção aberta, e pernas também, pensou Louis enquanto puxava Harry para perto novamente para dizer:
— Todo seu.
Nota: Agradecimentos infinitos a minha amiga e agora beta oldirectioner, que leu e comentou esse capítulo e foi fundamental pra eu poder colocar os pingos nos Is.
Espero que vocês gostem dessa fanfic, eu estou COMPLETAMENTE apaixonada por ela!
xxx
Lua :)
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My Heart Belongs to Daddy, My Soul Belongs to the Road ♥ L.S. AU
Fanfiction"Eu posso, eu posso ser seu... mas se você me prometer uma coisa." "Qualquer coisa, Lou." "Não me peça pra ficar. Ficar aqui, por favor não pede isso, você sabe que eu não consigo." Harry parece um gato velho e preguiçoso, que ensina Direito Social...