𝔾𝕠 𝕒𝕙𝕖𝕒𝕕 𝕒𝕟𝕕 𝕔𝕣𝕪, 𝕝𝕚𝕥𝕥𝕝𝕖 𝕓𝕠𝕪

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_______________Theodore_______________

Enquanto as férias do terceiro ano em Hogwarts se desenrolam, vejo-me sozinho numa casa sombria. Não pela ausência de meus progenitores mas sim pela falta que me faz falar com pessoas normalmente, sem ser aos sussurros de pavor ou medo entre minha mãe e eu ou aos gritos de ódio com meu pai.

O ambiente da mansão Nott é pesado, permeado pelo silêncio perturbador que paira sobre as paredes frias e as sombras dançantes dos móveis antigos passados de geração em geração por meus antepassados de origem romana. Tem sido assim desde a última caçada do meu pai em busca do lorde das trevas, mau sucedida obviamente, das férias de verão do ano passado.

Uma ânsia enorme se apossa de mim a cada dia que eu passo trancado dentro das paredes imponentes desse lugar, sinto falta da presença da garota que ocupa meus pensamentos dia e noite desde que a conheci, mas sei que ela está longe, em algum lugar do mundo bruxo onde os Malfoy moram, longe da escuridão que chamo de lar.

À medida que as semanas passam, sou assombrado pelas brigas constantes entre meus pais, as palavras ásperas e os gritos ecoando pelos corredores como um lembrete constante de minha solidão.

Todas as vezes que papai exagera demais na bebida e desconta seu desequilíbrio mental em mamãe sinto que lentamente ela perde o brilho radiante da face tão normalmente bela e rosada dela. Como uma flor, sinto que vejo ela murchar lentamente a cada briga.

Às vezes...bem na maioria delas para ser honesto as discussões se transformam em violência, e eu me encontro no meio delas, tentando proteger minha mãe dos ataques cruéis de meu pai.

Dependendo do humor dele em relação a mim ele me pune por isso de uma forma diferente, se ele está de "bom humor" só me bate, mas na maior parte das vezes meu progenitor é tão violento em sua fúria que me lança feitiços que eu sou incapaz de rebater mesmo com a varinha na mão de medo.

Crucio, quando xingo até os últimos fios de cabelo asquerosos que eu herdei dele.

Sectumsempra, o favorito dele e que usou em mim um dia antes do primeiro dia de volta a Hogwarts no segundo ano. Aquelas marcas que Phoenix viu na minha pele e eu nunca expliquei.

Uma vez até Fogo-maldito, chamo assim pois foi tão traumático que não me lembro como conjurar o feitiço, eu sinto meus braços ardendo em chamas até hoje.

E muitas outras citações que prefiro nem pensar.

Me sinto impotente diante da fúria sem sentido do meu pai, e as marcas físicas deixadas em meu corpo são um testemunho silencioso do preço que pago toda vez que tenho coragem o suficiente para me opor a ele e defender minha mãe.

Nessas noites sombrias, me refugio em meu quarto, cercado pela escuridão e pela solidão.

Choro com a mente repleta de breu e tento resistir todas as vezes aos impulsos suicidas frequentes que tenho nas madrugadas repletas da mais pura letargia e ou desequilíbrio do meu subconsciente.

Anseio por um escape, por um raio de luz que possa dissipar as sombras que me consomem.

Meus pensamentos vagueiam para Phoenix, a garota que amo, e me pergunto se ela pensa em mim da mesma maneira, se ela sente minha falta tanto quanto eu sinto a dela.

É a lembrança dela que me mantém são, as cartas, de caligrafia tão perfeita que o mais exímio dos escribas ou escrivães sentiriam inveja, que me impedem de sucumbir completamente à escuridão que o rodeia.

Que me impedem de cometer um ato de suicídio.

Enquanto as férias avançam, me agarro à esperança de um futuro melhor, onde possa encontrar a felicidade que tanto desejo, longe dele, com minha mãe e Phoenix em algum lugar onde faça sol, onde eu não olhe mais no espelho e veja os traços do meu pai em meu rosto, veja alguém feliz.

Flawless- Theodore NottOnde histórias criam vida. Descubra agora