Capítulo 11: A investigação continua

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Só percebo que estava encarando um ponto fixo quando a secretária me chama.

— Você levará uma advertência, senhor D'Lucca. — me aproximo da secretária de óculos vermelhos que nunca lembro o nome, na qual me entrega uma prancheta para assinar meu nome.

— Fala sério, foram só vinte minutos de atraso! — exclamo.

A moça apenas me olha sob os óculos, enquanto masca seu chiclete de forma barulhenta, como se não fosse discutir comigo.

— Já entendi. — pego a caneta de forma brusca e assino a advertência.

— Mostre a permissão para o professor. — ela me joga um papelzinho e volta a se concentrar no computador a sua frente.

— Valeu... — resmungo.

— Mas que buceta! — a secretária xinga, e noto a música irritante do jogo Candy Crush vindo do computador.

Pelo visto, essa escola possui belíssimos funcionários. Ando pelos corredores, em direção a aula de cálculo avançado. Quando chego na metade do corredor, meu celular vibra, o pego e olho a mensagem que Ian me mandou.

Ian: Vai até o banheiro interditado

Ian: E não demore ;)

Já...

— Tanto lugar para se encontrar, tinha que ser em um banheiro interditado? — pergunto para Ian, franzindo o nariz ao adentrar no local.

Através de toda a sujeira, baldes e panos jogados no chão escorregadio, vejo Ian encostado na janela, fumando.

— Para de reclamar, meu bem. — Ian se vira com seu sorriso habitual, que porém some ao me ver. — O que rolou com seu rosto?

Droga.

Tinha esquecido do rosto machucado.

— Nada demais. — dou de ombros, sentando na pia no banheiro. — O que você queria falar e que não podia esperar?

Depois que fomos embora da festa de Kyle não nos falamos muito. Eu estava alterado e Ian mais quieto que o normal, ou seja, não falei nada sobre os acontecimentos.

— Tem certeza de que está bem, Ravi? - Ian me pergunta quase como se estivesse preocupado.

— Absoluta. — falo rapidamente. — Se a conversa vai ficar nisso, já vou indo. Tenho aula de cálculo e o professor é um saco.

Desço da pia, indo direto para a porta.

— Antes da sua corrida, você queria me contar algo. — Ian fala, me fazendo parar e me virar para ele. — O que era?

Eu estava desesperado por conta da morte do garoto e precisava contar para Ian. Mas acontece que hoje menti para Jared sobre o que eu vi, e bem, não sei se contar à Ian iria ajudar. Preciso deixar essas informações escondidas, por enquanto.

— Eu... — hesito, sem saber o que falar para ele. — Você sabe de algum lugar que trabalha com aros cravejados?

Omito sobre a morte do garoto, também não é como se Ian não fosse saber mais tarde, a única coisa que ele e nem ninguém pode saber é que eu vi o exato momento.

Existe muitos aros cravejados com pedras preciosas, e apenas um profissional habilidoso poderia instalá-las ou retirá-las sem danificar, ainda mais que não estamos apenas falando de pedras, mas de diamantes. Aliás, ontem notei que eram os diamantes roubados, mas os aros não eram os mesmos.

— Bom... - Ian pensa, um pouco confuso. — Existe uma mecânica de alto nível aqui no sul.

— Alto nível? — questiono, me animando na hora.

O Rei das Corridas - Série Hell Race / Livro 01Onde histórias criam vida. Descubra agora