O Rei das Corridas - Série Hell Race / Livro 01

Capítulo 18: Suspeito do telefone

— Você é tão imprestável! — Robert grita.

Ontem à noite, me segurei para não meter meu nariz em pó, mas não resisti ao baseado. Apesar de ser um progresso, não durou muito tempo. Ian me enviou uma mensagem informando que Farah Garcia morreu de overdose por consumir uma dose alta de K-09, e que agora estou em nono lugar na Hell Race. Isso destruiu todas as barreiras que construí, e não consegui mais fechar os olhos essa noite.

O pior de tudo é que a notícia se espalhou rapidamente pela cidade e está em todos os jornais, chegando até Robert. Hoje cedo, ao sair do quarto, ele me encurralou e me levou até o quintal. Seus olhos estavam mais vermelhos que os meus, o que me faz querer vomitar ao pensar que somos parecidos. Sua expressão estava ainda mais ameaçadora do que de costume.

— Eu nem a conheço! E muito menos vendi para ela! — me defendo.

Robert jura que fui eu quem forneceu as drogas para Farah, o que não é verdade, e ele não tem como saber que frequento esses lugares ou que conheço essas pessoas. No entanto, com seu enorme ego, ele está certo de que a droga veio de um de nossos lotes. Sua reação faz parecer que ele se sente culpado pela morte da garota, mas na verdade, ele está apenas com medo de que a polícia comece a investigar mais profundamente a K-09 e acabe encontrando os traficantes. E nessa lista, estamos eu e ele.

— Para de mentir. — disse ele, entredentes.

— Fala sério, não somos os únicos traficantes da cidade. — murmuro.

— Não brinque comigo, seu merdinha! — ele grita.

Sua voz ecoa pelo quintal, me fazendo olhar ao redor para ver se ninguém está ouvindo. Mas há apenas o vento, que me congela por causa da roupa de dormir que estou usando ao ar livre.

Robert passa as mãos pelo rosto e suspira raivosamente, depois se vira para mim.

— Quer saber? Foda-se, eu não ligo se foi você ou não. — sua voz treme de irritação. — Eu só espero que a polícia não investigue a morte dessa pirralha, porque se eu me ferrar nessa, você vai se ferrar mil vezes pior.

Então, ele entra às pressas em casa, batendo a porta dos fundos com um baque. Cansado, sigo seu exemplo e entro em casa, indo direto para a cozinha. Logo, percebo um cheiro estranho no ar, uma mistura de massa de biscoito com algo queimado. Ao entrar, vejo minha mãe retirando uma forma do forno, xingando baixinho enquanto inspeciona o que parece ser um lote de biscoitos mal-assados.

— Mãe? — chamo.

Minha mãe olha para mim e sorri, mas seu sorriso parece forçado, quase artificial. Seus olhos, que antes brilhavam com alegria, estão apagados e cansados. Ela tenta disfarçar a preocupação, mas não consegue esconder as linhas de tensão em seu rosto. O cheiro de biscoitos queimados ainda permeia o ar, adicionando uma sensação de desconforto ao momento. É evidente que algo está profundamente errado, e seu sorriso forçado só aumenta minha preocupação.

— Acordou cedo, meu filho? — ela coloca a forma em cima da bancada.

Me aproximo e vejo os biscoitos tostados.

— O que é isso? — pergunto.

— Biscoitos. — ela responde, pegando um deles que se esfarela na mão dela. — Ou era para ser.

— Não, isso eu sei. — mamãe me olha mais confusa do que eu. — Eu quero dizer por que você está fazendo biscoitos Você não deveria estar trabalhando?

Seus ombros se encolhem.

— Lembro que você amava esses biscoitos quando criança. — disse ela, aparentando estar pensativa, mas que logo balança a cabeça. — E bom, eu vou ir para o consultório mais tarde, aliás, eu mereço um tempo de descanso. Por que você não vai se arrumar, enquanto eu preparo o café para você e sua irmã?