Capítulo 16: Renzo

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Uma puta ressaca.

Foi assim que acordei.

Minha cabeça lateja, meus olhos estão grudados — assim como meu cabelo — e meu corpo inteiro dói, como se eu tivesse levado uma surra. Com dificuldade, abro os olhos e vejo o teto. Um teto... que não é o meu. Viro de lado para ver a hora no relógio, mas vejo apenas uma cômoda — que não é a minha — e que está sem relógio.

Mas o que...?

Me sento na cama, observando o quarto em que estou. É um quarto muito escuro. As paredes são pretas, que possuem quadros com imagens pretas, assim como o armário e as pequenas cômodas. Até mesmo a coberta que me cobre é preto. A única coisa que se destaca é a parede da janela, que fica atrás da cama, onde a parede é inteira de tijolos simétricos e um pouco alaranjados.

Confuso, saio da cama, notando as roupas que estou usando. Que obviamente não são minhas, não sei por que estou surpreso. É uma camiseta cinza, que tem algumas raízes brancas estampa nela, e uma calça de moletom. Pelo menos algo que não é preto.

Porém o que me desperta totalmente é o cheiro da camiseta. Um perfume familiar.

— Mas que porra? — xingo, mas congelo no momento em que escuto algo se mexendo na cama.

Não algo. Alguém. Dou um passo em direção a cama e vejo cabelos loiros e bagunçados. Ao me aproximar mais, observo Kyle dormindo tranquilamente.

Puta. Que. Pariu.

E o pior, ele está sem camisa, fazendo com que aparecesse ainda mais a tatuagem de seu pescoço. Por que ele está sem camisa? E por que eu dormi com Kyle? O que aconteceu?

Me pergunto mentalmente, infelizmente já sabendo a resposta. Os acontecimentos da noite passada caem sobre mim com toda força, me fazendo cambalear.

Alguém me drogou. Eu passei mal. E o pior de tudo, Kyle me beijou. Mais pior ainda, eu retribui.

— Merda. — murmuro, procurando meu celular.

Acho ele em cima da cômoda, e ao liga-lo, vejo algumas mensagens de Ian e umas trinta ligações da minha mãe.

Que maravilla.

Tentando ser o mais silencioso possível, procuro por minhas roupas. E ao encontrá-las no banheiro e secas, eu as visto. Depois, dobro as roupas de Kyle e as deixo em cima da cama. Assim, saindo do quarto na ponta dos pés e fechando a porta devagar.

No corredor, há cinco portas fechadas e vários porta retratos da família Loynd. É claro que estou na casa deles. Não tem como a situação piorar. Ando por todo o corredor e desço as escadas na ponta dos pés. Se eu tiver sorte, não vai ter ninguém acordado. Porém ao pisar no último degrau, a madeira range, me fazendo estremecer.

— Bom dia, querido. — uma voz ecoa da cozinha ao lado.

Congelado no começo da escada, respiro fundo e tomo coragem para encarar a mãe de Kyle. Ao passar pelo vão da cozinha, vejo Fran em frente ao fogão, pegando a chaleira chiando e pondo a água fervente em uma caneca. Ela levanta seu olhar para mim, e me surpreendo ao ver um sorriso reconfortante, em vez de desgosto.

— Ah, eu... Bom dia. — murmuro. — Desculpe, hã, por isso.

Não sei o que dizer a ela. Incrível como essa mulher sempre me deixa nervoso. Mas seu sorriso aumenta ainda mais.

— Por que está se desculpando? Todos os amigos dos meus filhos são bem-vindos. — ela pega outra caneca e coloca água, a oferecendo para mim com um gesto.

— Obrigado, mas eu preciso ir. — aponto para a porta da frente.

— Espero que não tenha sido meu filho que te expulsou. — sua sobrancelha sobe, deixando um questionamento misturado com ameaça.

O Rei das Corridas - Série Hell Race / Livro 01Onde histórias criam vida. Descubra agora