Capítulo 2: "A EXECUÇÃO"

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- Quem é você? Há quanto tempo você está aqui? - Falei, embaralhando as palavras.

- Prazer, meu nome é Draven. Sou o caçador de recompensas do reino de Copas.

- Meu Deus! Não acredito que é você! Com todo o respeito, você é tão lindo. Se eu fosse mulher, com certeza me encantaria por você.

- Bom, podemos resolver isso. Venha comigo.

Nesse momento, ele segurou meu braço e começou a me guiar pelo bosque. A chuva caía intensamente, as árvores balançavam com o vento forte, e o céu iluminava-se com os relâmpagos. Eu estava confuso, questionando se o famoso caçador de recompensas era realmente ele. O que ele faria comigo?

Chegamos perto de uma caverna e ele disse: "Entre, primeiro os príncipes." Fiquei surpreso com suas palavras e entrei na caverna. Ela era escura, com pinturas nas paredes, criando uma atmosfera macabra.

Chegamos a uma parte da caverna iluminada por velas, com uma grande pedra onde nos sentamos. Me acomodei e coloquei minha sesta de laranjas ao meu lado.

- Mas então, por que me trouxe aqui? - perguntei, acariciando seu braço.

- Bem, você vai gostar. Por favor, estenda seu braço - ele pediu.

- Claro, é todo seu - respondi, inclinando meu braço direito para ele.

Ele começou a desenhar um símbolo em meu braço, um pentagrama. Fiquei assustado com aquele símbolo e perguntei para que servia. Antes que eu pudesse esperar por uma resposta, ele segurou meu pescoço e me jogou com uma força sobrenatural contra a parede, fazendo minha cabeça bater e causando uma dor terrível. Caí no chão, atordoado.

Logo em seguida, ele se aproximou de mim, caído no chão, e segurou meus cabelos, puxando minha cabeça para cima. Ele então deu um golpe no chão, fazendo-me desmaiar instantaneamente.

Acordei atordoado, escutando vozes altas, minha visão estava embasada, e uma dor terrível em minha cabeça me perturbava.

- Queimem-no! Bruxo! Queimem-no agora! Ele é um demônio na terra, queimem-no!

Quando recobrei a consciência, percebi que estava amarrado a um tronco, rodeado por uma pilha de madeiras. Eu estava no centro da vila, onde todos os acusados de bruxaria eram queimados ou decapitados. Os moradores seguravam tochas acesas enquanto me encaravam.

Em meio à multidão, um padre subiu ao palco onde eu estava.

- Silêncio, por favor. Caros irmãos, estamos aqui hoje para julgar este jovem, acusado de magia negra e bruxaria.

- Não! Eu sou apenas um garoto comum, soltem-me! - gritei, debatendo-me na tentativa de me soltar.

- Cale a boca, verme! - disse o carrasco, desferindo um tapa em meu rosto.

- Bem, como eu estava dizendo, este jovem foi encontrado próximo à caverna das bruxas siamesas.

- Como assim? Quem são elas? Fui levado até lá pelo caçador de recompensas, acreditem em mim!

- Silêncio! - outro tapa foi desferido em meu rosto pelo carrasco.

- O senhor sabe que estar em cavernas ou casas de bruxas é considerado um crime, e além disso, o senhor carrega o símbolo da Besta em seu braço.

Olhei para o meu braço esquerdo e vi o pentagrama que Draven havia desenhado em mim. Ele me sabotou, era óbvio. Agora eu seria queimado injustamente.

- Isso é o suficiente, carrasco, pegue a tocha e queime esse bruxo.

A multidão começou a gritar, jubilosa, enquanto lançava pedras em minha direção.

Quando o carrasco ia acender a pilha de madeira em volta de mim, uma voz grossa ecoa de dentro da multidão.

Aquele homem gritou, a atenção de todos foi para ele. Saindo da multidão, e subindo ao palco, era um homem enorme, deveria ter uns 2 metros de altura no máximo, coberto por músculos, com um machado enorme em suas costas, seus cabelos pretos nem se quer brilhava no sol, de tão negros.

- 𝑫𝒓𝒂𝒗𝒆𝒏

- Por favor, Draven. Você sabe que os metamorfos estão condenando jovens inocentes.

- Sim, vossa alteza, irei até a vila nobre e vasculharei em busca de algum metamorfo.

- Obrigado, agora pode ir e não se esqueça do baile de máscaras, volte a tempo.

- Pode deixar, vossa alteza. Com licença.

Saio do castelo e me dirijo à vila. Passo pelo jardim do campo do castelo, mas a beleza das flores não me desperta interesse. Minha vida parece vazia. Espero encontrar algum metamorfo, pois preciso afiar meu machado.

Adentrando o bosque, percebo uma caverna estranha e decido explorá-la. Pelas pinturas nas paredes, percebo que se trata de uma caverna de bruxas.

Dentro da caverna, não encontro nada além de uma sesta com laranjas. Quem seria o descuidado o suficiente para deixar uma sesta ali? De qualquer forma, decido levar comigo para vender na vila. Saio da caverna e logo chego à vila.

- Olá, dona Malu. Como a senhora está com seus doces divinos?

- Olá, Draven. Está tudo indo bem por aqui. Só estava precisando de algumas laranjas para fazer um doce de abóbora com raspas de laranja.

- Por sorte, encontrei algumas laranjas pelo caminho. - Entrego a sesta com as laranjas para ela.

- Que estranho, essa sesta parece ser da dona Emma.

- A costureira do reino? Acho difícil, mas tudo bem. Cuide-se, dona Malu. Até mais tarde.

- Até, meu bem. Você vai assistir à execução agora?

- Que execução? - Digo desconfiado, poderia ser mais uma vítima dos metamorfos.

- É de um garoto, não sei quem é, mas dizem que ele está com a marca da Besta.

Saio correndo dali em direção ao centro da vila. Começo a ver a multidão e percebo um garoto amarrado ao tronco, prestes a ser queimado.

- Pare com essa execução! - Grito, e todos ficam em silêncio.

- Quem é você? - Pergunta o padre, olhando-me com um olhar de julgamento.

- Sou Draven Blackthorne, o caçador de recompensas do reino. E ordeno que soltem esse jovem. - Subo no palco, empurrando o carrasco.

Corto as cordas que prendiam o jovem, pego em seu braço direito e o levanto para a multidão.

- Olhem aqui, esse jovem não pratica bruxaria. - Cuspo na minha mão e passo na marca em seu braço, fazendo-a desaparecer.

- O que garante que você não é parceiro dele? Você não passa de um vagabundo, que não serve para nada. Só sabe servir ao rei, inútil.

- Escute aqui, você pode me ofender como quiser, mas lave a boca para falar do rei Lucius.

- Carrasco, me defenda e eu te pagarei depois. Agora, seu inútil!

O carrasco puxa seu machado para me atacar, mas antes que ele possa fazer qualquer coisa, corto sua cabeça, com meu machado, fazendo-a cair na multidão. O padre sai correndo, junto com a multidão assustada.

𝑪𝒐𝒏𝒕𝒊𝒏𝒖𝒂...

A LUA CHEIA (EM ANDAMENTO)Onde histórias criam vida. Descubra agora