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Vento forte judiava dos rostos presentes, agitação por toda parte da ilha e Olo'eyktan estava em uma pilha de especulações. Tempestades quase nunca atrapalhavam o cronograma atarefado da população Metkayina e aquilo era tudo, exceto uma tormenta comum. Era algo explicitamente mais intenso e aos olhos observadores de qualquer um com experiência para dizer, perigoso a quem estivesse no mar.

Preocupação rondava os parentes de quem ainda estava pelas ondas caçando. Trovoadas pareciam fazer o solo tremer e perante um cenário tão anormal e apavorante, o líder tinha que segurar as rédeas para guiar o povo. Uma ordem incerta, mas necessária para checar o bem estar de quem ainda estava no mar:

ー Solicitem um grupo de cinco, não vamos trazer mais que o preciso. Não podemos pôr mais pessoas em risco. - Um guerreiro em sua frente acenou em concordância, entre estalos e chamados verbais, todos já estavam reunidos. - Vamos patrulhar ao redor, o objetivo é encontrar os caçadores que ainda estão lá fora, mas não anula a possibilidade de que eles não sejam os únicos. Se virem feridos, ajudem. - Raios impetuosos dominavam a terra, um semblante de apreensão tomou forma no rosto de Tonowari e ele voltou rapidamente para onde Tsahik estava posicionada, dando ordens de acolhimento.

ー Preciso que seja cuidadosa. - Ronal rapidamente desviou sua atenção para o amante e o analisou profissional. Não como sua parceira, mas como Tsahik.

Por fim, ela finalmente cedeu ao encanto do marido e suspirou cansada. A criação de ambos com apenas um ano pregada em seu colo, com mãozinhas ágeis para agarrar qualquer fio que aparecesse em sua frente. Aonung era um bebê enérgico. Tonowari riu rouco com afeição imensurável e aquela imagem fez a faceta do grande Na'vi se suavizar levemente, em conjunto com a da mulher. Ele tocou o topo da cabeça do primogênito e não deixou de encarar Ronal nem por um segundo. Chãos e céus tremiam envolta dos apaixonados mas tudo parecia simplesmente parar quando estavam juntos, compartilhando de um sentimento recíproco.

Sem muitos por perto, Olo'eyktan não resistiu a informalidade e deu um beijo casto na testa da esposa. Que fechou os olhos ao receber a carícia e acenou em concordância, observando as costas do amante enquanto ele seguia para seu Tsurak.

Quando se tratava deles, não era preciso muito mais que uma troca de olhares. A comunicação dos parceiros poderia ser definida com a palavra perfeição facilmente.

Ao orientar sua montaria, Tonowari dispersou o grupo em diferentes direções e com pequenos avisos prévios alertou que todo cuidado era pouco diante uma situação estranha como aquela. As linhas brancas esganiçadas tomavam conta do véu quase negro do céu e o vento aparentava querer cegar qualquer um que tivesse a ousadia de adentrar a água. Olo'eyktan se perguntava, o que poderia ter feito a Grande Mãe tão brava.

O homem dominava as águas, mas sua montaria oscilava entre as ondas atípicas agressivas, água zurzia em seu rosto e manchava sua visão dificultando a locomoção, mas o líder Metkayina estava longe de perder sua resistência, ele seguiu em frente. Tonowari tinha lucidez o bastante para vasculhar o perímetro em busca de vítimas do clima incomum. E felizmente, não alcançou nenhuma durante suas buscas.

Quando checava mais um pedaço da ilha, uma onda consideravelmente maior do que todas as outras engoliu o animal veloz e ambos foram jogados contra a areia úmida.

Tonowari grunhiu por ser pego de surpresa e observou o Tsurak exaltado se sentir completamente deslocado dentro daquela rebeldia. Olo'eyktan suspirou, buscou em sua volta por algum Na'vi ferido e nada encontrou. Ele estava pronto para retornar, após quase uma hora de busca. Foi quando estava montando o animal que viu um cesto boiando por uma onda bruta, ele permaneceu olhando até que o objeto descansasse na areia.

Tonowari não se incomodou, deviam ser suprimentos que acabaram sendo perdidos por alguém. Estava prestes a virar sua face, quando uma mãozinha se ergueu de dentro daquele embalo em situações precárias. Os olhos do líder se estreitaram, ele dispensou a montaria ligeiramente e se aproximou da coisa. Seu coração estranhamente audível enquanto ele caminhava, estava batucando frenético. "O que significa isso?", ele pensou.

Perto o suficiente, Tonowari viu um corpinho miúdo se remexer com aparente desconforto. Estava tremendo.

O mais velho se rendeu a surpresa e não demorou muito para se agachar e desfazer os fiapos do cesto caseiro que devido ao estrago, estavam agora picando o bebê. Os resmungos do pequenino se tornaram mais altos, a criança se danou a chorar. Nos braços enormes do Na'vi, o bebê se contorceu. Mesmo com um tamanho abismal, Tonowari se mantinha o mais delicado possível ao segurar o recém nascido.

Ele desenrolou vagamente o pano que cobria o menor e foi quando percebeu, que na verdade era uma menina. Um murmúrio saiu de seus lábios ofegantes, todavia ele nem sequer sabia ao certo o que dizer naquele momento tão inesperado, consequentemente apenas um suspiro perplexo lhe escapou. A coisinha ainda tremia, e o Metkayina sabia o que devia fazer, ele se apressou em voltar a montaria e retornar pro vilarejo.

Com o maior zelo do mundo, ele tentou proteger o neném do mar feroz. Foi quando finalmente chegou a vila que se deparou com um amontoado gigante de pessoas gritantes. O povo abriu caminho pro líder e encaravam o pacotinho que ele possuía, nitidamente curiosos. Tonowari não deu espaço para perguntas e bem no meio da atração, estavam três corpos sem vida,  dois Metkayina's que haviam saído para caçar e um jovem, que devia ter menos que a metade da idade de Olo'eyktan. Parentes ajoelhados perante seus corpos gelados gritavam com descrença e choravam sem a intenção de parar. Indignados com os óbitos, pois afinal por quê? E como? A maestria dos Metkayina devia ter sido o bastante para eles terem deixado o mar com no máximo alguns arranhões. Todavia, ali estavam, seus irmãos com rasgos profundos nas pernas, barriga e rosto, o mais novo deles tinha a cauda partida. O âmago de Tonowari se contorceu com horror e mesmo com a resiliência que tinha, ficou aterrorizado. A mãe do jovem o tinha nos braços e esbravejava ao céu negro: “Meu filho...! Ó mãe, por quê? Meu menino... Não, meu menino não!”.

Ronal do lado oposto levantou seu olhar pro parceiro e encarou o bolinho enrolado que ele carregava, amargura possuía as orbes da parceira, que agora pareciam escuras demais para oferecerem conforto. Foi quando ela questionou, que tudo virou silêncio e apenas os trovões decoravam a cena mórbida.

ー O que é isso? - Sua feição dura causada pela perda que acabara de presenciar causou calafrios no macho. Mesmo com seu título, ele não ousava desafiar sua mulher, nem mesmo em seu ápice de insanidade.

ー Isto é um be... - Ao tentar finalizar sua sentença, uma trovoada mais estrondosa do que qualquer uma outra cortou sua fala.

Aflição e surpresa no rosto de praticamente todos presentes e novamente a balbúrdia incrédula foi sufocada por um raio cruel que dessa vez atingiu diretamente a doca que conectava a estrutura dos maruis. Os fios se partiram, as construções sem a ligação tombaram para água, faísca quase queimou os próximos, os gritos surgiram outra vez, a população começou a se mover aflita novamente, tudo era uma bagunça... E apesar de saber que devia ser ele a dar as ordens, a assegurar a segurança do povo, a os tranquilizar, Tonowari estava paralisado.

Até que um barulho ofuscou a desordem. O soluçar da coisa nos braços do Metkayina que tinha o corpo rígido, um choro gritante e infantil que parecia entrar em sintonia com a tormenta. Tsahik que tentava acalmar os ali presentes arregalou os olhos, encarou Olo'eyktan e vociferou:

— O que é isso, Tonowari? O que é isto?!

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Gente, nunca pensei que seria capaz de escrever uma finalização de novo. Mas cá estou... Este é um rascunho antigo que tive a coragem de completar, um pouquinho sobre o passado para que entendam os julgamentos que a Miyia sofre.
Devo confessar que já esqueci dos termos de avatar e terei que reassistir o filme se pensar em prosseguir com a obra. Não é garantia, mas quem sabe! 👀

Cap não revisado, perdão por erros ortográficos e repetições excessivas.

Espero ainda ser merecedora da sua estrelinha e opinião ❕<3

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⏰ Última atualização: Apr 07 ⏰

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A JOKE ▬▬▬ AONUNG (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora