༺𝖈𝖍𝖆𝖕𝖙𝖊𝖗༻²¹

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1864

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1864

Os dias em que minha vida começou a mudar eram comuns, quase banais. Era um dia abafado de agosto de 1864, tão sufocante que até as moscas haviam cessado seu zumbido incessante ao redor do celeiro. Meu plano era simples: passar a tarde cavalgando meu cavalo, Pesadelo, pelos bosques frescos que margeavam a propriedade Veritas, nossa fazenda. Era o que eu fazia na maioria dos dias daquele verão, frequentemente acompanhada por Stefan. Com 16 anos, eu estava saturada da monotonia diária, enquanto Stefan, ainda mais inquieto do que eu, sentia-se despreparado para se juntar ao nosso irmão Damon na guerra. Parecia que todos os anos de minha vida haviam sido uma repetição do anterior.

- Vai ser um dia dos quentes! - exclamou Robert, nosso estribeiro, da entrada do celeiro, enquanto observava dois cavalariços lutarem para montar um dos novos cavalos que meu pai havia comprado.

- É... - respondi, um tanto grunhida. Outro dilema: detestava pequenas conversas, especialmente quando era forçada a socializar. Nunca fui boa em formar amizades com pessoas que mal conhecia.

- Ouviu as últimas? - Robert tentou novamente, enquanto ainda manobrava com o cavalo. Internamente, eu revirei os olhos, mas apenas balancei a cabeça para ele continuar.

- Os ataques aos animais. Os Griffin perderam cinco frangos, todos mordidos no pescoço.

Instantaneamente, senti um arrepio subir pela minha espinha. Durante o verão, houve vários relatos sobre ataques estranhos a animais nas fazendas vizinhas. Eram geralmente pequenos, sobretudo galinhas e gansos, mas nas últimas semanas o rumor - provavelmente espalhado por Robert após alguns goles de uísque - sugeria que era obra de algum demônio.

- Talvez tenham sido cães selvagens - sugeri, tentando parecer desinteressada.

- Bom, só espero que esses cães não a encontrem enquanto estiver cavalgando sozinha - ele comentou antes de se dirigir para o pasto.

Adentrei o estábulo escuro e fresco, onde o ritmo constante da respiração e os bufos dos cavalos me acalmaram instantaneamente. Peguei a escova e comecei a cuidar do pelo macio e negro como carvão de Pesadelo, que relinchou, contente.

De repente, a porta do estábulo abriu-se levemente, e meu pai entrou. Ele era um homem alto, cuja presença imponente intimidava facilmente aqueles que cruzavam seu caminho. Suas feições eram marcadas por rugas que só reforçavam sua autoridade, e ele vestia seu traje formal, apesar do calor sufocante.

- Hannah? - ele chamou, varrendo o local com o olhar. Apesar de vivermos em Veritas há anos, ele raramente pisava no estábulo, preferindo que seus cavalos fossem preparados e trazidos até ele.

Ele caminhou até o fundo do estábulo, seus olhos encontrando rapidamente os meus.

- Temos pessoas que fazem isso, você sabe, filha.

𝑨𝒏𝒐𝒕𝒉𝒆𝒓 𝒍𝒐𝒗𝒆 ─ 𝓚.𝓜Onde histórias criam vida. Descubra agora