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Ana Flávia
New York, EUA

Dizem que existe cinco estágios de luto: negação, raiva, negociação, depressão e aceitação. Eu gostaria de adicionar mais um, um criado por mim, o que me fez pular todos os estágios diretamente para ele: o sexo.

O sexo me faz aliviar todas as minhas emoções ali. Podem dizer que parece deselegante mas cada um lida com o luto como quer e esse é o meu jeito de não desmoronar e surtar de vez.

Minha mãe, a grandiosa Michele Castela, havia morrido a um dia, seu jatinho particular caiu. E o meu pai, bom, morreu a um ano e meio, acidente de carro.

Com a morte do meu pai eu usei, claro, o sexo como meu refúgio, dormia com homens em todas as noites. Só chorei quatro meses depois, fiquei uma semana de cama totalmente desidratada.

Solto um gemido quando o pênis do cara desconhecido entre as minhas pernas me penetrou. Rebolei meu quadril e recebi uma palmada em minha bunda.

O barulho dos nosso corpos se chocando e os meus gemidos altos preencheram o banheiro. Não estava nem aí pra quem estava lá fora, não me importo. Minha mãe morreu, eu faço o que eu quiser em seu jantar de velório!

- você é gostosa pra caralho - o homem sussurra em meu ouvido com a sua voz rouca extremamente sexy.

Mordo o meu lábio quando as minha paredes internas se apertam ao redor do pau do cara e eu gozo. Não demorou muito para ele gozar também e dar mais três estocadas antes de sair de dentro de mim.

Sinto o seu líquido escorrer pela minha perna e pego um papel higiênico, limpando as minhas coxas e me livrando da porra branca.

- eu espero que você não tenha nenhuma doença! - ajeito o meu vestido e me viro de frente pro cara. Ele estava abotoando a sua calça.

- relaxa linda, só transo com camisinha. Eu realmente não tinha camisinha aqui comigo porque não imaginei que treparia em um velório. - abro um sorriso e encaro ele - o seu nome qual é?

- eu sou Ana Flávia - estendo minha mão em sua direção e ele aperta - e você, quem é ?

Ele dá um sorriso de lado. - eu sou Gustavo - ele me puxa pela mão e cola os nossos corpos, levando a boca até o meu ouvido e cochichando - foi um prazer trepar com você em um banheiro pequeno, Ana Flávia.

E com isso ele sai e me deixa sozinha no banheiro.

***

Me encosto no batendo da porta da grande sala e observo os meu irmãos sentados nos sofás, todos vestidos com roupas pretas, assim como eu.

Minha irmã Larissa, se ajeita no sofá e morde os seus lábios, pronta para começar a falar:
- será que é preciso algum de nós morrer para nós vermos?

Abaixo a cabeça e cruzo os braços. Conforme meus irmãos faziam dezoito, ele iam para outros estados fazer faculdade. Eu fui a última a sair de casa por ser a mais nova. Fiquei dois anos sem ver nenhum deles, até que minha avó por parte de mãe morreu e fomos ao velório dela.

Era sempre assim, nunca nos reunimos, só nos encontrávamos na morte de alguém.

- fazia um ano e meio que não nos víamos - meu irmão mais velho, Arthur, diz.

A morena mais alta se levanta, e olha a sala em que brincávamos juntos de nosso país.

- eu sinto falta de morar aqui, falta do papai e mamãe e falta de você. - Milena diz em um tom baixo e se levanta, saindo da sala.

Arthur se levanta e faz o mesmo que Milena. Lara me olha com um olhar julgador.

- o que foi Larissa? - caminho até a mesa de bebidas e me sirvo com uma dose de tequila com gelo.

Consolo | MIOTELAOnde histórias criam vida. Descubra agora