onze

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Gustavo Camilo 🌪️
New York, EUA

Durante essa madrugada, acordei diversas vezes quando sentia Ana se mexendo ao meu lado. Fiquei com medo de ela chorar e eu não ver por estar dormindo.

Agora deve ser por volta das cinco e meia da manhã e eu acordei novamente porque senti minha namorada se mexendo em meus braços.

Abro os meus olhos e felizmente ela ela dormindo, parece estar tranquila.

Afasto os cabelos que estavam sem seu rosto e os coloco atrás de sua orelha.

Ela estava com o nariz vermelho e os olhos inchados. Meu coração estava partido desde a hora em que cheguei aqui e a vi naquele estado.

Me lembro muito bem de quando o meu avô paterno morreu, eu era muito próximo dele e fiquei totalmente destruído quando ele se foi. É difícil quando perdemos alguém importante para a gente.

Ana Flávia é fechada, isso é evidente. Ela simplesmente não chora quando perde alguém. Joga todo o sofrimento em alguns minutos de prazer.

Ela é quebrada e a única coisa que eu quero é fazer com que todos os seus caquinhos se juntem novamente.

Beijo a sua testa e ela se remexe um pouco, abraçando o meu pescoço e se aconchegando ainda mais em meus braços.

Fecho os meus olhos e em alguns minutos estou dormindo novamente.

***

Eu havia acabado de pegar a comida em que pedi, na recepção.

Eu tinha pensado em cozinhar mas eu teria que ficar muito tempo na cozinha e teria que deixar Ana Flávia sozinha!

Entro novamente no apartamento de Ana e subo as escadas indo para o seu quarto.

Sem surpresa alguma, ela continua na mesma posição de quando sai.

Me sento na cama e seus olhinhos vermelhos e pequenos encontram aos meus.

—— vamos comer.

Ela nega com a cabeça e se vira de costas, tampando a cabeça com a coberta.

Suspiro e deixo a comida em cima do criado mudo. Me inclino na cama e pouso a mão em sua cintura.

—— você tem que se alimentar. Você não come nada desde ontem meu bem, não pode ficar sem se alimentar.

Ana nem se mexe, tiro a coberta da sua cabeça e deixo um beijo em sua bochecha.

—— nós vamos comer juntos, tenho certeza que está uma delícia. Por favor, coma!

Ela olha para mim e suspira. Ela se senta, eu pego a comida em cima do criado mudo e deixo entre nós dois.

Abro as embalagens e entrego os talheres em suas mãos.
Observo ela da sua primeira garfada e dou um sorriso.

Durante a refeição, tento distraí-la com algumas histórias da minha infância ou coisas do trabalho mas vai em vão.

Ela não disse uma palavra se quer.
Eu estou muito preocupado com ela. Vê-la assim me deixa totalmente para baixo e triste.

Quando acabamos de comer, deixo as embalagens de lado e me deito ao seu lado na cama.

Estávamos deitados um de frente para o outro. Seguro em sua bochecha e ela mantém os seus olhos fixos nos meus.

Roço meu nariz no dela antes de beijar seus lábios com leveza. Ela abre a sua boca dando passagem para a minha língua.
O beijo foi finalizado com alguns selinhos.

Faço um carinho de leve em sua bochecha e deixo um beijo em sua testa.

—— Gustavo..—— ela me chama.

—— sim?

—— você realmente quer fazer isso? —— franzi o cenho, confuso com a pergunta —— você realmente quer estar em um relacionamento comigo ou só está fazendo isso por pena?

—— eu realmente quero estar nesse relacionamento com você , Ana. Por que essa pergunta do nada?

—— eu não sei..foi tudo muito rápido. Nem nos conhecemos direto sabe? Eu tenho medo de não dar certo e eu me perder novamente. Você está me mudando Gustavo, me mudando de um jeito bom.

—— nós estamos nos conhecemos aos poucos. Ninguém entra em um relacionamento conhecendo 100% o outro, sabia? É legal estar ao seu lado, é divertido as horas que passamos juntos, nos damos muito bem.

—— sim, verdade!

Ana fica um pouco pensativa durante minutos.

As vezes eu queria saber o que se passa em sua cabeça. Ela fica pensativa por muito tempo durante o dia. Eu acho que alguns pensamentos te assombram, ficando martelando em sua cabeça regras de como ela deve ser e como deve agir.

Deve ser difícil.

Ela começou ir na psicóloga a duas semanas atrás. Não sei como está sendo porque como eu já disse, Ana é fechada e não sei como anda a sua terapia. Se está lhe fazendo bem ou não.

As vezes eu penso: Ana Flávia é a mais nova e viu todos os seus irmãos saindo de casa, se casando e tendo filhos enquanto ela não construiu uma família que nem eles .

Com certeza ela deve ser cobrada por isso a todo tempo . Imagino o peso que deve ser quando seus irmãos começam a jogar os seus defeitos na sua cara como se ela ainda fosse uma criança.

Não que eu ache certo as coisas que ela fazia antes, mas se eu tivesse uma irmã que agisse desse jeito eu não brigaria com ela ou cobraria as coisas e sim conversaria e daria apoio e formas de ela ficar bem.

Ana não é assim por culpa dela e sim por culpa de toda pressão que ela sofre desde pequena, tanto pelos pais, quanto pelos irmãos.

Ela é uma pessoa boa e agora que estou a conhecendo eu sei que aquela pose de durona e de mulher que não liga para ninguém é tudo uma máscara.

Ana é uma pessoa maravilhosa, uma pessoa que eu consigo ter horas de conversa sem enjoar, uma pessoa que aos poucos está se mostrando carinhosa e eu tenho certeza que ela será capaz de me amar sim. Eu acredito nisso e não estou nem aí se me acharem trouxa!

Se eu não acreditasse nela não teria motivos para eu ter entrado nesse relacionamento!

Abro um pequeno sorriso quando aos poucos Ana se aproxima de mim e abraça o meu ombro.

Ela está evoluindo!

***

NÃO ME MATEM NO PRÓXIMO CAPITULO
VOU VER SE POSTO MAIS UM HOJE
MAIS AMANHÃ TEM MAIS SEM FALTA
ESPERO QUE GOSTEM🤍

Consolo | MIOTELAOnde histórias criam vida. Descubra agora