Dois

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Ana Flávia
New York, EUA

Saio do elevador e vejo todos do local me observar. Ergo a cabeça e caminho pelos corredores.

Eu ainda me lembrava muito bem onde ficava a sala do chefe- que agora seria minha- então caminho até lá e abro a porta.

Olho ao redor e meus olhos param em um quadro que estava pendurado ao lado da lareira, eu e meus irmão junto de nossos pais.

Fecho meus olhos e respiro fundo, indo até a mesa.

Pego telefone que dava diretamente para a secretária —— oi, é a Ana Flávia Castela, sua nova chefe. Quero que você mande alguém aqui na minha sala para tirar os pertences antigos da minha mãe e levar até o depósito da família—— secretaria confirma do outro lado da linha e eu desligo.

Escuto batidas na porta e mando entrar. Um homem que aparentava ter uns trinta anos entra com uma papelada nas mãos.

—— sou Éric, seu assistente pessoal, é um prazer conhecer a filha da nossa grande e talentosa Michele Castela, que Deus a tenha —— ele leva a mão até o coração e eu me sento —— você deve assinar todos esses papéis até o fim do dia. E hoje o chefe de uma das empresas que temos parcerias virá aqui conversar sobre negócios!

Pego os papéis que ele entrega na minha mão e mordo os lábios pensativa —— não tem como marcar pra esse cara vir aqui depois?

—— sinto muito mas não! Já está marcado a meses. Mas relaxa, ele é um gato, você nem vai ver as horas passarem —— abro um sorriso pela forma que Éric é interativo e animado—— isso é tudo. Qualquer coisa é só me chamar.

—— obrigada Éric! —— ele sai de minha sala e eu encaro os papéis em minha mão. Era muita coisa pra ser assinada.

Bufo e pego a caneta!

***

Eu já perdi as contas de quantas vezes assinei o meu nome em papéis hoje. Estou a literalmente quatro horas fazendo isso, eu não aguento mais o trabalho, e olha que é só o primeiro dia!

Escuto o telefone tocar e coloco em meu ouvido —— Ana Flávia Castela —— digo assim que atendo.

—— o senhor Gustavo chegou, mandei ele subir —— minha secretária diz do outro lado da linda.

—— obrigada! —— desligo o telefone e deito a papelada e a caneta de lado, escuto batidas na porta e grito —— entre —— a maçaneta gira e a porta é aberta.

E por tudo que é mais sagrado, eu juro que o gostosão que eu transei no velório da minha mãe estava aqui, na minha sala, parado enquanto me olha.

—— o que você está fazendo aqui? —— ele pergunta com sua voz deliciosa e rouca.

—— eu sou a nova chefe! O que você está fazendo aqui?

—— sou Gustavo! —— ele disse como se aquilo não fosse óbvio —— por que você virou a chefe ? Você tinha algum tipo de parentesco com Isobel?

Franzo a sobrancelha —— eu sou filha dela! —— ele abre sua boca, surpreso com aquilo. Eu já estava acostumada com esse tipo de reação quando descobrem que sou filha da grandiosos Castela, fui embora da cidade aos dezoito anos e nunca estava nos sites de fofoca- diferente da minha família eu sei fazer as coisas no sigilo-.

—— Deus, Eu deveria ter me ligado, quando você me disse seu nome. Sempre soube da existência da filhinha Ana Flávia, falavam bastante de você, bem , mas muitas das vezes reclamando do seu comportamento. Você dava trabalho hein?! —— ele ajeita as mangas da sua camisa social e se senta a minha frente.

Consolo | MIOTELAOnde histórias criam vida. Descubra agora