Devo admitir que quando essa história me chegou em mãos, me recusei inicialmente a acreditar que fosse real e ainda sim, se foi ou não real, pois ia muito além dos ideais que prega uma boa aventura e além dos que podia imaginar histórias como essa é algo um tanto mítico, diria que coisa de filme ou como os romances que retratam heróis da floresta como Tarzan, Mogli, George entre outros exemplares de homem, indígenas e floresta.
Além do mais devo admitir que isso vai um pouco além pois não se trata de apenas um conto qualquer, ou uma história qualquer, ela envolve algo que sempre acreditei ser teoria da conspiração, mas o que a torna verossímil é modo como o desenrolar chega em um resultado surpreendente.Há uma pergunta que sempre me fiz a respeito dos seres humanos, e se não fossem criados inseridos em uma sociedade? O que seriam? Como seriam? Falo dos princípios mais comuns, hábitos e rótulos que não teriam, seria como uma matéria virgem, mas se o meio faz o homem então criado pelos bichos teria uma série de hábitos primitivos e selvagens, talvez sendo então impossível devolve-lo a sua natureza civil e o entregando a natureza de sua própria existência e criação. Houve no mundo diversos casos isolados de crianças que cresceram entre os animais, e contudo regatas, mas sempre ainda na idade primária da infância o que resulta em uma rápida absorção da vida selvagem, mas e se uma dessas crianças crescessem até a idade adulta, morreriam antes ou seriam como um animal humano?
Em meados de 2016 Ícaro preparou uma viagem com seu pai, seu pai William era pesquisador, portanto estava viajando sempre, e Ícaro seu filho que acabara de completar vinte anos não passava de um interesseiro, isso por que Ícaro sempre se metia nas viagens de pesquisas do pai, não em pró de ajudá-lo, afinal Ícaro ainda não tinha formação em nada embora soubesse muito de biologia como o pai que era um grande pesquisador biólogo.
Ícaro Borges conhecera diversos países a esse modo e entendeu cedo que postar fotos de suas viagens chiques rendia a si bastante cliques na internet além de status e boa fama, não que já não tivesse bom status, seu pai – Willian era um renomado pesquisador e conhecido pelo seus trabalhos, e sua mãe já falecida deixou um inventário milionário para a família Borges. Então trabalho não era nem de longe algo na qual Ícaro se preocupava, era um vagabundo de primeira linha uma vez que dinheiro não lhe faltará. Era um garoto mimado, soube fuçando em arquivos confidenciais que seu pai logo viajaria para Amazonas, mas nem de longe esse era o interesse do menino e sim que depois da Amazonas seu pai iria para África. O continente da África fora um lugar da qual não conheceu ainda, mas já havia ido para Egito, França, Alemanha, terras escocesas, Japão, indonésia, índia, Jalapão, Marrocos, Arábia, sua última viagem fora para o México, onde usou bem seu vocabulário espanhol, afinal era poliglota, falava português, espanhol, francês e inglês.
Ícaro já havia escolhido o melhor resort africano que iria após o Amazonas, estava ansioso para isso. Sua viagem para o Amazonas ao seu ver fora um tanto precária, por isso preferiria voos internacionais, subjugava-se como qualquer outro brasileiro que esse território não lhe era tão interessante embora as belezas nacionais fosse de grande interesse para suas fotos publicadas em redes sociais não era nem de longe algo que Ícaro apreciava, engraçado como sofria essa carência de apreço a sua própria identidade cultural e preferia culturas distintas de sua realidade, as vezes se portava como um residente coreano, ou japonês, ou norte americano, não tinha indentidade nacional nenhuma justamente por não evitar conhecer os lugares de seu próprio país.
Viajar para o Amazonas fora mais uma de suas certezas que viagens nacionais era horrível, mas a verdade é que todas eram e podiam ser, se uma viagem internacional atrasa por exemplo, ícaro nem se importava por saber que logo estaria fora do solo nacional, mas se uma viagem nacional atrasava era-se o fim do mundo. Então primeiro seu vôo atrasou logo na saída no estado de São Paulo, segundo que após chegar voou de avião monomotor até certo ponto do meio da floresta, depois um barco pelo rio Amazonas e por fim um helicóptero, não imaginava que Amazonas era tão grande assim, apesar de ver o mapa, achava que a ideia era muito menor em sua projeção mental, e que a floresta amazônica era minúscula, mas isso era uma não verdade constatada por si mesmo. Aos trancos e barrancos depois do pouso de helicóptero foram com um carro militar entre uma estradinha íngreme e mal feita até um assentamento militar em uma área desmatada. Por diversas vezes tirou fotos e mais fotos, mas se frustrou ao se dar conta de que ali já não havia mais sinal de celular, se frustrou mais ainda quando soube que os militares confiscariam aparelhos celulares no assentamento, portanto escondeu o seu.