Tudo o que viam era a mata, naquela noite escura e densa, o som das árvores, por conta da chuva os animais barulhentos se recolheram e por tanto não havia um barulho sequer se não da chuva, e de algumas aves ou animais entre as árvores se abrigando da garoa de águas geladas.
Ambos parados de frente para o breu, Ícaro não via nada, nem mesmo ninguém via, exceto o GPS pulsando o ponto vermelho que estava parado a alguns metros de distância em sua frente dentro da floresta.O silêncio e atenção se dissipou no ar, todos os soldados incluindo a Almirante miravam para a floresta em direção ao inimaginável escuro. Foi quando a luz do GPS pulsou numa aproximação incomum, e rápido e pulsante a bolinha, a mesma que Ícaro interagia com Felipe rolou da floresta até os pés de Ícaro, a bolinha vermelha já não parecia mais tão cíclica, estava deteriorada, mas na mesma pulsava a luz vermelha o geo-localizador que outrora estava na ponta da orelha de Felipe, pregado como se prega o gado. Ícaro olhou pra aquilo assustado, notará manchas de sangue na bolinha, talvez Felipe estivesse ferido, ou fosse sangue de suas próprias mãos, irritado Michael disparou uma rajada de tiros contra a mata. Não acertou em nada nem em nenhum ser exceto nas árvores em questão.
Deu um grito irritado.— Maldito — exclamou Michel.
Naquele instante exato momento Beatriz em ato de rebeldia se ergueu, e correndo em direção ao Michel o derrubou no chão, o momento de distração fora perfeito, e mesmo sendo baleada por uma série de rajadas de tiro seu objetivo estava feito, Ícaro havia escapado e aproveitou o momento oportuno para correr em direção a mata.
Sem rumo e desatando a correr embrenhou-se na mata enquanto disparos de tiros fora dados em sua direção, até esquvou-se mas um dos tiros atingiu de raspão seu braço, o sangue quente não fez notar por conta da adrenalina em questão, mas parte da carne havia se dilacerado. Continuou correndo, assustado, sem rumo e sem enxergar, se enfiando mais e mais na floresta, todos os focos de luz do assentamentos fora sumindo, o som dos farfalhar das folhas o assustou, agora em meio ao escuro parecia que todo atenção estava sobre si e todos os animais selvagem estavam de olho nele.Não se deu conta do quão se distanciou, resolveu então voltar, se correu em linha reta, voltar em linha reta talvez ajude, mas não foi o que aconteceu, depois de andar um pouco e não ver nada se deu conta estava perdido. Seu coração parou de palpitar, as mãos amarradas para trás limitava a locomoção, foi quando inesperadamente sentiu seu corpo ser içado pela cintura, e tão leve quanto se ergue um bebê apenas com um dos braços fora retirado do solo úmido, primeiramente pensou que havia sido morto, não abriu os olhos, mas observou com os mesmos semicerrados que parecia voar entre as copas das árvores, até que finalmente fora deixado em cima de um tronco, uma árvore tão grande e larga que surpreendeu-se com a grossura daquele tronco de árvore firme.
Quando se virou Felipe estava em sua frente, avidamente o frio que estava em sua barriga por estar em lugar alto passou, se sentiu seguro em saber que ali estava alguém que o protegeria, e todo o medo da floresta e da escuridão também se foi, ali havia um clarão noturno natural e não só isso agora parece que seus olhos acostumara com a escuridão da noite e nada era tão escuro quanto imaginava, a floresta é tão bonita a noite quanto de dia, entre as nuvens do céu nublado a luminosidade da lua cheia tentava sobressair das nuvens de garoa fina que já começava a se dissipar, mas ainda sim estavam cobertos ali da tempestade.
Ícaro correu para os braços fortes de Felipe em um abraço, mas instintivamente com qualquer outro homem apaixonado Felipe sabia o que fazer e por isso o beijou, beijou os lábios de Ícaro, como nos livros que viu, como nas fotos de Dra. Beatriz lhe mostrou dos filmes clássicos no cinema, mas Felipe sabia que estranhamente o Ícaro não era uma fêmea de sua espécie, e ainda sim não via maldade naquele desejo e vontade que lhe cercava, não era dotado de preconceitos sociais, nem de rótulo, nem nada, ali estava um homem cru e selvagem, não dotado de qualquer ideologia social, movido apenas por desejo e vontade, movido pelo sentimento e esse era o seu sexto sentido, o sentimento, sem ele Felipe não teria sobrevivido, não teria a capacidade intuitiva tão bem dotada quanto de qualquer outro ser humano. Felipe amava Ícaro, e Ícaro agora amava Felipe tal como dá primeira vez que o viu.
Ícaro empurrou cautelosamente com a cabeça e esquivou de Felipe estando assustado com o ato que fora também involuntário de sua parte, pois também o beijara, notará ainda estar de mãos amarradas para trás e portanto estava nos braços de Felipe, se suas mãos estivessem livres o empurraria sutilmente de certo.
Ícaro se virou, e Felipe com a faca que ganhara tirou a da cintura e cortou a abraçadeira de reunia os pulsos presos de Ícaro, livrando suas mãos. Ícaro retomou seu corpo ficando se frente para Felipe, podia ver seus olhos, sua rosto e não hesitou em tocar o mesmo num carinho, Felipe fechou os olhos sentindo aquele carinho.
Há alguns metros dali, o helicóptero levantou vôo, imediatamente ambos foram interrompidos. Felipe se assustou, nunca havia visto uma coisa tão assustadora e barulhenta quanto aquela, ficou horrorizado, mostrou os dentes como faz um gato selvagem e espichou-se. Mas outra coisa o chamou a atenção, uma tropa de homens que invadiam a mata com lanternas e bem armados.
— Meu pai... Felipe o celular, precisamos sair daqui, onde você colocou o telefone, aquele que te dei lembra? — disse Ícaro desesperado fazendo sinais com as mãos para indicar o que queria.
Felipe o olhou confuso, mas pensou bem e se lembrou, então Felipe fez sinal de silêncio e abaixou se induzindo Ícaro a abaixar-se também. Em seguida Felipe fez um sinal para Ícaro
— Esperar o Felipe, aqui, esperar! — Felipe disse saltou de um galho ao outro.
Felipe tinha os braços fortes para se locomover e isso não foi algo que aprendeu da noite para o dia, descobriu que estar acima e não abaixo era mais seguro depois de uma bravia luta com uma pantera negra, e não só isso, Felipe caiu muito dos topos de arvore e em uma das vezes deslocou os dois ombros de uma só vez na queda o que lhe causou dias, meses de repouso e cartilagens mal colocadas que cicatrizaram naquele modo fazendo assim com que seu ombro torcesse numa capacidade não humana, além disso aconteceu o mesmo com os dedos das mãos, todos eles já foram quebrados e mal encaixados mas o suficiente dapatados.
Nas pesquisas dos próprios cientistas se surpreenderam como fato de Felipe ter ossos a mais mas logo entenderam que não era bem isso, na verdade fora a variação de um osso quebrado mal colado que não lê causará deformidade visual alguma mas uma série de benefícios para sua própria sobrevivências, capacidades que o ajudavam a matar, caçar e em suma sobreviver. Agora Felipe já na vida adulta era ótimo em todo os seus complexos meios adaptativas, melhor do que muitos atletas e capaz de superar em grandes saltos, tinha uma leveza e uma confiança em seu corpo tão qual um pássaro tem nas asas, Felipe na verdade planava, voava entre as árvores.Felipe daria um ótimo ginasta, um ótimo dançarino, um ótimo malabarista, ótimo saltador e lançador, ótimo assassino, tão qual lutador, sabia fazer um duplo carpado com facilidade sem nem saber o que isso era, sabia dar piruetas triplas e séries de mortal no ar, conseguia fazer com gracejo e delicadeza de um modo tão silencioso que entrava entre as árvores, entre os galhos como se entra por uma argola em modalidade olímpicas. Seus pés eram bons aterrissar, seu corpo bom em planar, ele sabia fluir, qual galho se pendurar sem cair, conhecia desde o galho fino, ao galho grosso e até mesmo os apodrecidos.
Ícaro pode ver ele pular e no ar e dar uma pirueta segunda de um mortal, mas não mais do que isso pois o mesmo se embrenhou nas copas de árvore baixa e nem mesmo um ruído se quer fizera, foi como um mergulho na escuridão.
Ícaro ficou ali sozinho e assustado enquanto helicóptero voava em direção oposta em busca deles do outro lado da mata, era possível ver as lanternas em meio a escuridão. E Felipe aproveitou o momento para se divertir com os homens que o machucaram, primeiro usou uma corda feita de ramos firmes lançou a mesma no pescoço de um dos rapazes, um daqueles soldados que lhe dera choque interminável com o bastão para gados e tão breve puxou a corda que nem o rapaz se deu conta que estava em seu pescoco, o homem foi içado e levantou dando rajadas de tiros que pegaram alguns em seus aliados matando apenas um deles e deixando dois feridos. Felipe fez por puro ódio, sim ele infelizmente tinha esse instinto de vingança e de sobrevivência, um pouco perverso, mas ao fazer isso Ícaro se assustou olhando em direção ao evento.
Mas nem só de pervesidade fora feito Felipe, embora tivesse escolhido a dedo o soldado que mataria aquilo chamou a atenção de homens que se aproximavam da árvore alta onde Ícaro estava e embora ele estivesse muito alto a se perder de vista em uma enorme árvore, era arriscado que fosse visto, nesse caso era bom não arriscar.