Planos frustrados

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Se Ícaro não fosse quem era de certo estaria morto, e de certo Felipe já teria tentado como inúmeras vezes escapar, senão estaria sedado exatamente e como vivia sendo sedado há meses, mas agora passava muito tempo acordado, os sedativos eram poucos usados, agora somente em pesquisa e exames mais elaborados.

General Michel vendo aquilo identificou algo na qual não queria entender de imediato, quando olhos apaixonados encontram outro é nítido a cena e então notara o olhar de ambos em uma paixão iminente, sentiu um ponta de ciúme alastrar por dentro de todo o seu ser, como podia um humano e uma besta humana apaixonar-se? Pensou em intervir mas sua curiosidade lhe fizera sentar em uma das cadeiras, e também em sua mente pairava uma ponta de ambição, claro que se aquele homem selvagem aprendesse coisas de mais podia virar seu inimigo mas e se lhe fosse induzido e ensinado a ser uma arma de matar em prol do exército? Então ele seria bem mais interessante.

Ícaro retirou de sua blusa um dicionário, fora muito difícil encontrar mas roubou de um dos homens que trouxeram para seu próprio divertimento pessoal e passagem de tempo, muitos livros do acervo eram livros velhos e estragados ou científicos de mais para ensinar Felipe. O dicionário era velho de folha úmidas e páginas mofadas, mas Ícaro indicou algumas palavras com marca texto, Felipe estava aprendendo a juntar palavras e sílabas em seus estudos de leitura diária. Mas havia algo a mais que precisava entregar a Felipe.

Caminharam de modo inocente até a área forrada onde Felipe dormia, um travesseiro, um colchão velho e tecidos no chão feito um cão velho, sentaram-se. Estavam basicamente de frente ao vidro vigia, sendo vigiados. Felipe instintivamente  sabia que havia pessoas ali e por isso hora ou outra encarava o vidro, e agora mais ainda com a presença estranha do cheiro ameaçador de Michel.

Disfarçadamente, enquanto fingia ensinar Felipe algumas palavras, escorregou uma pequena faca para baixo do travesseiro de Felipe, e Felipe notou aquilo.

— Felipe — falou baixinho como se o ensinasse pois sabia que estava tendo sua voz captada pelos microfones da sala — Essa palavra aqui está vendo...

Passou o dedo sobre liberdade significado, depois buscou no dicionário uma outra palavra – inimigos – o contrário de amigos, buscou outra palavra gritafada, estava formando uma frase. Felipe podia ser iletrado mas o cérebro era humano e capacidade de inteligência dele era de um homem adulto e não de uma criança, aprender e entender não era muito difícil, embora fosse desafiador de mais para Felipe.
Felipe pegou seu bloquinho de papel e seus giz de cera,  —foi o que ganhara de Dra. Beatriz —, e nesse caderno de papel fez vários rabiscos e desenhos como uma criança de cinco anos, tinha uma enorme dificuldade de usar o único giz de cera já que os outros ele devorou achando que era algo de comer, até entender que aquilo não se era algo de se devorar.

— Felipe não entender isso — resmungou se esforçando em disfarçar tão qual quanto Ícaro.

Fez um rabisco na folha fingindo escrever, estava disfarçando, ao sentir a pulsação de pavor de ícaro sabia que ícaro estava fazendo algo perigoso, sabia da insegurança, o suor que brotava da pele de ícaro, os batimentos cardíaco, o descompassado engolir de saliva, Ícaro começou a se preocupar, tinha apenas dois dias para ajudar Felipe a escapar.

— Ícaro e Felipe família — disse baixinho — Amigo e família. Felipe não quer ir para a selva, Felipe quer ficar com Ícaro.

Ícaro olhou para o vidro vigia, passou a mão em sua própria têmpora estando agoniado com o fato de não saber o que fazer, enquanto do outro lado do vidro rolava uma discussão sobre aquela situação entre Michel, Beatriz e Bones..

Felipe ao se dar conta da áurea de agressividade do outro lado do vidro, mesmo sem ver quem estava lá se ergueu e espichou se mostrando o dentes para o vidro, preparou-se ficando em posição de ataque, Ícaro se levantou assustado ao ver a postura agressiva de Felipe, Felipe moveu a cabeça como se estivesse olhando alguém andar através da parede até a porta que se abriu, e Michel apareceu na porta com uma arma em mãos.

FELIPEOnde histórias criam vida. Descubra agora