À PRIMEIRA VISTA PT3

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- Agora são, yoongi e Rosalie têm 18 anos, mas estão com a Sr.kimCria eles desde que tinham 8 anos. Ele é tio deles ou coisa assim.
- Isso é bem legal... Eles cuidarem de todas essas crianças, quando eram
tão pequenos e tudo isso.
- Acho que sim - admitiu Jessica com relutância, e tive a impressão e que por algum motivo ela não gostava do médico e do esposo. Com os
olhares que ela atirava aos filhos adotivos, eu imaginava que o motivo era
inveja. - Mas acho que a Sr. Kim não pode ter filhos - acrescentou ela,
como se isso diminuísse sua bondade. Em toda essa conversa, meus olhos disparavam sem parar para a mesa onde se acomodava a estranha família. Eles continuavam a olhar para as paredes e não comiam.
- Eles sempre moraram em Forks? - perguntei. Certamente eu os teria
percebido em um dos verões aqui.
- Não - disse ela numa voz que dava a entender que isso devia ser óbvio, até para uma recém-chegada como eu. - Só se mudaram há dois anos,
vindos de algum lugar do Alasca. Senti uma onda de pena, e também alívio. Pena porque, apesar de lindos,
eles eram de fora, e claramente não eram aceitos. Alívio por eu não ser a
única recém-chegada por aqui, e certamente não ser a mais interessante, por
qualquer padrão.
Enquanto eu os examinava, o mais novo, um dos kim virou-se e encontrou meu olhar, desta vez com uma expressão de evidente curiosidade.
Quando desviei os olhos rapidamente, me pareceu que o olhar dele trazia
uma espécie de expectativa frustrada.
- Quem é o garoto de cabelo preto escuro? - perguntei. Eu o espiei pelo canto
do olho e ele ainda estava me encarando, mas não aparvalhado como os outros
alunos. Tinha uma expressão meio frustrada. Olhei para baixo novamente.
- É o Jungkook. Ele é lindo, é claro, mas não perca seu tempo. Ele não
namora. Ao que parece, nenhuma das meninas daqui é bonita o bastante
para ele. - Ela fungou, um caso claro de dor-de-cotovelo. Eu me perguntei
quando é que ele a tinha rejeitado.
Mordi o lábio para esconder meu sorriso. Depois olhei para ele de novo. Seu rosto estava virado para o outro lado, mas achei que sua bochecha parecia erguida, como se ele também estivesse sorrindo.Depois de mais alguns minutos, os quatro saíram da mesa juntos. Todos eram muito elegantes - até o grandalhão de cabelo castanho cor de mel . Era perturbador de ver. O garoto chamado jungkook não olhou novamente para mim.
Fiquei sentada à mesa com Jessica e os amigos dela por mais tempo do que
teria ficado se eu estivesse sozinho. Estava ansioso para não me atrasar para as
aulas no meu primeiro dia. Uma de minhas novas conhecidas, que me lembrava repetidamente de que seu nome era Angela, tinha biologia comigo no próximo tempo. Seguimos juntas em silêncio para a sala. Ela também era tímida.
Quando entramos na sala, Angela foi se sentar em uma carteira de tampo preto exatamente como aquelas que eu costumava usar. Ela já tinha uma parceira. Na verdade, todas as cadeiras estavam ocupadas, exceto uma. Ao lado do corredor central, reconheci jeon jungkook por seu cabelo incomum,
sentado ao lado daquele lugar vago. Enquanto eu andava pelo corredor para me apresentar ao professor e conseguir que assinasse minha caderneta, eu o observava furtivamente. Assimque passei, ele de repente ficou rígido em seu lugar. Me encarou novamente,
encontrando meus olhos com a expressão mais estranha do mundo - era
hostil, furiosa. Desviei os olhos rapidamente, chocado, ruborizando de novo.
Tropecei em um livro no caminho e tive que me apoiar na beira de uma mesa.
A menina sentada ali riu.
Olhei para os olhos dele eram pretos - pretos como carvão.
O Sr. Banner assinou minha caderneta e me passou um livro, sem nenhum dos absurdos das apresentações. Eu podia dizer que íamos nos dar bem. É claro que ele não teve alternativa a não ser me mandar para o lugar vago
no meio da sala. Mantive os olhos baixos enquanto fui me sentar ao lado dele,
desconcertada pelo olhar hostil que ele me lançava.
Não olhei para cima ao colocar os livros na carteira e tomar meu lugar, mas,
pelo canto do olho, vi sua postura mudar. Ele estava inclinado para longe de
mim, sentado na ponta da cadeira, e desviava o rosto como se sentisse algum
fedor. Imperceptivelmente, cheirei meu cabelo. Tinha cheiro de morango, o
aroma de meu xampu preferido. Parecia um odor bem inocente. Deixei meu
cabelo cair no ombro direito, criando uma cortina escura entre nós, e tentei
prestar atenção no professor.
Infelizmente a aula era sobre anatomia celular, uma coisa que eu já tinha estudado.
De qualquer modo, tomei notas cuidadosamente, sempre olhando para baixo. Não conseguia deixar de espiar de vez em quando, através da tela de meus
cabelos, o estranho garoto sentado ao meu lado. Durante toda a aula, ele não
relaxou um minuto da postura rígida na ponta da cadeira, sentando-se o
mais distante possível de mim. Eu podia ver que suas mãos na perna esquerda estavam fechadas em punho, os tendões sobressaindo por baixo da pele
clara. Isso também ele não relaxou. Estava com as mangas compridas da camisa branca enroladas até o cotovelo e o braço era surpreendentemente rijo e
musculoso sob a pele clara. Ele não era nem de longe frágil como parecia ao lado do irmão mais forte. A aula parecia se arrastar mais do que as outras. Seria porque o dia finalmente estava chegando ao fim, ou porque eu esperava que o punho dele
relaxasse? Não aconteceu: ele continuou sentado tão imóvel que nem parecia
respirar. Qual era o problema dele? Será que este era seu comportamento
normal? Questionei a avaliação que fiz da amargura de Jessica no almoço de
hoje. Talvez ela não fosse tão ressentida quanto eu pensava.
Isso não podia ter nada a ver comigo. Até hoje ele nem me conhecia.
Eu o espiei mais uma vez e me arrependi disso. Ele agora me encarava
de cima, os olhos pretos cheios de repugnância. Enquanto eu me afastava,
encolhendo-me na cadeira, de repente passou por minha cabeça a expressão
como se pudesse me matar.
Naquele momento, o sinal tocou alto, fazendo-me pular, e Jungkook já estava fora de sua carteira. Com fluidez, ele se levantou de costas para
mim - era muito mais alto do que eu pensava - e estava do lado de fora
da porta antes que qualquer outro tivesse saído da carteira.
Fiquei paralisado no meu lugar, encarando inexpressiva as costas dele.
Era tão mesquinho. Não era justo. Comecei a pegar minhas coisas devagar,
tentando bloquear a raiva que se espalhava em mim, com medo de que meus
olhos se enchessem de lágrimas. Por algum motivo, minha ira era canalizada
para meus dutos lacrimais. Normalmente, eu chorava quando estava com
raiva, uma tendência humilhante.
- Você não é a park jimin? - perguntou uma voz de homem.
Olhei para cima e vi um rapaz bonitinho com cara de bebê, o cabelo louro-claro cuidadosamente penteado com gel em pontas arrumadinhas, sorrindo para mim de maneira simpática. Ele obviamente não achava que eu cheirava mal.
- jimin - eu o corrigi, com um sorriso.- Meu nome é Mike.
- Oi, Mike.
- Precisa de ajuda para encontrar sua próxima aula?
- Vou para a educação física. Acho que posso encontrar o caminho.
- É minha próxima aula também. - Ele parecia impressionado, mas
não era uma coincidência assim tão grande numa escola tão pequena.
Fomos para a aula juntos. Ele era um tagarela - alimentou a maior parte
da conversa, o que facilitou minha vida. Tinha morado na Califórnia até os 10
anos, então sabia como eu me sentia com relação ao sol. Por acaso também era
meu colega na aula de inglês. Ele foi a pessoa mais legal que conheci hoje.
Mas enquanto entrávamos no ginásio, ele perguntou:
- E aí, você furou o jeon com um lápis ou o quê? Nunca o vi agir daquele jeito.
Eu me encolhi. Então não fui o único a perceber. E ao que parecia aquele não
era o comportamento habitual de Jeon Jungkook. Decidi me fazer de burro.
- Era o garoto do meu lado na aula de biologia? - perguntei naturalmente.
- Era - disse ele. - Parecia estar sentindo alguma dor ou coisa assim.
- Não sei - respondi. - Nunca falei com ele.
- Ele é um cara estranho. - Mike se demorou ao meu lado em vez de ir
para o vestiário. - Se eu tivesse a sorte de me sentar do seu lado, conversaria
com você.Eu sorri para ele antes de ir para a porta do vestiário masculino. Ele era
simpático e estava na cara que gostava de mim. Mas não foi o suficiente para
atenuar minha irritação.
O professor de educação física, treinador Clapp, encontrou um uniforme
para mim mas não me fez vesti-lo para a aula de hoje. Em Phoenix, só exigiam dois anos de educação física. Aqui, a matéria era obrigatória nos quatro anos. Forks literalmente era meu inferno particular na Terra.
Fiquei assistindo a quatro partidas de vôlei que aconteciam simultaneamente. Lembrando quantas lesões eu sofri - e infligir - jogando vôlei, me Senti meio nauseado.
O último sinal finalmente tocou. Andei devagar para a secretaria para
entregar minha caderneta. A chuva tinha ido embora, mas o vento era forte
e mais frio. Eu me abracei.Ao entrar no escritório aquecido, quase me virei e voltei para fora.
Jeon jungkook estava parado junto à mesa na minha frente. Reconheci
de novo aquele cabelo bronze desgrenhado. Ele não pareceu ter ouvido minha entrada. Fiquei encostada na parede de trás, torcendo para que a recepcionista ficasse livre.
Ele estava discutindo com ela numa voz baixa e cativante. Rapidamente
peguei a essência da discussão. Ele tentava trocar o horário de biologia por
qualquer outro horário - qualquer outro.
Não consegui acreditar que fosse por minha causa. Tinha de ser outra coisa,
algo que acontecera antes de eu entrar na sala de aula. A expressão dele devia
ter sido por outro aborrecimento totalmente diferente. Era impossível que este estranho pudesse ter uma repulsa tão súbita e intensa por mim.A porta se abriu de novo e de repente uma rajada do vento frio entrou pela
sala, espalhando os papéis na mesa, jogando meu cabelo na cara. A menina que
entrava limitou-se a ir até a mesa, colocou um bilhete na cesta de arame e saiu
novamente. Mas Jungkook se enrijeceu de novo e se virou lentamente
para olhar para mim - o rosto era absurdamente lindo - com olhos penetrantes e cheios de ódio. Por um momento, senti um arrepio de puro medo, que eriçou os pêlos de meus braços. O olhar só durou um segundo, mas me
gelou mais do que o vento frio. Ele voltou a se virar para a recepcionista.
- Então deixa para lá - disse asperamente numa voz de veludo. - Estou vendo que é impossível. Muito obrigado por sua ajuda. - Virou-se sem
olhar para mim, desaparecendo porta afora.
Fui humildemente até a mesa, minha cara branca de imediato ficando
vermelha, e entreguei a caderneta assinada.
- Como foi seu primeiro dia, querido? - perguntou a recepcionista
num tom maternal.
- Bom - menti, a voz fraca. Ela não pareceu se convencer.
Quando fui para a picape, era quase o último carro no estacionamento.
Parecia um abrigo, a coisa mais próxima de uma casa que eu tinha neste
buraco verde e úmido. Fiquei sentado lá dentro por um tempo, só olhando,
sem enxergar pelo pára-brisa. Mas logo estava frio o bastante para precisar
do aquecedor, virei a chave e o motor rugiu. Voltei para a casa de Charlie,
lutando com as lágrimas por todo o caminho até lá.
_______________________________acabou

CREPÚSCULO (Jikook)Onde histórias criam vida. Descubra agora