LIVRO ABERTO PT2

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Ele era perfeitamente educado agora. Eu tinha que falar; ele estava esperando. Mas eu não
consegui pensar em nada convencional pra dizer.
- C-como você sabe o meu nome? - eu gaguejei.
Ele sorriu um sorriso leve, encantador.
- Oh, eu acho que todo mundo sabe o seu nome. A cidade inteira esteve esperando você
chegar.
Eu fiz uma careta. Eu sabia que havia sido algo assim.
- Não - eu insistir estupidamente. - Eu quis dizer, porque você me chamou de jimin?
Ele pareceu confuso. - Você prefere park jimin?
- Não, eu gosto de jimin - eu disse. Mas Charlie- quer dizer meu pai- deve me chamar de
Park jimin pelas costas é assim que todos parecem me conhecer  eu tentei explicar, me sentindo
como o mais burro entre os s burros.
- Oh - ele deixou sair. Eu olhei pro outro lado me sentindo estranho.
Por sorte, o Sr. Banner começou a aula nessa hora. Eu tentei me concentrar na experiência
que faríamos na aula hoje. Os slides na caixa estavam fora de ordem. Trabalhando como parceiros
de laboratório, nós tinhamos que separar os slides em tipos de raizes das espécies de células das
fases da mitose que eles representavam e etiquetas adequadamente. Nós não podíamos usar os
nosso livros. Em vinte minutos ele voltaria pra ver quem havia acertado.
- Comecem - ele ordenou.
- Primeiro você, parceiro? - Jungkook perguntou. Eu olhei pra cima pra vê-lo sorrindo um
sorriso tão lindo e fofo que me lembrava um coelho,que eu não podia fazer nada além de olhar pra ele como um idiota.
- Ou eu posso começar, se você quiser. - O sorriso sumiu; ele estava obviamente
imaginando se eu era mentalmente competente.
- Não - eu disse ficando corado. - Eu vou na frente.
Eu estava me mostrando, só um pouquinho. Eu já havia feito essa experiência, e eu sabia o
que eu estava procurando. Só podia ser fácil. Eu coloquei o primeiro slide no lugar embaixo do
microscópio e ajustei a lente para o objetivo de 40 X. Eu estudei o slide brevemente.
Minha avaliação foi confiante. - Prófase.
- Você se importa se eu der uma olhada? - ele perguntou quando eu comecei a remover o
slide. A mão dele segurou a minha, para me parar, quando ele perguntou. Os dedos dele eram
frios como gelo, como se ele tivesse colocado-a no gelo antes de entrar na sala de aula. Mas não
foi por isso que eu puxei minha mão tão rápido. Quando ele tocou minha mão, eu sentí uma
punção como se uma corrente elétrica tivesse passado por nós.
- Me desculpe - ele murmurou tirando sua mão imediatamente. No entanto, ele continuou
tentando alcançar o microscópio. Eu observei ele, ainda vacilante, enquanto ele examinava o
microscópio por um tempo ainda menor do que eu.
- Prófase - ele concordou, escrevendo cuidadosamente no primeiro espaço em branco da
nossa folha de trabalho. Ele rapidamente trocou o primeiro slide pelo segundo, e então olhou
curiosamente para ele.
- Anáfase - ele murmurou, escrevendo no papel enquanto falava.
Eu mantive minha voz indiferente. - Posso?
Ele sorriu maliciosamente e me passou o microscópio.
Eu olhei pela lente ansiosamente, só pra me desapontar. Droga, ele estava certo.
- Slide três? - eu levantei minha mão sem olhar pra ele.
Ele me passou; parecia que ele estava sendo cuidadoso para não tocar minha pele de novo.
Eu dei a olhada mais rápida que eu consegui.
- Intérfase. - Eu passei o microscópio antes que ele pudesse pedir. Ele deu uma olhada
rápida e então escreveu. Eu podia ter escrito enquanto ele olhava sua escrita limpa e elegante me
intimidou. Eu não queria sujar a folha com os meus garranchos desajeitados.
Nós terminamos antes que qualquer outra pessoa estivesse perto. Eu podia ver Mike e sua
parceira comparando dois slides de novo e de novo, e outro grupo tinha aberto o livro por debaixo
da mesa.Isso não me deixou outra alternativa a não ser tentar não olhar pra ele...sem sucesso. Eu
olhei pra cima, e ele estava olhando pra mim, aquele inexplicável olhar de frustração nos seus
olhos. De repente eu percebi qual era a súbita diferença no rosto dele.
- Você usa lentes de contato? - eu soltei sem pensar.
Ele pareceu confuso pela minha pergunta inesperada. - No.
- Oh - eu murmurei. - Eu achei que havia algo diferente nos seus olhos.
Ele encolheu os ombros e olhou pra longe.
De fato, eu tinha certeza que algo estava diferente. Eu lembrava vividamente aquela cor
negra nos olhos dele na última vez que ele olhou pra mim - a cor era facilmente notável em
contraste com a sua pele pálida e seu cabelo negro. Hoje os olhos dele tinham uma cor
completamente diferente: uma cor estranha, mais escuros que Whisky, mas com a mesma
tonalidade dourada. Eu não entendia como isso podia estar acontecendo, a não ser que por algum
motivo ele estivesse mentindo sobre as lentes de contato. Ou talvez Forks estivesse me deixando
louco no sentido literal da palavra.
Eu olhei pra baixo. As mãos dele estavam apertadas contras os punhos de novo.
O Sr.Banner veio até a nossa mesa nessa hora, pra ver porque não estavamos trabalhando.
Ele olhou por cima dos nossos ombros para ver a experiência completa, e então olhar ainda mais
atentamente para checar as respostas.
- Então, Jungkook, você não achou que park jimin podia ter uma chance com o microscópio? - o
Sr.Banner perguntou.
- jimin. - Jungkook corrigiu automaticamente. - Na verdade, ele identificou três dos cinco.
Sr.Banner olhou pra mim agora, sua expressão era cética.
- Você já fez essa experiência antes? - ele perguntou.
Eu sorrir timidamente - Não com raízes de cebola.
- Blástula de peixe branco?
- É.
Sr. Banner concordou com a cabeça. - Você estava numa colocação avançada no programa
de Phoenix?
- Sim.
- Bem - ele disse depois de um momento. - Eu acho que é bom que vocês dois serem
parceiros de laboratório. - ele murmurou algo mais enquanto ia embora. Depois que ele foi
embora, eu comecei a batucar no meu caderno de novo.
- É uma pena sobre a neve, não é? - Jungkook perguntou. Eu tinha a sensação de que ele
estava se esforçando pra conversar bobagens comigo. A paranóia me atingiu de novo. Era como
se ele tivesse ouvido minha conversa com Jéssica no almoço e estivesse tentando provar que eu
estava errada.
- Não muito - eu respondi honestamente, ao invés de tentar ser normal como todo mundo.
Eu ainda estava tentando desalojar o estúpido sentimento de suspeita e não conseguia me
concentrar.
- Você não gosta do frio. - Não era uma pergunta.
- Ou do molhado.
- Forks deve ser difícil de viver pra você - ele meditou.
- Você não faz idéia - eu murmurei obscuramente.
Ele pareceu fascinado pelo que eu disse, por algum motivo que eu não podia imaginar. O
rosto dele era uma distração tão grande que eu tentei não olhar pra ele mais do que a cortesia
pedia.
- Então, porque você veio pra cá?
Ninguém havia me perguntado isso- não diretamente como ele perguntou, exigente.
- É...complicado.
- Eu acho que consigo acompanhar - ele pressionou.
Eu pausei por um longo momento, e então comecei o erro de encontra o seu olhar. Seus olhos dourados escuros me confundiram, e eu respondi sem pensar. Minha mãe casou novamente - eu disse.
- Isso não parece tão complicado - ele discordou, mas de repente estava simpático. -
Quando isso aconteceu?
- Setembro passado - minha voz pareceu triste até para mim mesma.
- E você não gosta dele - Jungkook presumiu seu tom ainda gentil.
- Não, Phil é legal. Talvez novo demais, mas legal o suficiente.
- Porque você não ficou com eles?
Eu não conseguia compreender o seu interesse, mas ele continuou a me olhar com olhos
penetrantes, como se a história chata da minha vida fosse de alguma forma vitalmente
importante.
- Phil viaja muito. Ele joga bola pra se sustentar. - Eu dei um meio-sorriso.
- Eu já ouvir falar dele? - ele perguntou, sorrindo em resposta.
- Provavelmente não. Ele não joga bem. Só na menor liga. Ele se muda muito.
- E sua mãe te mandou pra cá pra poder viajar com ele. - ele disse novamente como uma
suposição, não uma pergunta.
Meu queixo levantou uma fração – Não, ela não me mandou, eu mandei a mim mesmo.
As sobrancelhas dele se encontraram. - Eu não entendo. - ele admitiu e pareceu
excessivamente frustrado com o fato.
Eu suspirei. Porque eu estava explicando isso pra ele?
Ele continuou a me encarar com obvia curiosidade.
- No início ela ficou comigo,mas ela sentia a falta dele. Eu a fiz infeliz, então eu decidir que
estava na hora de passar umas horas de qualidade com Charlie. - Minha voz estava mal-humorada
quando eu terminei.
- Mas agora você está infeliz - ele apontou.
- E? - eu desafiei.
- Isso não me parece justo - ele encolheu os ombros mas seus olhos ainda estavam
intensos.
Eu sorrir sem humor. - Nunca te contaram? A vida não é justa.
- Eu acredito que eu já tinha ouvido isso antes - ele concordou secamente.
- Então isso é tudo - eu insistir, me perguntando porque ele ainda estava me olhando daquele
jeito.
O olhar dele se tornou avaliativo. - Você faz um belo show - ele disse vagarosamente. - Mas
eu seria capaz de apostar que você está sofrendo mais do que deixa os outros verem.
Eu fiz uma careta pra ele, tentando controlar o impulso de mostrar minha língua pra ele
como uma criança de cinco anos e olhei pro outro lado.
- Estou errado?
Eu tentei ignora-lo.
- Eu acho que não - ele disse.
- Porque isso importa pra você? - eu perguntei irritado. Eu mantive os olhos distantes,
observando o professor andando pela sala.
- Essa é uma pergunta muito boa - ele murmurou, tão baixo que eu imaginei se ele estaria
falando consigo mesmo. Porém, depois de alguns minutos de silêncio, eu percebi que essa era a
única resposta que eu receberia.
Eu suspirei e olhei para o quadro negro carrancuda.
- Eu estou te aborrecendo? - ele me perguntou parecendo divertido
Eu olhei pra ele sem pensar...e disse a verdade de novo. - Não exatamente. Eu estou
aborrecida comigo mesma. Meu rosto é tão fácil de ler- minha mãe sempre me chama de livro
aberto. - eu fiz cara feia.
- Pelo contrário, eu acho você bem difícil de ler. - Apesar de tudo o que eu disse e de tudo
que ele adivinhou, ele parecia sincero.
- Você deve ser um bom leitor então - eu repliquei.Geralmente - ele sorriu largamente, mostrando uma série de dentes perfeitos e super
brancos.
Sr.Banner pediu ordem na sala, e eu me virei aliviado para ouvir.
Eu não conseguia acreditar que eu havia acabado de explicar minha vida melancólica para
esse bizarro e lindo garoto que pode ou não me desprezar. Ele pareceu absorvido pela nossa
conversa, mas agora eu podia ver pelo canto do meu olho, que ele estava se mantendo longe de
mim de novo, as mãos dele agarrando a borda da mesa, com inegável tensão.
Eu tentei fingir que prestava atenção enquanto o Sr. Banner explicava com transparências
no projetor, o que eu havia visto antes com dificuldade pelo microscópio. Mas os meus
pensamentos eram indóceis.
Quando o sinal finalmente tocou, Jungkook correu tão rapidamente e graciosamente da sala
como na segunda feira passada. Eu o observei maravilhada.
Mike pulou rapidamente pra o meu lado e pegou os meus livro pra mim. Eu imaginei com um
rabinho balançando.
- Aquilo foi horrível - ele gemeu. - Todos eles pareciam exatamente iguais. Você tem sorte
por ter kim como parceiro.
- Eu não tive nenhum problema - eu disse, com raiva pela suposição dele. Eu me arrependi
do esnobismo na hora. - Eu já havia feito essa experiência - eu falei antes que eu pudesse magoar
os sentimentos dele.
- kim pareceu amigável o suficiente hoje - ele comentou enquanto vestíamos os casacos
de chuva. Ele não pareceu feliz com isso.
Eu tentei parecer indiferente: Eu me pergunto qual era o problema dele na segunda
passada.
Eu não consegui me concentrar na conversa de Mike enquanto caminhávamos para a aula
de Educação Física, e também não fiz muito pra me manter concentrada. Ele nobremente cobriu
a minha posição e a sua própria, então eu só saia da minha posição quando era a minha vez de
sacar. O meu time se abaixava e saia do caminho sempre que era a minha vez.
A chuva era só uma névoa quando eu caminhei para o estacionamento, mas eu estava mais
contente quando eu entrei na cabine seca. Eu liguei o aquecedor, pela primeira vez sem me
importar com o barulho ensurdecedor do motor. Eu baixei o zíper do meu casaco, baixei o capuz e
afofei meu cabelo para que o aquecedor o secasse no caminho pra casa.
Eu olhei ao redor pra ter certeza de que o caminho estava limpo. Foi aí que eu vi a figura
ereta, branca. Kim Jungkook estava encostado na porta do seu Volvo á três carros de distância
de mim e olhando atentamente na minha direção.
Eu rapidamente olhei pra longe e dei a ré na caminhonete quase batendo num Toyota
Corolla na minha frente.
Pra sorte do Corolla, eu pisei no freio a tempo. Esse é exatamente o tipo de carro que o meu
carro deixaria em pedacinhos. Eu respirei fundo, olhando pra fora pelo outro lado do meu carro, e
cautelosamente tirei o carro, com mais sucesso.
Eu olhei direto para a frente quando eu passei pelo Volvo, mas pela minha visão periférica,
eu poderia jurar que vi ele rindo.

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CREPÚSCULO (Jikook)Onde histórias criam vida. Descubra agora