Eu disse a Charlie que tinha um monte de dever de casa pra fazer, e que não queria nada
pra comer. Haviam um jogo de Basquete sobre o qual ele tava todo excitado, apesar de que eu não
conseguia imaginar o que havia de tão especial sobre isso, então ele não estava prestando
atenção em nada diferente no meu rosto ou no meu tom.
Quando eu cheguei no meu quarto, eu tranquei a porta. Eu cavei na minha mesa até
encontrar meus velhos fones, e pluguei eles no meu CD player. Eu peguei um CD que Phil havia
me dado de Natal. Era de uma das minhas bandas favoritas, mas eles usaram baixo e agudo
demais pro meu gosto. Eu o coloquei no lugar e deitei na cama. Eu coloquei os fones, apertei Play,
e aumentei o volume até que machucou os meus ouvidos. Eu fechei meus olhos, mas a luz ainda
incomodava, então eu coloquei um travesseiro em cima do meu rosto.
Eu me concentrei bem calmamente na música, tentando entender a letra, para desvendar os
complicados padrões da bateria. Na terceira vez que eu ouvir o CD, eu conhecia pelo menos as
letras dos refrões. Eu estava surpresa de ver que no fim eu realmente gostei da banda, assim que
eu consegui ultrapassar o barulho. Eu teria que agradecer ao Phil mais um vez.
E funcionou. O barulho perturbador tornou impossível pensar, que era o propósito da
tentativa. Eu ouvir o Cd de novo e de novo, até que eu estava acompanhando todas as músicas,
até que, finalmente, eu peguei no sono.
Ei abrir meus olhos num lugar familiar. Consciente em algum lugar da minha mente de que
eu estava sonhando, eu reconheci a luz verde da floresta. Eu podia ouvir as ondas batendo nas
rochas em algum lugar próximo. E eu sabia que se eu encontrasse o oceano, eu encontraria o sol,
mas então, lee taemin estava lá, apertando a minha mão, me levando de volta para a parte
escura da floresta.
- taemin? Qual é o problema? - eu perguntei. Seu rosto estava assustado enquanto ele lutava
com todas as suas forças contra a minha resistência; eu não queria voltar para o escuro.
- Corra, Jimin, você precisa correr - ele cochichou, aterrorizado.
- Por aqui, Jimin - eu ouvia a voz de Mike me chamando por dentro das árvores escuras, mas
eu não conseguia vê-lo.
- Porque? - eu perguntei, ainda lutando contra Taemin, agora desesperada para achar o sol.
Mas Taemin largou a minha mão e ganiu¹, tremendo de repente, caindo no chão escuro da
floresta. Ele se contorcia enquanto eu observava cheia de horror.
- Taemin! - eu gritei. Mas ele tinha sumido. Em seu lugar havia um grande lobo com um pêlo
marrom-avermelhado com olhos pretos. O lobo foi pra longe de mim, em direção á costa, os pêlos
nos seus ombros estavam eriçados, leves urros saindo entre os seus caninos expostos.
- Jimin, corra - Mike chamou de novo atrás de mim. Mas eu não me virei. Eu estava vendo
uma luz se aproximar de mim vindo da praia.
Então Jungkook saiu de dentro das árvores, sua pele brilhando fracamente, seus olhos negros
e perigosos. Ele levantou uma mão e me convidou a ir com ele.
O lobo ganiu á meus pés.
Eu dei um passo, indo na direção de Jungkook.
- Confie em mim - ele pediu.
Eu dei outro passo.
O lobo se lançou no espaço entre eu e o vampiro, os caninos virados na direção da jugular.
- Não! - eu acordei pulando na minha cama.
Meu movimento súbito fez com que os fones puxassem o CD player da mesa e ele fez um
ruído enorme no chão de madeira.
Minha luz ainda estava acesa, e eu estava completamente vestida na cama, de sapatos. Eu
olhei, desorientado, para o relógio na minha penteadeira. Eram cinco e meia da manhã.
Eu gemi, caí pra trás, e rolei sobre o meu rosto, chutando as minhas botas. Mesmo assim,
eu estava desconfortável demais pra chegar em qualquer lugar próximo do sono. Eu rolei de volta
e desabotoei o meu jeans, tirando eles de uma forma estranha enquanto eu tentava ficar na horizontal. Eu podia senti meu cabelo, um volume desconfortável contra o meu
crânio. Eu me virei de lado e tirei a tiara de elástico, rapidamente desfazendo a com os meus
dedos. Eu coloquei o travesseiro sobre os meus olhos.
Foi inútil, é claro. Meu subconsciente havia drenado todas as imagens que eu estava
tentando evitar tão desesperadamente. Eu ia ter que enfrenta-las agora.
Eu sentei, minha cabeça rodou um pouco, eu pensei comigo mesmo,
O banho, porém, não demorou tanto quanto eu esperava. Mesmo demorando para secar
meu cabelo, eu logo estava sem coisas pra fazer no banheiro. Eu me enrolei numa toalha e fui
para o meu quarto. Eu não sabia se Charlie ainda estava dormindo ou se já havia saído. Eu fui
olhar pela janela, a viatura não estava mais lá.
Pescaria de novo.
Eu me vestir lentamente com o meu sweater mais confortável e então arrumei minha cama,
algo que eu nunca fiz. Eu não podia mais adiar. Eu fui para a minha mesa e liguei meu velho
computador.
Eu odiava usar a Internet aqui. Meu modem era tristemente ultrapassado, meu serviço grátis
era inferior; só a conexão demorou tanto que eu decidi ir buscar um tigela de cereal para mim
enquanto eu esperava.
Eu comi vagarosamente, mastigando cada pedaço cuidadosamente. Quando eu terminei eu
lavei a tigela e a colher, sequei os dois e guardei. Meus pés se arrastavam enquanto eu subia pela
escada. Eu fui até o meu CD player primeiro, pegando ele do chão e colocando-o precisamente no
centro da mesa. Eu tirei os fones, e então os guardei na gaveta da mesa. Então eu liguei o Cd,
colocando nas músicas mais barulhentas.
Com outro suspiro, eu me virei para o computador. Naturalmente a tela estava lotada de
pop-up. Eu sentei na minha cadeira e comecei a fechar todas as janelinhas. Eventualmente eu
consegui entrar no meu site de buscas favorito. Eu fechei mais alguns pop-ups e digitei uma só palavra.
Vampiro.
Levou um tempo enlouquecedor, é claro. Quando os resultados apareceram, havia muito o
que peneirar, tudo de filmes e programas de Tv á jogos de Vídeo-game, bandas de metal, e
companias de cosméticos góticas.
Então eu achei um site que parecia promissor - Vampiros de A á Z.
Eu esperei pacientemente até que ele baixasse, clicando rapidamente em todas as janelinhas
que apareciam na tela. Finalmente a tela estava completa - um fundo branco simples com letras
pretas, com escrita acadêmica. Duas frases me saudaram na página inicial:
Pelo vasto mundo obscuro dos fantasmas e demônios não existe figura tão terrível, nenhuma
figura tão horripilante e detestável, mesmo assim causadora de tal fascinação, como o vampiro,
que é nem fantasma nem demônio, mas ainda assim, divide a natureza obscura e possue as
terríveis e misteriosas qualidades de ambos.
Reverendo Montague Sommers.
Se existe no mundo uma coisa tão bem-atestada, essa coisa são os vampiros.
Provas não faltam
- entrevistas oficiais, testemunhos de pessoas conhecidas, de cirurgiões,
de padres, de magistrados; as provas judiciais são mais completas. E com tudo isso, quem é que
não acredita em vampiros?
Rousseau
O resto do site era uma lista em ordem alfabética dos diferentes mitos envolvendo vampiros
ao redor do mundo. O primeiro no qual eu cliquei, o Danag, era um vampiro das Filipinas
supostamente responsável por trazer o tarô para as ilhas há muito tempo atrás. O mito aindacontava que Danag trabalhou com os humanos durante muitos anos, mas a parceria acabou
quando uma mulher cortou o seu dedo e o Danag sugou toda a sua vitalidade, gostando tanto do
sabor do seu sangue que acabou drenando totalmente o sangue do seu corpo.
Eu lí cuidadosamente todas as descrições, procurando por alguma coisa que me parecesse
familiar, pra não dizer plausível. Parecia que a maioria das histórias de vampiros possuiam lindas
mulheres como demônios e crianças como vítimas; eles pareciam querer criar histórias para
explicar os altos índices de mortalidade entre as crianças, e criar para os homens uma boa
desculpa para serem infiéis.
Muitas das histórias envolviam espíritos desencarnados e avisos sobre enterros impróprios.
Nada se parecia muito com o que eu via nos filmes, só alguns poucos, como o Hebreu Estrie
e o polonês Upier, que ocasionalmente estavam ocupados bebendo sangue.
Só três links me chamaram a atenção: O romênio Varacolaci, um morto-vivo poderoso, que
podia aparecer como um humano lindo, com a pele pálida; o Eslovaco Nelapsi, uma criatura tão
forte e veloz que pode um vilarejo inteiro em apenas uma hora depois da meia-noite; e um outro,
o Stregoni benefici.
Sobre esse havia penas uma breve frase.
Stregoni benefici: Um vampiro italiano, destinado a ser do lado do bem, e inimigo mortal dos
vampiros maus.
Era um alivio, aquele link, o único mito que aclamava a existência de vampiros do bem.
No geral, porém, havia pouco que coincidisse com as histórias de Taemin ou com as minhas
próprias observações. Eu fiz um pequeno catálogo na minha mente enquanto eu lía e
cuidadosamente comparava cada mito. Velocidade, força, beleza, pele pálida, olhos que mudam
de cor. E então o critério de Taemin: bebedores de sangue, inimigos dos lobisomens, peles frias e
imortais.
Haviam muito poucos mitos que se encaixavam em cada fator.
E então, outro problema, que eu lembrei de um pequeno número de filmes que eu havia assistindo e que foi trazido á tona pela leitura de hoje
- vampiros não devaim poder sair de dia, o sol
poderia transaformá-los em cinzas. Eles dormem em caixões o dia inteiro e só saem á noite.
Importunada, eu desliguei o computador no botão pricipal, sem esperar pra que ele
desligasse apropriadamente. Apesar da minha irritação, eu estava extremamente envergonhada.
Era tudo tão estúpido. Eu estava sentado no meu quarto, pesquisando sobre vampiros. O que é
que havia de errado comigo? Eu decidi que grande parte da culpa estava na entrada de Forks
-uma península inteira, pra falar a verdade.
Eu queria sair de casa, mas não havia nenhum lugar que eu quisesse ir que ficasse a menos
de três dias de viagem de carro.
Eu calcei as minhas botas mesmo assim, sem ter certeza de pra onde eu iria, e desci as
escadas. Eu vesti o meu casaco de chuva sem olhar o clima e saí porta á fora.
Estava nublado, mas ainda não estava chuvendo. Eu ignorei minha caminhonete e comecei a
avançar á norte a pé, virando no quintal de Charlie e andando em direção á floresta. Não demorou
muito até que eu já estivesse longe o suficiente da casa pra não ver mais a estrada, pra que o
único som audível fosse o som dos meus passos na terra e as gotas de orvalho que caiam das
copas.
Haviam um leve rastro da trilhas que guiava o caminho pra dentro da floresta, de outra
forma eu jamais me arriscaria a ir lá sozinho daquele jeito. Meu senso de direção era desastroso;
eu podia me perder em lugares muito mais seguros. A trilha continuava mais e mais funda dentro
da floresta, mais longe do que eu podia dizer. Ela passava pelas árvores ordenadas e pelas
cicutas, pelas madeiras de teixos e pelos arbustos. Eu só conhecia vagamente as árvores ao meu
redor, e o que eu sabia era só de ver Charlie apontando elas pra mim da viatura há anos atrás.
Muitas delas eu não conhecia, outras delas eu não tinha como ver porque elas estava
completamente cobertas de parasitas verdes.
Eu seguí na trilha tão longe quanto a minha raiva me levou. Quando ela começou a
abrandar, eu diminuí o ritmo. Algumas gotas cairam em mim da árvore sobre minha cabeça, maseu não sabia dizer se era de uma chuva que estava começando ou do orvalho de ontem, que
estava nas folhas, que agora estavam lentamente voltando para a terra. Uma árvore recentemente
derrubada - eu sabia que era recente porque ela ainda não estava completamente coberta de
musgos - descansava sobre o tronco de outra das suas irmãs, criando um banquinho a apenas uns
poucos passos da trilha. Eu passei pelos galhos e cuidadosamente, me certificando de que a minha
jaqueta estava entre o ascento sujo e as minhas roupas onde quer que elas tocassem, e inclinei
minha cabeça protegida com o capuz contra a árvore ainda em pé.
Esse foi o lugar errado pra vir. Eu devia ter advinhado, mas onde mais eu poderia ter ido? A
floresta era de um verde escuro e se parecia demais com a cena do sonho de ontem pra permitir á
minha mente um pouco de paz. Agora que já não haviam mais os sons de passos, o silêncio era
penetrante.
Os pássaros estavam quietos, também, e as gotas caiam com uma certa frequência, então
devia ser a chuva. As samambaias ficavam mais altas que eu, agora que eu estava sentado, e eu
sabia que alguém podia andar entre os troncos a três passos de distância e não me enxergar.
Aqui entre as árvores era muito mais fácil acreditar nos absurdos que haviam me deixado
envergonhada em casa.
Nada mudou nessa floresta por milhares de anos, e todos os mitos e lendas de centenas de
locais diferentes me pareciam muito mais possíveis aqui do que no meu quarto.
Eu me forcei a focar nas duas perguntas mais vitais que eu tinha que responder, mas eu fiz
isso sem vontade.
Primeiro, eu tinha que decidir se a história que Taemin me contou sobre os Kim's podia ser
verdade.
Imediatamente minha mente respondeu com um ressonante não. Era ridículo e mórbido
pensar em tais coisas. Mas o que, então? Eu perguntei a mim mesma.
Não havia nenhuma explicação razoável que explicasse como eu estava viva nesse
momento. Eu escutei mais uma vez na minha cabeça as coisas que eu observei sozinho: a incrível
velocidade, a força, os olhos mudando de preto pra dourado e preto de novo, a beleza inumana, a
pele pálida, gelada. E mais - pequenas coisas que se registraram lentamente - como eles nunca
comiam, a graça perturbadora com a qual se movimentevam. E o jeito como eles falavam b, com
um sotaque pouco familiar e frases que se encaixariam melhor num romance da virada do século
do que numa sala de aula do século vinte e um.
Ele faltou a aula no dia em que fariamos o teste sanguínio. Ele não disse que não iria para a
praia até que eu disse pra onde íamos. Ele parecia saber o que todos ao redor dele estavam
pensando... exceto eu.
Ele havia me dito que o vilão, perigoso...
Poderiam os kim's ser Vampiros?
Bem, eles eram alguma coisa. Alguma coisa fora das possibilidades de justificações rationais
estava acontecendo diante dos meus olhos incrédulos. Fossem os frios de Taemin ou as minhas
teorias sobre super-heróis, kim Jungkook não era...humano.
Ele era algo mais.
Então- talvez. Essa seria a minha única resposta sobre o assunto no momento.
E então a pergunta mais importante de todas. O que é que eu ia fazer se fosse verdade?
Se Jungkook fosse vampiro - eu mal podia me forçar a pensar nas palavras - então o que eu
deveria fazer? Envolver outra pessoa estava absolutamente fora de questão. Nem eu mesmo
conseguia acreditar; ninguém a quem eu contasse ia me dar bola.
Só duas opções pareciam práticas. A primeira era seguir o conselho dele: ser inteligente,
evitá-lo tanto quanto fosse possível. Cancelar os nossos planos, e voltar a ignorá-lo o máximo que
eu pudesse. Fingir que havia uma parede de vidro impenetrável nos separando na aula quando
éramos forçados a ficar juntos. Dizer pra ele me deixar em paz- e falar sério dessa vez.
Eu estava preso num repentino sentimento de agonia quando pensei nessa alternativa.
Minha mente rejeitou a dor, rapidamente me levando á próxima opção.Eu não podia fazer nada de diferente. Afinal, se ele era algo...sinistro, até agora ele não fez
nada pra me machucar. Na verdade, Tyler teria muito do que se arrepender se ele não tivesse
agido tão rápido. Tão rápido, eu discutí comigo mesma, que pode ter sido simplesmente uma
questão de reflexos. Mas se eram reflexos que salvavam vidas, não podia ser tão ruim. Eu
considerei. Minha cabeça girava sobre eixos invisíveis.
De uma coisa eu tinha certeza, se é que eu tinha certeza de alguma coisa. O Jungkook
obscuro no meu sonho da noite passada foi só um reflexo meu medo das palavras de Taemin, e não
de Jungkook.
Mesmo assim, quando eu gritei aterrorizado por causa do ataque do lobisomem, não foi o
medo do lobo que fez o "não" brotar dos meus lábios. Foi o medo que ele pudesse se machucar- mesmo quando ele me chamou com os caninos expostos, eu temi por ele.
E eu sabia que aí estava a minha resposta. Eu não sabia nem se havia outra escolha, na
verdade. Eu já estava envolvido demais. Agora que eu sabia- se eu sabia - eu não podia fazer
nada sobre os meus segredos assustadores. Porque quando eu pensava nele, na voz dele, nos
seus olhos hipnóticos, a força magnética de sua personalidade, eu não queria nada além de estar
com ele agora mesmo.
Mesmo se... Mas eu não conseguia pensar nisso agora. Não aqui, na floresta escura, não
quando a chuva fazia tudo escurecer como o crepúsculo sobre as copas das árvores e pareciam
com passos no chão de terra. Eu tremí e me levantei rapidamente do meu local de ocultação,
preocupado que de alguma forma a trilha tivesse desaparcido com a chuva.
Mas estava lá, a salvo e clara, seguindo o seu caminho pelo labirinto respingante.
Eu a seguí apressadamente, meu capuz próximo do meu rosto, me surpreendendo, quando
quase me batia nas árvores, com o quanto havia ido longe. Eu comecei a imaginar se eu
realmente estava saíndo de la, ou me embrenhando ainda mais nos confins da floresta. Antes que
eu tivesse um ataque de pânico, porém, eu comecei a reparar em alguns espaços entre as teias de
galhos. E então eu ouví um carro passando na rua, e eu estava livre, a grama de Charlie se
estendia na minha frente, a casa de recebendo, prometendo calor e meias secas. Era só meio dia
quando eu entrei. Eu subí e me vestí para o resto do dia, jeans e uma camiseta, já que eu ia ficar
me casa. Eu não tive que me esforçar muito pra me concentrar na tarefa do dia, um trabalho
sobre Macbeth que era pra ser entregue na quarta-feira. Eu me concentrei no perfil do duro
projeto contentemente, mais sereno do que eu me sentia desde...bem, desde a última quinta-
feira, pra ser honesto
Esse sempre foi meu jeito, de qualquer forma. Tomar decisões era a parte difícil pra mim,
isso eu tinha que reconhecer. Mas uma vez que a decisão estivesse tomada, eu simplesmente
fazia o que tinha que ser feito- geralmente aliviada por ter tomado uma decisão. Ás vezes o alivio
era corrompido pelo desespero, como a minha decisão de vir pra Forks. Mas isso era melhor do
que degladiar com as alternativas.
Essa era uma decisão ridiculamente fácil de aceitar. Perigosamente fácil.
Então o dia estava quieto, produtivo - eu terminei o meu trabalho antes das oito.
Charlie chegou com uma bela captura, e eu fiz um lembrete mental para comprar um livro
de receitas pra peixes quando eu fosse pra Seattle na semana que vem. Os calafrios que
percorriam a minha espinha toda vez que eu pensava nessa viagem não eram diferentes dos que
eu tinha antes da história de Taemin. Eles deveriam ser diferentes, eu pensei. Eu devia ter
medo - eu sabia que devia, mas eu não conseguia sentir o tipo certo de medo.
Eu não sonhei naquela noite, exausto por ter começado o meu dia tão cedo, e ter dormido
tão mal durante a noite. Eu acordei, pela segunda vez desde que eu cheguei em Forks, com o
brilho amarelo de um dia de sol. Eu fui olhar pela janela, aturdida por ver que mal havia uma
nuvem no céu, e aquelas que haviam eram só pedacinhos macios de algodão que não poderiam
estar carregando chuva alguma. Eu abrí a janela, surpresa por ela ter aberto tão facilmente, sem
emperrar, mesmo sem ter sido aberta em todos esses anos - e suguei o ar relativamente seco.
Estava quase quente e quase não ventava. Meu sangue pulsava elétrico nas veias.Charlie estava terminando o café da manhã quando eu descí, e ele percebeu o meu humor
imediatamente.
- Belo dia lá fora. - Ele comentou.
- Sim - eu concordei com um sorriso.
Ele sorriu de volta, seus olhos castanhos se enverrugando nos cantos. Quando Charlie sorría
era mais fácil perceber porque minha mãe havia aceitado se casar tão rápido.
Grande parte daquele jovem romântico havia desaparecido antes que eu tivesse nascido,
como o cabelo castanho e cacheado- mesma cor, se não textura dos meus- tinham sumido,
lentamente revelando mais e mais a pele brilhante da testa dele. Mas quando ele sorria, eu podia
ver um pouco do homem que fugiu com Renée quando ela não era nem dois anos mais velha do
que eu sou agora.
Eu tomei meu café da manhã alegremente, observando as partículas de poeira que
apareciam por causa da luz do sol que entrava pela janela de trás. Charlie deu adeus, e eu ouví a
viatura se afastar de casa. Eu hesitei na porta de casa, a mão na minha jaqueta. Deixá-la em casa
era tentador. Com um suspiro, eu a embrulhei no braço e saí para a luz brilhante que eu já não via
há meses.
Á custo de cotovêlos melados de graxa, eu conseguí abrir as duas janelas da minha
caminhonete quase completamente. Eu fui uma das primeiras a chegar na escola; eu nem tinha
olhado para o relógio na minha pressa de sair. Eu estacionei e me dirigí para os bancos de
piquenique raramente utilizados, no lado sul da cafeteria. Os bancos ainda estavam um pouco
sujos, então eu sentei na minha jaqueta, feliz por dar um uso a ela. Meu dever de casa já estava
terminado- resultado de uma vida social desgraçada - mas haviam alguns problemas de
Trigonometria que eu não sabia se estavam certos. Eu peguei meu livro cheia de vontade de
trabalhar, mas na metade do primeiro problema eu já estava sonhando acordada, olhando a luz do
sol brincar com as árvores e suas casacas vermelhas.
Eu olhava desatentamente para as margens do meu dever de casa. Depois de alguns
minutos, eu me dei conta de que havia desenhado cinco pares de olhos pretos me olhando pela
página. Eu os apaguei com uma borracha.
- Jimin! - eu ouví alguém chamar, e parecia ser Mike.
Eu olhei em volta para me dar conta de que a escola já estava cheia enquanto eu estava
sentado aqui, ausente. Todo mundo estava usando camisetas, alguns até de shorts, apesar de a
temperatura não estar acima dos 18 graus.
Mike estava vindo na minha direção vestindo besmudas Khaki e uma camisa de Rúgby
listrada, acenando.
- Ei, Mike - eu cumprimentei, acenando de volta, incapaz de ser pouco receptivo numa
manhã como essa.
Ele veio se sentar ao meu lado, os seus cabelos arrepiados tinham uma brilhante cor
dourada no sol, um sorriso rasgando o seu rosto. Ele estava tão contente em me ver que eu não
pude deixar de me sentir gratificado.
- Eu não tinha reparado antes, o seu cabelo é um pouco rúivo - ele comentou, pegando
entre os dedos uma mecha que estava flutuando com a brisa suave.
- Só no sol.
Eu fiquei um pouco desconfortável quando ele colocou a mecha atrás da minha orelha.
- Belo dia, não é?
- Meu tipo de dia - eu concordei.
- O que você fez ontem? - o tom dele era provavelmente muito autoritário.
- Eu trabalhei no meu projeto. - Eu não mencionei que já havia acabado, não havia
necessidade de parecer presumido.
Ele bateu na testa com a mão. - Oh, é -é pra quinta-feira, não é?
- Umm, quarta, eu acho.
- Quarta? - ele fez uma careta. - Isso não é bom... O que você está escrevendo no seu?
- Se o tratamento de Shakespeare para com as mulheres era misógino.Ele me encarou como se eu tivesse falado em Latin.
- Eu acho que terei que trabalhar nisso hoje á noite - ele disse, vazio. - Eu ia te perguntar se
você queria sair.
- Oh - eu fui pego fora de guarda. Porque eu não podia mais conversar com Mike sem a situação ficar estranha?
- Bom, nós podíamos sair pra jantar ou alguma coisa assim...e eu podia trabalhar nisso
depois - ele sorriu pra mim esperançosamente.
- Mike - eu odiava ser colocado contra a parede. - Eu acho que não é a melhor idéia.
O rosto dele desmoronou. - Porque não? - ele perguntou, seus olhos cuidadosos. Meus
pensamentos foram parar em Jungkook, imaginando se era nisso que ele estava pensando também.
- Eu acho... e se você repetir isso em outro lugar eu vou te espancar até a morte - eu
ameacei. - Mas eu acho que machucaria os sentimentos de Jéssica.
Ele estava desnorteado, obviamente ele não havia pensado nisso. - Jéssica?
- Sério, Mike, você é cego?
- Oh - ele exalou, claramente confuso. Eu me aproveitei disso pra fazer a minha fuga.
- É hora da aula, eu não posso me atrasar de novo - eu agarrei os meus livros e os enfiei na
minha mochila.
Nós caminhamos em silêncio até a sala de aula, e a expressão dele estava distraída. Eu
esperava que fossem quais fossem esses sentimentos nos quais ele estava inundado, que eles o
levassem para a direção correta.
Quando eu ví Jéssica em trigonometria, ela estava estourando de entusiasmo. Ela, Angela, e
Lauren estavam indo á Port Angeles esta noite pra comprar vestidos para o baile, e ela queria que
eu fosse também, apesar de eu não precisar de um vestido. Não havia o que decidir. Podia até ser
legal sair da cidade com algumas amigas, mas Lauren estaria lá. E quem sabe o que eu poderia
estar fazendo nessa noite... mas definitivamente não era me envolver nesse tipo de situação. É
claro que eu estava feliz com o sol. Mas esse não era o único responsável pelo meu humor
eufórico, nem de perto.
Então eu dei a ela um talvez, dizendo a ela que eu teria que falar com Charlie antes.
Ela não falou de nada além do baile no caminho para a aula de Espanhol, continuando
depois da aula como se nem tivesse sido interrompida, cinco minutos depois estávamos indo
almoçar. Eu estava preocupada demais com os meus próprios pensamentos pra pensar no que ela
estava dizendo. Eu estava dolorosamente ansioso pra ver não só ele, mas todos os kim's- pra
compará-los ás novas suspeitas que estavam na minha mente. Enquanto eu cruzava a entrada da
cafeteria, eu sentí o primeiro formigamento de medo descer a minha espinha e se alojar no meu
estômago. Será que eles tinham como adivinhar o que eu estava pensando? E então eu tive um
outro formigamento- será que Jungkook estaria esperando pra sentar comigo?
Como de costume, eu olhei para a mesa dos kim's. Um arrepio de pânico fez meu estômago
tremer quando eu percebi que ela estava vazia.
Com um resto de esperança eu vasculhei o resto da cafeteria, esperando encontrá-lo
sozinho, esperando por mim.
O lugar estava praticamente lotado- nós nos atrasamos em Espanhol- mas não havia sinal de
Jungkook ou de ninguém da sua família. A desolação me atingiu com uma força devastadora.
Eu cambaleei ao lado de Jéssica, sem me importar mais em fingir que estava prestando
atenção.
Nós estavamos atrasados o suficiente pra encontrar todo mundo na nossa mesa. Eu evitei
uma cadeira vazia ao lado de Mike e preferí me sentar ao lado de Angela. Eu vagamente reparei
que Mike segurou a cadeira educadamente pra Jéssica se sentar, e o rosto dela se iluminou em
resposta.
Angela perguntou algumas sobre o trabalho sobre Macbeth, que eu respondí tão
naturalmente quanto pude enquanto mergulhava em sofrimento. Ela, também, me convidou para
sair essa noite com elas, e agora eu concordei, me agarrando em qualquer coisa que me
distraísse.Eu me dei conta de que estava agarrando a última ponta de esperança quando entrei na
aula de Biologia, ví o lugar vazio, e me deixei levar por outra onda de desapontamento.
O resto do dia passou devagar, sem graça. Na Educação Física, nós tivemos uma palestra
sobre os princípios do Badminton, a próxima tortura á qual eles iam me expor. A melhor parte foi
que o treinador não chegou a terminar, então amanhã eu teria outro dia livre. Não importa que
depois desse dia eles iam me armar com uma raquete antes de me soltar no resto dos estudantes.
Eu estava feliz em deixar a escola, então eu podia fazer beicinho e me lastimar livremente
antes de sair com Jéssica e companhia.
Mas logo que eu entrei na casa de Charlie, Jéssica ligou pra cancelar os nossos planos. Eu
tentei parecer feliz por Mike ter convidado ela para jantar - eu realmente estava feliz que ele
finalmente parecia estar entendendo - mas o meu entusiasmo pareceu falso até para os meus
próprios ouvidos. Ela remarcou as compras para amanhã.
O que me deixou com poucas escolhas no que se trata de distrações.
Eu tinha peixe marinando para o jantar, com salada e pão que sobrou da noite passada,
então não havia nada pra fazer nesse aspecto. Eu passei meia hora concentrado no dever de casa,
mas depois eu já estava de saco cheio disso também. Eu chequei meu E-mail, lendo milhares de
cartas antigas da minha mãe, ficando mais animada enquanto elas progrediam para o presente.
Eu suspirei e digitei uma resposta rápida.
MÃE,
DESCULPE. EU ESTIVE FORA. EU FUI Á PRAIA COM ALGUNS AMIGOS. E TIVE QUE FAZER
UM TRABALHO.
Minhas desculpas era honestamente patéticas, então eu desistí.
HOJE ESTÁ FAZENDO SOL LÁ FORA - EU SEI, EU TAMBÉM ESTOU CHOCADO - ENTÃO EU
VOU LÁ FORA PARA SUGAR TODA A VITAMINA D QUE EU PUDER. EU AMO VOCÊ.
JIMIN.
Eu decidi matar um hora com leitura não-relacionada com a escola. Eu tinha uma pequena
coleção de livros que eu trouxe comigo pra Forks,o maior volume se tratava de um apanhado das
obras de Jane Austen. Eu selecionei um e me dirigí para o quintal, levando uma colcha antiga que
havia no armário.
No quintal pequeno, quadrado de Charlie, eu dobrei a colcha no meio e deitei na sombra das
árvores na grama aparada que sempre seria um pouco úmida, não importava quanto o sol
brilhasse.
Eu deitei sobre o estômago, cruzando os tornozelos no ar, passando os livros tentando
decidir qual deles eu escolheria. Os meus favoritos eram Orgulho e Preconceito e Razão e
Sensibilidade. Eu tinha lido o primeiro mais recentemente, então eu comecei com Razão e
Sensibilidade, eu abri
Mansfield Park, mas o herói desse livro se chamava jungsuk, que era perto o suficiente.
Não haviam outros nomes disponíveis no século dezoito? Eu fechei o livro, aborrecido, e me
virei de costas. Eu não pensaria em mais nada além do calor na minha pele, eu disse a mim
mesma severamente. A briza ainda estava leve, mas fez as mechas do meu cabelo soprarem no
meu rosto, e isso fez um pouco de cócegas.
Eu joguei o meu cabelo pra cima da minha cabeça, deixando ele descansar na colcha
embaixo de mim, e me concentrei de novo no calor que tocava os meus cílios, as maçãs do meu
rosto, meu nariz, meus lábios, meus braços, meu pescoço, que passava pelo pano da minha
camiseta leve...
A próxima coisa da qual eu tive consciência foi do som da viatura de Charlie, virando nos
tijolos da entrada. Eu sentei surpreso, me dando contade que a luz havia ido embora, por trás da árvores, e que eu tinha pego no sono. Eu olhei ao redor, confuso, com o sentimento de que eu
não estava mais sozinha.
- Charlie? - eu perguntei, mas eu podia ouvir a porta da frente batendo.
Eu levantei rápido, totalmente atordoada, juntando a colcha suja e os meus livros.
Eu corrí pra dentro pra colocar óleo pra ferver na frigideira, percebendo que o jantar ia
atrasar.
Charlie estava pendurando o seu cinturão e tirando as botas quando eu entrei.
- Desculpa, pai, o jantar ainda não está pronto- eu peguei no sono lá fora - eu repremí um
bocejo.
- Não se preocupe - ele disse. - Eu queria saber o placar do jogo, mesmo.
Eu assistí TV com Charlie depois do jantar pra ter alguma coisa pra fazer. Não havia nada
interessante pra assistir, mas ele sabia que eu não gostava de beiseball, então ele colocou num
canal bobo que nem um de nós gostava. Apesar disso, ele pareceu feliz, por estarmos fazendo
alguma coisa juntos. E foi bom, a despeito da minha depressão, deixá-lo feliz.
- Pai - eu disse durante os comerciais, - Jéssica e Angela vão procurar vestidos para o baile
amanhã em Port Angeles, e elas querem que eu as ajude a escolher...você se importa se eu for
com elas?
- Jéssica Stanley? - ele perguntou.
- E Angela Weber. - Eu suspirei quando tive que lhe passar os detalhes.
Ele estava confuso. - Mas você não vai para o baile, não é?
- Não, pai, eu vou ajudar elas a encontar os vestidos- você sabe, vou dar críticas
construtivas. - Eu não teria que explicar isso para um mulher.
- Bem, Ok. - Ele pareceu perceber que era uma coisa do departamento feminino. - Mas é dia
de semana.
- Nós vamos sair logo depois da aula, assim poderemos voltar cedo. Você dá um jeito no
jantar, não é?
- Jimin, eu conseguí me alimentar por dezessete anos antes de você vir pra cá - ele me
lembrou.
- Eu não sei como você conseguiu sobreviver - eu murmurei, e então adicionei mais
claramente, - Eu vou deixar algumas coisas pra você preparar um sanduíche na geladeira, tá bom?
Bem em cima.
Estava ensolarado de novo no outro dia. Eu acordei com renovada esperança que eu
inutilmente tentei reprimir. Eu tentei me vestir para o clima mais ameno com uma blusa com um
decote em formato de V - algo que eu usava no inverno em Phoenix.
Eu planejei tanto a minha entrada na escola que mal tive tempo de chegar á sala de aula.
Com o coração vazando, eu circulei o estacionamento procurando por uma vaga, enquanto
procurava pelo Volvo prateado que claramente não estava lá. Eu estacionei no último corredor,
correndo para a aula de Inglês, chegando sem fôlego, mas vitoriosa, antes do sinal tocar.
Estava igual a ontem- eu não conseguia evitar os brotos de esperanças que se semeavam na
minha mente, só pra que depois eles fossem dolorosamente esmagados enquanto eu procurava
por ele no almoço ou quando sentava na minha mesa vazia na aula de Biologia.
O esquema de Port Angeles estava de pé de novo, e deixou tudo mais atraente pelo fato de
que Lauren tinha outros planos. Eu estava muito ansioso pra sair da cidade, então eu não
conseguia parar de olhar por cima do ombro, esperando que ele aparecesse do nada como ele
costumava fazer. Eu prometi pra mim mesmo que estaria de bom humor essa noite pra não
estragar a diversão de Angela ou de Jéssica na sua caça ao vestido. Talvez eu pudesse até fazer
umas compras também. Eu me recusava a pensar que teria que fazer compras sozinho em Seattle
esse fim de semana, sem o mínimo de interesse no trato antigo. É claro que ele não podia
cancelar sem pelo menos me ligar.
Depois da escola, Jéssica me acompanhou até em casa com o seu Mercury branco pra que
eu pudesse deixar os meus livros e a minha camionhonete. Eu penteei o meu cabelo rapidamente
enquanto estava lá dentro, sentindo um pouco de excitação por estar deixando Forks. Eu deixeium bilhete para Charlie em cima da mesa, explicando de novo onde encontrar o jantar, troquei a
minha carteira da minha mochila para uma bolsa que eu raramente usava, e corrí pra me juntar á
Jéssica. Depois nós passamos na casa da Angela, e ela estava esperando por nós.
Minha excitação cresceu espontâneamente enquanto nós nos dirigíamos aos limites da
cidade.-----––––––––––––––--------------------1-Significado de Ganiu. Ganiu vem do verbo ganir. O mesmo que: cuincou, chiou, uivou, ululou. Significado de ganir. Soltar ganidos; gemer como os cães.
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CREPÚSCULO (Jikook)
Teen FictionEstá obra é inspirada nos livros. Com adaptações minhas Nunca pensei muito em como morreria - embora nos últimos meses tivesse motivos suficientes para isso. - mas, mesmo que tivesse pensado, não teria imaginado que seria assim. Olhei fixamente...