TEORIA e DESCOBERTA

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Posso fazer só mais uma? - eu implorei enquanto Jungkook acelerava ainda mais pela rua
vazia. Ele não parecia estar prestando nenhuma atenção á pista.
Ele suspirou.
- Uma - ele concordou. Seus lábios se pressionaram formando uma linha.
- Bem...você disse que sabia que eu não tinha entrado na livraria, e que eu tinha ido para o
sul. Eu só estava me perguntando como você sabia disso.
Ele desviou o olhar, deliberadamente.
- Eu pensei que não estávamos mais sendo evasivos. - eu disparei.
Ele quase sorriu.
- Tudo bem, então. Eu segui o seu cheiro. - Ele olhou para a estrada, dando um tempo pra
eu recompor minha expressão. Eu não conseguia pensar numa resposta aceitável pra isso, mas eu
guardei a informação cuidadosamente pra estuda-la no futuro. Eu tentei me concentrar. Eu não
estava pronta pra deixar ele terminar, justo agora que ele estava finalmente explicando as coisas.
- E você também não respondeu uma das minhas perguntas - eu lembrei.
Ele me olhou com desaprovação. - Qual delas?
- Como funciona essa coisa de ler mentes? Você pode ler a mente de todo mundo, em
qualquer lugar? Como você faz isso? O resto da sua família pode...? - Eu me sentí um bobo,
pedindo explicações pra uma coisa assim.
- Isso é mais que uma - ele apontou. Eu simplesmente entrelacei meus dedos e olhei pra
ele, esperando.
- Não, sou só eu. E eu não consigo ouvir qualquer um, em qualquer lugar. Eu tenho que
estar pelo menos um pouco perto. Quanto mais familiar é a... voz de alguém, de mais longe eu
posso ouvi-la. Mas ainda assim, não mais longe que alguns quilômetros. - Ele parou pensando. - É
como estar num corredor enorme e cheio de gente, todos falando ao mesmo tempo. É só um
ruido, um zumbido de vozes no fundo. Até que eu me concentro em uma das vozes, e aí o que ela
está pensando se torna claro. Na maioria das vezes eu desligo todas, se não eu posso me distrair
demais. E então fica mais fácil parecer normal - ele fez uma careta quando disse a palavra - Isso
quando eu não estou respondendo acidentalmente ao pensamento das pessoas e não á suas
vozes.
- Porque será que você não pode me ouvir? - eu perguntei curiosamente.
Ele olhou pra mim, seus olhos estavam enigmáticos.
- Eu não sei - ele murmurou. - A única suposição é que talvez a sua mente não trabalhe da
forma como a deles trabalha. Como se os seus pensamentos estivessem na frequência AM quando
eu só posso ouvir FM.
Ele sorriu pra mim, divertido de repente.
- Minha mente não trabalha direito? Eu sou uma aberração? - as palavras me incomodaram
mais do que deviam
- provavelmente porque a ficha caiu. Eu sempre suspeitei que era uma
aberração, e fiquei com vergonha de ver as suspeitas confirmadas.
- Eu ouço vozes na minha cabeça e você preocupado que você a aberração. - Ele sorriu. -
Não se preocupe, é apenas uma teoria... - seu rosto se contraiu. - O que nos leva de volta a você
Eu suspirei. Como começar?
- Nós não deixamos de ser evasivos? - ele me lembrou suavemente.
Eu desviei o olhar do seu rosto pela primeira vez, tentando encontrar as palavras. Aí eu olhei para
o velocímetro.
- Minha nossa! - eu gritei. - Diminua.
- Qual é o problema? - ele perguntou alarmado. Mas não diminuiu a velocidade.
- Você está indo á quase duzentos por hora! - eu ainda estava gritando. Eu olhei cheia de
pânico pela janela, mas estava escuro demais pra enxergar. A estrada só era visível até onde os
faróis alcançavam. A floresta dos dois lados da estrada pareciam paredes negras- e seriam duram
como paredes de aço se nós batêssemos nelas a essa velocidade.
-Relaxe, Jimin. Ele revirou os olhos, ainda sem reduzir.
- Você está tentando nos matar? - eu perguntei.
-Nós não vamos bater?
Eu tentei moderar meu tom de voz. - Porque você está com tanta pressa?
- Eu sempre dirijo assim - ele me olhou dando um sorriso torto.
- Mantenha os olhos na estrada!
- Eu nunca sofrí um acidente, Jimin- eu nunca sequer levei uma multa. - Ele sorriu e deu um
tapinha na testa. - Detector de radar embutido.
- Muito engraçado - eu soltei. - Charlei é um policial, lembra? Eu fui criado para obedecer
todas as leis de trânsito. Além do mais, se você bater o Volvo e transformá-lo numa sanfona,
provavelmente você vai se levantar e sair dele.
- Provavelmente - ele disse com uma risa curta, dura. - Mas você não.
Ele suspirou e eu observei aliviado enquanto observava o ponteiro baixando gradualmente. -
Feliz?
- Quase.
- Eu odeio dirigir devagar - ele murmurou.
- Isso é devagar?
- Chega de comentários sobre como eu dirijo - ele cortou. - Eu ainda estou esperando pela
sua última teoria.
Eu mordi meu lábio. Ele olhou pra mim, seus olhos estavam inexperadamente gentis.
- Eu não vou rir - ele prometeu.
- Eu estou com mais medo que você fique com raiva de mim.
- É assim tão ruim?
- Em grande parte, sim.
Ele esperou. Eu estava olhando para as minhas mãos, então não pude ver sua expressão.
- Vá em frente - sua voz era calma.
- Eu não sei como começar - eu admitir.
- Comece pelo começo... você disse que não foi você quem criou essa teoria.
- Não.
- Onde você a encontrou- num livro? Um filme? - ele testou.
- Não - foi Sábado, na praia. - Eu arrisquei dar uma olhada para o rosto dele. Ele pareceu
confuso.
- Eu dei de cara com um amigo antigo da família, Lee Taemin - eu continuei. - O pai dele e
Charlie são amigos desde que eu era bebê.
Ele ainda parecia confuso.
- O pai dele é um dos ansiões Quileute. - Eu observei ele cuidadosamente. A sua expressão
confusa estava congelada no lugar. - Nós fomos dar uma volta - eu não contei que havia
planejado tudo. - Ele estava me contando umas histórias antigas- tentando me assustar, eu acho.
Ele me contou uma... - eu hesitei.
- Vá em frente - ele disse.
- Sobre vampiros. - Eu me dei conta de que estava cochichando. Eu não conseguia olhar
para o seu rosto agora. Mas eu ví seus dedos apertando o volante convulsivamente.
- E você imediatamente pensou em mim?. - Ainda calmo.
- Não. Ele...mencionou sua família.
Ele estava em silêncio, olhando para a estrada.
Eu fiquei preocupado de repente, preocupado em proteger Taemin.
- Ele só achava que era uma superstição boba - eu disse rapidamente. - Ele não esperava
que eu pensasse nada dela. - Não parecia que estava sendo o suficiente, eu tenho que confessar.
– Foi minha culpa, eu forcei ele a me dizer.
- Porque?
Lauren disse uma coisa sobre você, ela estava tentando me provocar. Um garoto mais
velho da tribo disse que vocês não iam até lá, só que pra mim pareceu que ele quis dizer outra
coisa. Então eu fiquei sozinho com Taemin e tirei a verdade dele - eu admitir, deixando a cabeça cair.
Ele me surpreendeu quando começou a sorrir. Eu olhei pra ele. Ele estava sorrindo, mas
seus olhos estavam concentrados, olhando para a estrada.
- Como foi que você forçou ele a contar? - ele perguntou.
- Eu tentei flertar com ele, e funcionou melhor do que eu imaginava. - Eu comecei a ficar
corado enquanto lembrava.
- Eu queria ter visto isso - ele sorriu obscuramente. - E você me acusando de deslumbrar as
pessoas, pobre Lee Taemin.
Eu corei e olhei para a noite pela janela.
- E o que você fez depois? - ele perguntou depois de um minuto.
- Eu fiz algumas pesquisas na Internet.
- E isso te convenceu? - A voz dele parecia pouco interessada. Mas as mãos dele estavam
apertando o volante.
- Não. Nada fazia sentido. A maioria das coisas era meio boba. E então... - Eu parei.
- O que?
- Eu decidí que não importava - eu murmurei.
- Que não importava? - O tom dele me fez olhar pra cima, finalmente eu havia penetrado
aquela máscara. O seu rosto estava incrédulo, com só uma ponta de raiva que eu temia.
- Não - eu disse suavemente. - Pra mim não importa o que você é.
Um tom duro, de zombaria inundou sua voz. - Você não se importa se eu for um mostro? Se
eu não for humano?
- Não.
Ele ficou em silêncio, olhando diretamente pra frente de novo. Seu rosto estava sem
expressão e frio.
- Você está com raiva - eu suspirei. - Eu não devia ter dito nada.
- Não - mas o seu tom estava tão duro quanto o seu rosto. - Eu prefiro saber o que você
está pensando, mesmo se o que você estiver pensando for uma loucura.
- Então eu estou errado de novo? - eu desafiei.
- Não era a isso que eu me referia. 'Não importa'. - ele me citou, apertando os dentes.
- Eu estou certo? - eu ofeguei.
- Isso importa??
Eu respirei fundo.
- Na verdade não - eu parei. - Mas eu estou curiosa. - Pelo menos minha voz estava
composta.
De repente ele estava resignado. - Você está curioso sobre o que?
- Quantos anos você tem?
- Dezessete - ele respondeu prontamente.
- Há quanto tempo você tem dezessete?
Seus lábios se contorceram enquanto ele ainda olhava para a estrada.
- A algum tempo - ele admitiu finalmente.
- Ok - eu sorri, feliz por ele finalmente estar começando a ser honesto comigo. Ele olhou pra
mim com olhos preocupados, como ele tinha olhado antes, quando estava preocupado que eu
entrasse em choque. Eu sorri para encorajá-lo e ele fez uma careta.
- Não ria de mim.
- Mas como é que você consegue sair durante o dia?
Ele riu do mesmo jeito. - Mito.
- Você queima no sol?
- Mito.
- Dorme em caixões?
-Mito. - Ele hesitou por um momento e um tom estranho invadiu sua voz. Eu não posso
dormir.
Eu levei um minuto para absorver isso. - Nunca?
- Nunca - ele respondeu, sua voz quase inaudível. Ele voltou a olhar pra mim com uma
expressão tristonha. Os olhos dourados prenderam os meus, e eu perdi a linha de pensamento de
novo. Eu continuei olhando pra ele até que ele virou o olhar.
- Você ainda não perguntou a coisa mais importante. - Sua voz estava dura de novo. E
quando ele olhou pra mim, seus olhos estavam frios.
Eu pisquei, ainda deslumbrada. - E qual é?
- Você não está preocupado com a minha dieta? - ele perguntou sarcasticamente.
- Oh - eu murmurei. - Isso.
- Sim, isso. - Sua voz estava vazia. - Você não quer saber se eu bebo sangue?
Eu vacilei. - Taemin me disse algo sobre isso.
- O que Taemin disse? - ele perguntou monótono.
- Ele disse que você e sua família não...caçam pessoas. Ele disse que você e sua família não
são perigosos porque vocês só caçam animais.
- Ele disse que não éramos perigosos? - Sua voz estava profundamente cética.
- Não exatamente. Ele disse que vocês não deviam ser perigosos. Mas os Quileute não
quiseram vocês nas terras deles, só por precaução.
Ele olhou para a frente, mas eu não sei dizer se ele estava olhando para a estrada ou não.
- Então ele estava certo? Sobre não caçar pessoas? - Eu tentei manter minha voz o mais
uniforme possível.
- Os Quileute têm uma boa memória - ele murmurou.
Eu considerei isso um sim.
- Porém, não deixe isso te enganar - ele avisou. - Eles estavam certos em nos evitar. Nós
ainda somos perigosos.
- Eu não entendo.
- Nós tentamos - ele explicou devagar. - Geralmente somos bons no que fazemos. As vezes
cometemos erros. Eu, por exemplo, me permitindo ficar sozinho com você.
- Isso é um erro? - eu ouvi a tristeza na minha voz, mas não sei se ele também ouviu.
- Um erro bem perigoso - ele murmurou.
Nós dois ficamos em silêncio depois disso. Eu observei os faróis virando com as curvas na
estrada. Eles se moviam rápido demais; não parecia ser real, parecia ser um video game. Eu
estava consciente do tempo passando rápido, como a estrada embaixo de nós, e eu estava com
um medo horroroso de nunca mais ter outra oportunidade de ficar assim a sós com ele
abertamente, as janelas que existiam entre nós haviam desaparecido. As palavras dele haviam se
acabado, e eu não gostei da idéia. Eu não queria perder nem um minuto que tinha com ele.
- Me conte mais - eu pedí desesperadamente, sem me importar com o que ele dissesse,
contanto que eu pudesse ouvir a sua voz de novo.
Ele me olhou rapidamente, surpreso pela mudança do tom da minha voz.
- O que mais você quer saber?
- Me diga porque você caça animais ao invés de gente - eu sugerir, minha voz ainda estava
cheia de desespero. Eu me dei conta de que os meus olhos estavam molhados, e lutei contra a
aflição que estava tomando conta de mim.
- Eu não quero ser um monstro. - Sua voz estava muito baixa.
- Mas animais não são o suficiente?
Ele parou. - Eu não posso ter certeza, é claro, mas eu acho que é como viver a base de tofu
e leite de soja; nós nos chamamos de vegetarianos, nossa piada particular. Não sacia a fome -ou
melhor dizendo, a sede. Mas nos mantêm fortes o suficiente para sobrevivermos. Na maioria das
vezes. - Seu tom se tornou obscuro. - Umas vezes são mais difíceis que outras.
- É muito difícil pra você agora? - eu perguntei.
Ele suspirou. - Sim.Mas você não está com fome agora. - eu disse confidencialmente, afirmando, não
perguntando.
- Porque você acha isso?
- Seus olhos. Eu disse que tinha uma teoria. Eu percebi que as pessoas- homens em
particular - são mais chatos quando estão com fome.
Ele deu uma gargalhada. - Você é muito observador, não é?
Eu não respondí, eu só prestei atenção ao som da sua risada, guardando ela na minha
memória.
- Você estava caçando com Emmett esse fim de semana? - eu perguntei quando estava
silencioso de novo.
- Sim - ele pausou por um instante, como se estivesse se decidindo entre me contar alguma
coisa ou não. - Eu não queria ir embora, mas foi necessário. É um pouco mais fácil ficar perto de
você quando eu não estou com sede.
- Porque você não queria ir?
- Me deixa...nervoso...ficar longe de você. - Seus olhos eram gentis, nas intensos, e eles
pareciam estar fazendo os meus ossos amolecerem. - Eu não estava brincando quando te disse
pra ficar longe do oceano ou sobre o acidente na quinta. Eu estava distraído durante o fim de
semana inteiro, preocupado com você. E depois do que aconteceu hoje á noite, eu estou surpreso
que você tenha sobrevivido ao fim de semana sem nenhum arranhão. - Ele balançou a cabeça, e
de repente pareceu se lembrar de alguma coisa. - Bem, não exatamente sem um arranhão.
- O que?
- Suas mãos - ele me lembrou. Eu olhei para as minhas palmas, para os arranhões quase
sarados. Seus olhos não perdiam nada.
- Eu caí - eu suspirei.
- Foi o que eu pensei. - Seus lábios se contorceram nos cantos. - Eu acho que, sendo você,
podia ter sido bem pior, e essa possibilidade me atormentou o tempo inteiro enquanto eu estive
fora. Foram três dias bem longos. Eu deixei o Emmett louco.
Ele sorriu pra mim como se estivesse se sentindo culpado.
- Três dias? Vocês não voltaram hoje?
- Não, nós voltamos no Domingo.
- Então porque nenhum de vocês foi para a escola? - eu estava frustrado, quase com raiva
por todas as decepções que eu sofri durante a sua ausência.
- Bem, você perguntou se o sol me machuca, e não machuca. Mas eu não posso sair na luz
do sol- pelo menos, não quando as pessoas estão olhando.
- Porque não?
- Um dia desses eu te mostro - ele prometeu.
Eu pensei nisso por um momento.
- Você podia ter me ligado - eu decidi.
Ele parecia confuso. - Mas eu sabia que você estava em segurança.
- Mas eu não sabia onde você estava - eu hesitei e depois abaixei os olhos.
- O que? - sua voz aveludada estava compelido.
- Eu não gostei. De não te ver. Me deixou ansioso também - eu corei dizendo isso em voz
alta.
Ele estava quieto. Eu olhei pra cima, apreensiva, sua expressão estava cheia de dor.
- Ah - ele gemeu baixinho. - Isso não é certo.
Eu não conseguir entender a resposta dele. - O que foi que eu disse?
- Será que você não vê, Jimin? Uma coisa é eu me fazer completamente infeliz. Outra
completamente diferente é você estar tão envolvidop.
Ele virou seus olhos angustiados para a estrada, as palavras dele estavam saindo tão rápidas
que eu quase não conseguia entender.
- Eu não quero ouvir que você se sente assim. - Sua voz era baixa, mas urgente. As palavras
dele me cortaram. - É errado. Não é seguro. Eu sou perigoso, compreenda isso, Jimin.
-Não - eu fiz de tudo para não parecer uma criança mimada.
- Eu estou falando sério - ele grunhiu.
- Eu também. Eu já falei que não me importo com o que você é. É tarde demais.
A voz dele chicoteou, baixa e forte. - Nunca diga isso.
Eu mordi meu lábio, e estava feliz que ele não sabia o quanto doía. Eu olhei para fora. Já
devíamos estar perto agora. Ele estava dirigindo rápido demais.
- No que você está pensando? - ele perguntou, com a voz ainda dura. Eu só balancei a
cabeça, sem ter certeza se conseguia falar. Eu podia senti-lo olhando para o meu rosto, mas
continuei olhando para a frente.
- Você está chorando? - ele parecia intimidado. Eu não tinha reparado na umidade que os
meus olhos estavam começando a acumular.
Eu rapidamente passei a mão na minha bochecha, e sem dúvida, lá estavam as lágrimas
traidoras, me delatando.
- Não - eu disse, mas minha voz tremeu.
Eu vi ele levantar a mão direita na minha direção cheio de hesitação, mas então ele parou e
colocou a mão de volta na direção.
- Me desculpe. - A voz dele estava queimando de arrependimento. Eu sabia que ele não
estava se desculpando pelas palavras que haviam me aborrecido.
A escuridão nos envolveu em silêncio.
- Me diga uma coisa - ele perguntou depois de outro minuto, eu podia ouvi-lo se esforçar
para usar um tom mais leve.
- Sim.
- No que você estava pensando hoje a noite, pouco antes de eu virar na esquina? Eu não
conseguir entender a sua expressão- você não parecia assustada, você parecia estar bastante
concentrada em alguma coisa.
- Eu estava pensando em como incapacitar uma pessoa, você sabe, auto-defesa. Eu ia enfiar
o nariz dele dentro cérebro. - Eu pensei no homem de cabelo escuro com uma onda de ódio me
invadindo.
- Você ia lutar com eles? - Isso pareceu aborrece-lo. - Você não pensou em correr?
- Quando eu corro eu caio demais - eu admitir.
- E quanto a gritar por ajuda?
- Eu estava chegando nessa parte.
Ele balançou a cabeça. - Você estava certo, eu definitivamente estou lutando contra o
destino tentando manter você viva.
Eu suspirei. Nós estavamos indo mais devagar, passando pela fronteira de Forks. Levou
menos de vinte minutos.
- Eu vou ver você amanhã? - eu perguntei.
- Sim, eu também tenho que entregar o meu trabalho. - Ele sorriu.
- Eu vou guardar um lugar pra você no almoço.
Eu fiquei idiota, depois de tudo que passamos essa noite, aquela promessa me fez sentir
borboletas no estômago, e me deixou incapacitado de falar.
Nós estávamos na frente da casa de Charlie. As luzes estavam ligadas, meu carro estava no
lugar, tudo estava extremamente normal.
Era como acordar de um sonho. Ele parou o carro, mas eu Não me movi.
- Você promete que vai estar lá amanhã?
- Eu prometo.
Eu pensei por um momento, depois balancei a cabeça. Eu tirei o seu casaco, dando mais um
cheiradinha.
- Você pode ficar com ele, você não tem um para usar amanhã - ele me lembrou.
Eu entreguei pra ele. - Eu não quero ter que explicar ao Charlie.
- Oh, tudo bem. - Ele sorriu.
Eu hesitei, minha mão na maçaneta do carro, tentando prolongar o momento.
-Jimin? - ele perguntou num tom diferente. Sério, mas hesitante.
- Sim? - eu me virei pra ele ansiosa demais.
- Me promete uma coisa?
- Sim - eu disse e depois me arrependi da minha incondicionalidade. E se ele me pedisse pra
ficar longe dele? Isso eu não podia prometer.
- Não vá na floresta sozinho.
Eu encarei ele confuso. - Porque?
Ele fez uma carranca, e seus olhos estavam apertados quando ele olhou pela janela.
- Nem sempre eu sou a coisa mais perigosa lá fora. Vamos ficar aqui.
Eu tremi um pouco pela  voz dele, mas eu estava aliviado. Essa, pelo menos,
era uma promessa fácil de cumprir.
- Como você quiser.
- Até amanhã - ele suspirou e aí eu percebi que ele queria que eu fosse embora agora.
- Até amanhã, então. - Eu abrir a porta sem vontade.
- Jimin? - Eu me virei e ele estava inclinado na minha direção, seu rosto pálido, glorioso, á
apenas alguns centímetros de mim. Meu coração parou de bater.
- Durma bem - ele disse. Sua respiração soprou em meu rosto, me deixando fascinado. Era a
mesma essência que exalava do casaco dele, mas numa forma mais concentrada. Eu pisquei,
totalmente ofuscado. Ele se afastou.
Eu não conseguir me mover de novo até que o meu cérebro ficou regulado novamente.
Então eu saí estranhamente do carro, precisando usar alguma coisa como suporte. Eu pensei
ouvi-lo sorrindo, mas o som foi baixo demais pra eu ter certeza.
Ele esperou até que eu estivesse na frente da porta, só então ele ligou o motor e eu ouvi ele
dar ré silenciosamente. Eu me virei e vi o carro desaparecendo na esquina. Eu me dei conta de
que estava muito frio.
Eu peguei a chave mecanicamente, abri a porta, e então entrei.
Charlie me chamou da sala de estar. - Jimin?
- Sim, pai, sou eu. - Eu entrei pra vê-lo. Ele estava assistindo um jogo de baseball.
- Você chegou cedo.
- Cheguei. - Eu estava surpresa.
- Ainda não são nem oito horas - ele me disse. - Vocês se divertiram?
- Sim, foi muito divertido. - Minha cabeça estava dando voltas enquanto eu tentava me
lembrar da noite só de garotas que eu havia planejado. - Elas duas encontraram vestidos.
- Você está bem?
- Eu só estou cansado. Eu caminhei demais.
- Bem, talvez fosse melhor você ir se deitar. - Ele pareceu preocupado. Eu imaginei como o
meu rosto estaria.
- Eu só vou ligar pra Jéssica primeiro.
- Você não estava com ela? - ele perguntou, surpreso.
- Sim, mas eu deixei meu casaco no carro dela. Eu quero ter certeza de que ela vai levar
para a escola amanhã.
- Bom, pelo menos deixe ela chegar em casa primeiro.
- Certo - eu concordei.
Eu fui direto para a cozinha e caí, exausto, numa cadeira. Eu realmente estava me sentindo
um pouco tonto agora. Eu imaginei se era o choque chegando no fim das contas. Vê se se
controla, eu disse pra mim mesmo.
O telefone tocou de repente, me assustado. Eu tirei do gancho.
- Alô? - eu perguntei sem fôlego.
- Jimin?
- Ei, Jess, eu ia ligar pra você.
- Você chegou em casa? - A voz dela estava aliviada...e surpresa.
- Sim. Eu deixei meu casaco no seu carro, você pode levá-lo amanhã?
-Claro. Mas me conte o que aconteceu! - ela ordenou.
- Um, amanhã- na aula de Trigonometria, está bem?
Ela entendeu rapidamente. - Oh, seu pai está aí?
- Sim, é isso mesmo.
- Ok, eu falo com você amanhã, então. Tchau! - Eu podia ouvir a impaciência na voz dela.
- Tchau, Jess.
Eu subir as escadas lentamente, um torpor dominando a minha mente. Eu me preparei para
ir para a cama sem prestar a mínima atenção com o que estava fazendo. Não foi até que eu
estivesse embaixo do chuveiro, a água muito quente, queimando minha pele, que eu me dei conta
de que estava morrendo de frio. Eu tremi violentamente por alguns minutos até que os jatos de
água finalmente relaxaram meus músculos rígidos. Então eu fiquei embaixo do chuveiro, cansado
demais pra me mexer, até que a água quente começou a acabar.
Eu saí, me envolvi cuidadosamente numa toalha, tentando manter o calor da água para que
os tremores não voltassem. Eu me vestir rapidamente pra ir para a cama e me enfiei embaixo do
edredom, me curvando até ficar no formato de uma bola, me abraçando para manter o calor. Uns
pequenos tremores passaram por mim.
Minha mente ainda estava rodando, cheia de imagens que eu não conseguia entender, e
algumas que eu lutei pra reprimir. Nada parecia estar claro no início, mas quanto mais perto eu
chegava da inconsciência, mais algumas coisas se tornavam evidentes.
Sobre três coisas eu tinha certeza absoluta. Primeira - Jungkook era um vampiro.
Segunda - havia uma parte dele - e eu não sabia o quão poderosa ela poderia ser - que
tinha sede do meu sangue.
E terceira, eu estava incondicionalmente e irrevogavelmente apaixonado por ele.

CREPÚSCULO (Jikook)Onde histórias criam vida. Descubra agora