livro Aberto

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O outro dia foi melhor...e pior.
Foi melhor porque não estava chovendo ainda,apesar de as nuvens estarem densas e
opacas. Foi mais fácil porque eu já sabia o que esperar do meu dia. Mike veio se sentar ao meu lado em Inglês, e me acompanhou até a minha próxima aula, com Seungmin do clube de xadrez
encarando ele o tempo inteiro; era uma reclamação. As pessoas não ficaram me olhando tanto
quanto ontem. Eu sentei com um grande grupo que incluia Mike, Seungmin, Jessica e muitas outras
daquelas pessoas cujos nomes e rostos eu lembrava agora. Eu comecei a sentir que agora eu
andava na água, ao invés de afundar nela.
Foi pior porque eu estava cansado; eu ainda não conseguia dormir com o vento ecoando ao
redor da casa. Foi pior porque o Sr. Varner me chamou em Trigonometria quando a minha mão
não estava levantada e eu dei a resposta errada. Foi infeliz porque eu tive que jogar Vôlei, e na
única vez que eu não fugi da bola eu atingí a minha parceira de time na cabeça com ela. E foi pior
porque Jungkook não estava na escola durante a manhã inteira eu estive temendo o almoço,
sentindo seus olhares bizarros. Parte de mim queria confrontá-lo e ordenar que ele disesse qual
era o problema. Enquanto eu estava deitada acordada na cama, eu até imaginei o que eu diria.
Mas eu me conhecia bem demais pra achar que eu teria a coragem de fazer isso. Eu fiz o leão
covarde do Mágico de Oz parecer o Exterminador.
Mas quando eu entrei na cafeteria com Jéssica tentando evitar que os meus olhos
vasculhassem o lugar procurando por ele, e falhando miserávelmente eu ví que seus  cinco irmão
estavam sentados juntos na mesma mesa, e ele não estava com eles.
Mike nos recebeu e nos guiou até a mesa dele. Jessica parecia alegre pela atenção, e as
amigas dela rapidamente se juntaram á nós. Enquanto eu tentava ouvir a conversa fluente deles,
eu estava terrivelmente desconfortável, esperando nervosamente pelo momento que ele chegaria.
Eu esperava que ele simplesmente me ignorasse quando chegasse, e provasse que as minhas
suspeitas eram falsas.
Ele não veio, e com o passar do tempo eu fiquei mais e mais nervoso.
Eu fui para Biologia mais confiante quando, ao final do almoço, ele ainda não havia
aparecido. Mike, que estava agindo como um cão de guarda, andou fielmente ao meu lado até a
sala de aula. Eu segurei o fôlego na porta, mas Jungkook também não estava lá. Eu exalei e
fui me sentar. Mike me seguiu, falando de uma viagem á praia que estava pra acontecer. Ele se
curvou na minha mesa até que o sinal tocou. Aí ele sorriu tristemente pra mim e foi sentar perto
de uma garota de aparelho e com um penteado ruim. Parecia que eu teria que fazer alguma coisa
em relação á Mike, e não seria fácil. Em uma cidade como essa, em que todo mundo vive em cima
de todo mundo, diplomacia é essencial. Eu nunca tive muito tato; eu nunca tive muita prática em
lidar com garotos amigáveis demais.
Eu estava aliviado que teria a mesa para mim mesma, já que Jungkook estava ausente. Eu disse
isso para mim mesmo repetidamente. Era rudiculo, e egoísta, pensar que eu podia afetar alguém
desse jeito. Era impossível. E ainda assim eu não conseguia parar de pensar que fosse verdade.
Quando o dia na escola finalmente acabou, e as minhas bochechas não estavam mais
coradas por causa do incidente no Vôlei, eu rapidamente coloquei as minhas calças jeans e o meu
suéter azul marinho. Eu saí correndo do vestiário masculino, contente de ver que
momentaneamente eu havia conseguido afastar o meu amigo cão de guarda.
Eu caminhei rapidamente até o estacionamento. Agora estava cheio de alunos. Eu entrei na
minha caminhonete e procurei na minha mochila pra ver se eu tinha tudo que eu precisava.
Noite passada eu descobrí que Charlie não sabia cozinhar nada além de ovos fritos e bacon.
Então eu pedí pra tomar conta dos detalhes da cozinha enquanto durasse a minha estada. Ele
ficou feliz o suficiente pra me passar a chave da sala do banquete. Então eu estava com a minha
lista de compras e o dinheiro do jarro no armário onde havia DINHEIRO DA COMIDA escrito, e
estava á caminho da Thriftway. Eu dei ingnição no motor barulhento, ignorando as cabeças que viraram em minha direção e
dei ré cuidadosamente e entrei na fila de carros que esperava para sair do estacionamento.
Enquanto eu esperava, tentando fingir que o barulho ensurdecedor estava vindo do carro de outra
pessoa, eu ví os três irmãos kim.e os dois gêmeos jung entrando no carro deles. Era um Volvo
novinho em folha. É claro.
Eu nunca havia reparado nas roupas deles antes eu estava hipnotizada demais com os rostos
deles. Agora que eu havia olhado, era óbvio que todos eles se vestiam excepcionalmente bem;
simples, mas com roupas que claramente eram assinadas por estilistas famosos. Com os seus
rostos notáveis e com o estilo com que se comportavam, eles podiam usar trapos e ainda ficarem
bem. Parecia demais pra eles ter tanto beleza quanto dinheiro. Até onde eu podia dizer, era assim
que a vida funcionava na maioria da vezes. No caso deles, isso não parecia ter comprado
aceitação por aqui.
Não, eu não acreditava inteiramente nisso. A isolação deve ser desejo deles; eu não podia
imaginar nenhuma porta que não estivesse aberta á esse grau de beleza.
Eles olharam para a minha caminhonete barulhenta quando eu passei por eles, igual a todo
mundo. Eu mantive os meus olhos virados para a frente e fiquei aliviado quando finalmente estava
livre da escola.
A Thriftway não era longe da escola, só algumas ruas ao sul, fora da estrada. Era bom estar
dentro do supermercado; parecia normal. Eu fazia as compras em casa, e me moldei aos padrões
da tarefa familiar alegremente.
A loja era grande o suficiente pra me fazer não ouvir a chuva no telhado e esquecer de onde
eu estava.
Quando eu cheguei em casa, eu descarreguei as compras e enfiei elas em qualquer espaço
vazio que consegui achar. Eu esperava que Charlie não se incomodasse. Eu embrulhei batatas em
papel alumínio e coloquei no forno pra assar, cobri bifes com molho marinado e os  equilibrei em
cima de uma caixa de ovos, em uma frigideira.
Quando eu terminei de fazer isso, eu subir com a minha mochila. Antes de começar a fazer o
meu dever de casa, eu me troquei colocando uma calça seca e colocando uma touca o meu cabelo era um pouco grande então dava de usar tiaras, e chequei meus e-mails pela primeira vez. Eu tinha três mensagens.
"Jimin", minha mãe escreveu...
ME ESCREVA ASSIM QUE CHEGAR. ME DIGA COMO FOI O SEU VÔO. ESTÁ CHOVENDO? JÁ
SINTO A SUA FALTA. JÁ ESTOU QUASE TERMINANDO DE FAZER AS MALAS PARA A FLÓRIDA,
MAS NÃO CONSIGO ACHAR A MINHA BLUSA ROSA.
VOCÊ SABE ONDE EU DEIXEI? PHIL DIZ OI. MAMÃE.
Eu suspirei e fui para a próxima mensagem. Foi mandada oito horas depois da primeira.
"JIMIN",ela escreveu...
PORQUÊ VOCÊ AINDA NÃO ME RESPONDEU? O QUE VOCÊ ESTÁ ESPERANDO?
MAMÃE.
A última foi de hoje de manhã. PARK JIMIN, SE EU NÃO TIVER NOTÍCIAS DE VOCÊ ATÉ 5:30 DE TARDE DE HOJE, EU VOU
LIGAR PARA CHARLIE.
Eu olhei para o relógio. Eu ainda tinha uma hora, mas minha mãe era bem conhecida por
agir precipitadamente.
MÃE
SE ACALME. EU ESTOU ESCREVENDO AGORA. NÃO FAÇA NADA IMPRUDENTE.JIMIM.
Eu enviei essa e comecei de novo.
MÃE,
TUDO ESTÁ ÓTIMO. É CLARO QUE ESTÁ CHOVENDO. EU ESTAVA ESPERANDO POR ALGO
SOBRE O QUE ESCREVER. A ESCOLA NÃO É RUIM, SÓ UM POUCO REPETITIVA. EU CONHECI UM
PESSOAL LEGAL QUE SENTA COMIGO NO ALMOÇO.
SUA BLUSA ESTÁ NA LAVANDERIA- VOCÊ DEVIA TER IDO BUSCAR ELA SEXTA FEIRA.
CHARLIE  ME COMPROU UMA CAMINHONETE, DÁ PRA ACREDITAR? EU ADOREI. É MEIO VELHA,
MAS TEM PORTE, O QUE É BOM, SABE PRA MIM.
TAMBÉM SINTO SUA FALTA. EU VOU ESCREVER DE NOVO EM BREVE, MAS NÃO VOU FICAR
CHECANDO OS MEUS E-MAILS A CADA CINCO MINUTOS. RELAXE, RESPIRE. EU TE AMO.
JIMIN.
Eu decidir ler O MORRO DOS VENTOS UIVANTES-o romance que estamos estudando
atualmente em Inglês- de qualquer forma era só pela diversão, e era isso que eu estava fazendo
quando Charlie chegou em casa. Eu perdi a noção do tempo, e corrir para tirar as batatas do forno
e colocar o bife pra grelhar.
-Jimin? , meu pai chamou quando me ouviu descer as escadas.
Quem mais? Eu pensei comigo mesmo.
- Oi, pai, bem vindo ao lar.
- Obrigado. - Ele tirou o colete da arma e tirou as botas enquanto eu entrava na cozinha. Até
onde eu sabia, meu pai nunca usou sua arma no trabalho. Mas ele a mantinha pronta. Quando eu
vinha aqui quando criança ele sempre tirava as balas assim que entrava em casa. Acho que agora
me considerava velho o suficiente pra não atirar em mim mesma por acidente, e não deprimido o
suficiente para não atirar em mim mesmo de propósito.
- O que tem para o jantar? - ele perguntou cautelosamente. Minha mãe era uma cozinheira
imaginativa e os experimentos dela não eram sempre comestíveis. Eu estava surpresa, e triste,
que ele parecia se lembrar daquela época.
- Bife e batatas - eu disse e ele pareceu aliviado.
Ele pareceu se sentir estranho de pé na cozinha sem fazer nada; ele foi pra a sala de estar
assistir TV enquanto eu trabalhava na cozinha. Ficávamos os dois mais confortáveis desse jeito. Eu
fiz uma salada enquanto os bifes grelhavam, e fiz a mesa.
Eu o chamei quando o jantar estava pronto, ele cheirou apreciando  enquanto entrava
na cozinha.
- O cheiro é bom, jimin.
- Obrigada.
Nós comemos em silêncio por alguns minutos. Não era desconfortável. Nenhum de nós
estava incomodado por estar quieto. Em alguns sentidos, nós servíamos para morar juntos.
- Então, você gostou da escola? Você fez amigos? - ele perguntou como que pra passar o
tempo.
- Bem, eu tenho algumas aulas com uma garota chamada Jéssica. Eu sento com as amigas
dela no almoço. E tem esse garoto, Mike, que é muito amigável. Todos parecem ser muito legais. -
Com uma excessão.
- Esse deve ser Mike Newton. Bom garoto. Boa família. O pai dele é dono da loja de
suplementos esportivos que fica fora da cidade. Ele faz um bom dinheiro por causa daqueles
mochileiros que vêm á cidade.
- Você conhece a família Kim? - eu perguntei hesitante.
- A família do Dr.Kim? Claro. O Dr.Kim é um ótimo homem.
- Eles... as crianças são um pouco diferentes. Eles não parecem se adequar muito bem na
escola.
Charlie me surpreendeu parecendo um pouco irritado. As pessoas dessa cidade. - ele murmurou. - Dr.Kim é um cirurgião brilhante que poderia
provavelmente trabalhar em qualquer hospital do mundo, ganhando dez vezes mais do que o
salário dele aqui. - ele continuou, falando mais alto - Temos sorte por tê-lo, sorte que o esposo
dele quis viver numa cidade pequena. Ele é um aditivo á comunidade e todos aqueles garotos são
bem comportados e educados. Eu tive as minhas dúvidas quando eles vieram pra cá, com todos
aqueles adolescentes adotados. Eu pensei que teríamos problemas com eles. Mas eles são todos
muito maduros, eu nunca tive nenhuma espécie de problema com nenhum deles. Isso é mais do
que eu posso dizer de algumas crianças cujas famílias viveram aqui por gerações. E eles ficam
juntos do jeito que uma família deve ficar, acampando ás vezes nos finais de semana... Só porque
eles são novos na cidade as pessoa têm que ficar falando.
Foi o discurso mais longo que eu já vi Charlie fazendo. Ele deve ser fortemente contra o que
quer que as pessoas estão dizendo.
Eu dei pra traz. - Eles pareceram bons o suficiente pra mim. Eu só reparei que eles ficam
muito sozinhos. Eles são todos muito atraentes. - eu adicionei isso tentando parecer
complementar.
- Você devia ver o doutor - Charlie disse rindo - Que bom que ele é feliz no casamento.
Muitas enfermeiras se esforçam em se concentrar em seus trabalhos quando ele está por perto.
Nós continuamos em silêncio até terminarmos de comer. Ele limpou a mesa enquanto eu
comecei a lavar os pratos. Ele voltou para a TV, e depois que eu terminei de lavar os pratos á
mão, nada de lavadora de pratos, eu subir sem vontade pra fazer o meu dever de Matemática.
A noite finalmente estava quieta. Eu caí no sono rapidamente, exausta.
O resto da semana foi sem novidades. Eu me acostumei á rotina das aulas. Na sexta eu já
era capaz de reconhecer, se não nomear, quase todos os alunos da escola. Na ginástica, os
garotos do meu time aprenderam a não me passar a bola e a entrar rapidamente na minha frente
se o outro time tentasse se aproveitar da minha fraqueza. Eu ficava alegremente fora do caminho
deles.
Jungkook não voltou á escola.
Todos os dias eu observava ansiosamente quando os outros Kim's entravam na cafeteria
sem ele. Então eu podia relaxar e aproveitar a conversa da hora do almoço. Na maioria das vezes
a conversa era sobre uma viagem ao Parque Oceanográfico de La Push dentro de duas semanas
que Mike estava planejando. Eu fui convidado e tive que aceitar, mais por educação que por sem
vontade. Praias têm que ser quentes e secas.
Na sexta eu já me sentia confortável entrando na sala de Biologia, sem me preocupar que

CREPÚSCULO (Jikook)Onde histórias criam vida. Descubra agora