CONVITE

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No meu sonho estava muito escuro, e a pouco luz que havia lá parecia estar vindo da pele
de Jungkook. Eu não conseguia ver ele, só as costas dele enquanto ele andava pra longe de mim,
me deixando na escuridão. Não importava o quanto eu corresse, eu não conseguia acompanhá-lo;
não importava o quanto eu gritasse por ele, ele nunca se virava. Confuso, eu acordei no meio da
noite e não conseguir mais dormir pelo que pareceu ser um longo tempo. Depois disso, ele estava
nos meus sonhos praticamente toda noite, mas sempre distante, nunca a meu alcance.
O mês que se seguiu ao acidente foi incômodo, tenso, e, a princípio, até embaraçoso.
Para meu desânimo, eu me tornei o centro das atenções pelo resto da semana.
Tyler Crowley estava impossível, me seguindo, obcecado com a idéia de me recompensar de algum
modo. Eu tentei convencê-lo de que o que mais queria era que ele esquecesse o que aconteceu -
especialmente já que nada aconteceu comigo - mas ele continuou insistindo.
Ele me seguiu entre as aulas e se sentou na nossa agora lotada mesa do almoço. Mike e Seungmin eram ainda menos amigáveis com ele do que um com o outro, o que me deixou preocupado por
estar ganhando outro fã indesejado.
Ninguém pareceu preocupado com Jungkook, apesar de eu ter explicado milhões de vezes que
ele era o herói - como ele me tirou do caminho e quase foi atingido também. Eu tentei ser
convincente. Jéssica, Mike, Seungmin e todos os outros sempre comentavam que eles nem sequer
tinham visto ele lá até que a van foi tirada do caminho.
Eu pensei comigo mesma porque ninguém havia visto ele em pé lá longe, antes que ele
estivesse de repente, impossivelmente salvando a minha vida. Com pesar, eu me dei conta da
possível causa - ninguém estava tão consciente da presença de Jungkook quanto eu estava. Ninguém
mais observava ele como eu. Que pena.
Jungkook nunca estava cercado de espectadores ansiosos pela sua atenção. As pessoas
evitavam ele como sempre. Os kim's se sentavam na mesma mesa como sempre, sem
comer, falando apenas uns com os outros.
Nenhum deles, especialmente Jungkook, olhou mais na minha direção.
Quando ele sentava perto de mim na sala, tão longe de mim quanto a mesa permitia, ele
parecia totalmente alheio á minha presença. Só de vez em quando, quando os pulsos dele se
apertavam - a pele ficava ainda mais branca ao redor dos ossos - eu ficava imaginando se ele
estava mesmo tão inconsciente quanto queria fazer parecer.
Ele desejava não ter me tirado do caminho da van de Tyler - pra mim não havia outra
conclusão.
Eu queria muito falar com ele, e no dia depois do acidente eu tentei. Na última vez que eu vi
ele, fora da sala de emergência, nós dois estávamos tão furiosos. Eu ainda estava com raiva por
ele não confiar em mim a ponto de dizer a verdade, apesar de eu estar cumprindo com a minha
parte do trato perfeitamente. Mas ele tinha de fato salvado a minha vida, não importa como.
Durante a noite a minha raiva se transformou em gratidão.
Ele já estava sentado quando eu entrei em Biologia, olhando diretamente pra frente. Ele não
deu nenhum sinal de que sabia que eu estava lá.
- Olá Jungkook - eu disse agradavelmente, pra mostrá-lo que eu ia me comportar direitinho.
Ele virou uma fração na minha direção sem olhar pra mim, balançou a cabeça uma vez, e
então olhou pro outro lado.
E esse foi o último contato que eu tive com ele, apesar dele estar lá, a um passo de mim,
todos os dias. As vezes eu ficava observando ele, sem conseguir me controlar - á distância,
contudo, na cafeteria ou no estacionamento. Eu observava como os seus olhos dourados ficavam
perceptivelmente mais e mais pretos a cada dia. Mas na aula eu não dava mais atenção a ele do
que ele dava pra mim.
Eu estava arrasado. E os sonhos Continuavam Apesar das minhas mentiras deslavadas, a tenacidade dos meus e-mails alertaram Renée
para a minha depressão, e ela ligou algumas vezes, preocupada. Eu tentei convencer ela de que era
só o clima que estava me deixando pra baixo.
Mike, ao menos, parecia estar satisfeito pela óbvia frieza entre mim e meu parceiro de
laboratório.
Eu podia ver que ele andava preocupado que o salvamento arriscado de Jungkook tivesse me
impressionado, e ele parecia aliviado que pareceu ter o efeito o oposto. Ele ficou mais confiante,
sentando na borda da minha mesa pra conversar antes da aula de Biologia começar, ignorando
Jungkook tão completamente quanto ele ignorava nós dois.
A neve foi embora de vez depois daquele dia perigosamente gelado. Mike estava
desapontado porque não pôde fazer a sua briga de bola de neve, mas satisfeito que a ida á praia
seria o mais breve possível. A chuva, porém, continuou pesada e as semanas foram passando.
Jéssica me alertou de outro evento despontando no horizonte - ela ligou na primeira Terça-
feira de Março pra pedir minha permissão pra convidar Mike para o baile da escolha das garotas
dentro de duas semanas.
- Tem certeza que você não se importa...você não estava planejando convidá-lo? - ela
insistiu quando eu disse que não me importava nem um pouco.
- Não Jess, eu não vou. - eu garantir pra ele. Dançar estava além do alcance das minhas
habilidades.
- Vai ser muito divertido - a tentativa de convite dela foi meio falsa. Eu suspeitava que
Jéssica gostava mais da minha inexplicável popularidade do que da minha companhia
propriamente dita.
- Se divirta com Mike - eu encorajei.
No outro dia, eu fiquei surpresa que Jéssica não estava sendo a mesma pessoa em
Trigonometria e Espanhol. Ela estava quieta enquanto andava ao meu lado entre as aulas, e eu
estava com medo de perguntar o por quê. Se Mike deixou ela na mão, eu seria a última pessoa
pra quem ela iria querer contar.
Meus medos cresceram no almoço quando Jéssica se sentou tão longe de Mike quanto foi
possível, conversando animadamente com Seungmin. Mike estava estranhamente quieto.
Mike ainda estava calado quando me acompanhou á aula, a expressão desconfortável no
rosto dele era um mal sinal. Mas ele não tocou no assunto até que eu estava sentado e ele estava
curvado sobre a minha mesa.
Como sempre, eu estava eletricamente consciente da presença de Jungkook sentado ao
alcance do meu toque, distante como se ele fosse um fruto da minha imaginação.
- Então - Mike disse olhando pro chão, - Jéssica me convidou para o baile de primavera.
- Isso é ótimo. - Eu fiz a minha voz ficar contente e entusiasmada. - Você vai se divertir
muito com a Jéssica.
- Bem... - ele gaguejou enquanto examinava o meu sorriso, claramente descontente com a
minha resposta. - Eu disse a ela que precisava pensar.
- Porque você faria isso? - eu deixei a desaprovação aparecer no meu tom, apesar de estar
aliviado que ele não tinha dado um não definitivo á ela.
O rosto dela estava vermelho quando ele olhou pro chão de novo. A piedade me deixou
balançada.
- Eu estava imaginando se...bem, se você estava planejando me convidar.
Eu parei um segundo, odiando a onda de culpa que passou por mim. Mas eu vi, pelo canto
dos meus olhos, quando um reflexo fez Jungkook virar a cabeça na minha direção.
- Mike, eu acho que você devia dizer sim pra ela - eu disse.
- Você já convidou outra pessoa? - Será que Jungkook percebeu os olhos de Mike na direção
dele?
- Não - eu garantir pra ele - eu nem sequer vou ao baile.
- Porque não? - Mike quis saber.Eu não queria falar sobre os perigos que dançar representava, então eu rapidamente
inventei novos planos.
- Eu vou pra Seattle esse Sábado - eu expliquei. Eu precisava sair da cidade mesmo- de
repente era o momento perfeito pra ir.
- Você não pode ir outra semana?
- Desculpa, não - eu disse. - Então você não devia fazer Jess esperar mais- é rude.
- É, você está certa. - ele murmurou, e se virou, arrasado, pra voltar pro seu lugar.
Eu fechei os meus olhos e pressionei os dedos nas minhas têmporas, tentando tirar a culpa e
a pena da minha cabeça. O Sr. Banner começou a falar. Eu suspirei e abrir os olhos.
E Jungkook estava me olhando cheio de curiosidade, aquele mesmo olhar de frustração ainda
mais distinto agora nos seus olhos pretos.
Eu olhei de volta, surpresa, esperando que ele olhasse rapidamente pra longe. Mas ao invés
disso, ele continuou me olhando intensamente nos olhos. Eu não afastaria o olhar de jeito
nenhum. Minhas mãos começaram a tremer.
- Sr. Kim - o professor chamou, querendo a resposta para uma pergunta que eu não tinha
ouvido.
- O ciclo dos caranguejos - Jungkook respondeu, parecendo relutante enquanto ele virava pra
olhar para o Sr. Banner.
Eu olhei para os meus livros assim que estava livre do olhar dele, tentando me encontrar.
Covarde como sempre, eu coloquei o meu cabelo sobre o meu ombro direito pra esconder o meu
rosto. Eu não conseguia acreditar na onda de emoções pulsando no meu corpo - só porque ele
olhou pra mim pela primeira vez em seis semanas.
Eu não podia permitir que ele tivesse esse nível de influência sobre mim. Era patético. Pior
que patético, não era saudável.
Eu fiz o que pude pra não me dar conta da presença dele pela hora restante, e, já que era
impossível, pelo menos fiz de tudo pra ele não se dar conta que eu me dava conta da presença
dele. Quando o sinal finalmente tocou, eu me virei de costas pra ele pra juntar as minhas coisas,
esperando que ele fosse embora imediatamente, como sempre.
- jimin? - a voz dele não devia soar tão familiar pra mim, como se eu conhecesse esse som
por toda a minha vida e não por apenas algumas semanas.
Eu virei devagar, sem vontade. Eu não queria sentir o que eu sabia que ia sentir quando
olhasse para o seu rosto mais que perfeito. A minha expressão era cautelosa quando eu
finalmente me virei pra ele; a expressão dele era ilegível. Ele não disse nada.
- O que? Você já está falando comigo de novo? - eu finalmente perguntei, um pouco de
petulância não intencional minha voz.
Os lábios deles contanceram, lutando contra um sorriso. - Na verdade não - ele admitiu.
Eu fechei meus olhos e inalei vagarosamente pelo nariz, consciente de que os meus dentes
estavam se apertando. Ele esperou.
- Então o que você quer, Jungkook? - eu perguntei, mantendo meus olhos fechados; era mais
fácil conversar coerentemente com ele desse jeito.
- Me desculpe - ele pareceu sincero. - Eu estou sendo muito rude, eu sei. Mas desse jeito é
melhor, mesmo.
Eu abrir meus olhos. O rosto dele estava sério.
- Eu não sei o que você quer dizer - eu disse, minha voz cautelosa.
- É melhor se nós não formos amigos - ele explicou. - Confie em mim.
Meus olhos reviraram. Eu já ouvir isso antes.
- É uma pena que você não tenha descoberto isso mais cedo - eu falei entre meus dentes. -
Você podia ter se poupado desse arrependimento.
- Arrependimento? - a palavra e o meu tom obviamente pegaram ele de surpresa. -
Arrependimento pelo quê?
- Por não ter simplesmente deixado aquela van estúpida passar por cima de mim.
Ele estava incrédulo. Ele me olhava em descrença.Quando ele finalmente falou, ele parecia com raiva. - Você acha que eu me arrependo de ter
salvado a sua vida?
- Eu sei que você se arrepende. - eu disse.
- Você não sabe de nada - ele definitivamente estava com raiva.
Eu virei rapidamente a minha cabeça, prendendo a minha mandíbula pra não soltar de vez
todas as acusações que tinha contra ele.
Eu juntei os meus livros, então me levantei e caminhei até a porta.
Eu planejava sair da sala dramaticamente da sala, mas é claro que eu bati a minha bota da
porta e derrubei os meus livros. Eu fiquei lá por um momento, pensando em deixá-los. Então eu
suspirei e me abaixei para pegá-los. Ele estava lá; eles já tinha os colocado numa pilha. Ele me
passou eles, sua expressão dura.
- Obrigado - eu disse geladamente.
Ele revirou os olhos.
- De nada - ele devolveu.
Eu me levantei, dei as costas pra ele e fui pra aula de ginástica sem olhar pra trás.
A ginástica foi brutal. Nós estavamos jogando Basquete. Meu time nunca me passava a bola,
e isso era bom, mas eu caí muito. As vezes eu derrubava as pessoas comigo. Hoje eu estava pior
que o normal porque minha cabeça estava cheia de Jungkook. Eu tentei me concentrar nos meus
pés, mas ele voltava a inundar meus pensamentos quando eu mais precisava de equilíbrio.
Eu estava aliviado, como sempre, por ir embora. Eu quase corri pro meu carro; havia
tantas pessoas que eu queria evitar. A caminhonete sofreu o mínimo de danos pelo acidente. Eu
tive que trocar os faróis, e quando ela fosse pintada ficaria perfeita.
Os pais de Tyler tiveram que vender a van por partes.
Eu quase tive um ataque do coração quando vi uma silhueta alta, escura encostada na
lateral da minha caminhonete. Então eu me dei conta que era só Seungmin. Eu comecei a andar de
novo.
- Ei Seungmin - eu chamei.
- Oi jimin.
- O que foi? - eu disse enquanto destravava porta. Eu não estava prestando atenção ao
tom desconfortável da voz dele, então suas próximas palavras me pegaram de surpresa.
- Uh, eu estava só imaginando...se você não gostaria de ir ao baile de primavera comigo. - A
voz dele desapareceu na última palavra.
- Eu pensei que fosse eu que escolhesse - eu disse, assustado demais pra ser diplomático.
- Bem, é... - ele admitiu, envergonhado.
Eu recuperei minha compostura e tentei sorrir docemente. - Obrigada por me convidar, mas
eu vou pra Seattle nesse dia.
- Ah - ele disse. - Talvez da próxima vez.
- Claro - eu concordei e aí mordi meu lábio. Eu não queria que ele levasse isso muito a sério.
Ele foi embora, em direção á escola. Eu ouvir uma gargalhada baixinha.
Jungkook estava passando pela minha caminhonete, olhando diretamente pra frente, seus
lábios pressionados. Eu abrir a porta e pulei pra dentro, batendo ela com força atrás de mim.
Eu liguei o motor desafiadora mente e dei a ré saindo pelo corredor.
Jungkook já estava em seu carro, a duas vagas de distância, deslizando vagarosamente na
minha frente, me atrapalhando.
Ele parou lá- pra esperar sua família; eu podia ver eles caminhando nessa direção, mas
ainda perto da cafeteria. Eu pensei em arrancar o retrovisor do seu Volvo, mas haviam muitas
testemunhas. Eu olhei no meu espelho retrovisor. Uma fila estava começando a se formar.
Diretamente atrás de mim, Tyler Crowley estava no seu Sentra usado, recentemente
adquirido, acenando. Eu estava agitado demais pra prestar atenção nele.
Enquanto eu estava sentado lá, olhando pra todos os cantos menos pro carro na minha
frente, eu ouvir uma batidinha na minha janela do lado do passageiro. Eu olhei; era Tyler. Eu olhei de novo no meu retrovisor, confusa. O carro dele ainda estava ligado, a porta esquerda aberta. Eu
me estendi pela cabine pra abrir a janela. Estava dura. Eu abrir até a metade, depois desistir.
- Desculpa, Tyler, eu estou presa atrás de kim - eu estava aborrecido- obviamente o
engarrafamento não era culpa minha.
- Oh, eu sei- eu só queria te perguntar uma coisa enquanto estamos presos aqui - ele sorriu
largamente.
Isso não podia estar acontecendo.
- Você vai me convidar para o baile de primavera? - ele continuou.
- Eu não vou estar na cidade Tyler - minha voz pareceu um pouco aguda. Eu tinha que
lembrar que não era culpa dele que Mike e Seungmin já tinham acabado com a minha cota de paciência
por aquele dia.
- É, Mike disse isso - ele admitiu.
- Então porque...
Ele encolheu os ombros. - Eu estava pensando que você só não queria machucá-lo.
OK, foi culpa dele.
- Desculpe, Tyler - eu disse tentando esconder minha irritação. - Eu estou mesmo saindo da
cidade.
- Tudo bem. Ainda temos o baile de fim de ano.
E antes que eu pudesse responder, ele estava caminhando de volta pro seu carro. Eu podia
sentir o choque no meu rosto. Eu olhei pra frente pra ver hoseok, Rosalie, Emmett e taehyung todos
entrando no Volvo. No espelho retrovisor dele, os olhos de Jungkook estavam em mim. Ele estava
inquestionável mente se balançando de rir, como se ele tivesse ouvido cada palavra de Tyler.
Meu pé se aproximou do acelerador... um empurrãozinho não ia machucar nenhum deles, só
aquela pintura prateada do Volvo. Eu acelerei o motor.
Mas eles estavam todos dentro, e Jungkook estava indo embora. Eu dirigir pra casa devagar,
cuidadosamente, murmurando pra mim mesma durante o caminho inteiro.
Quando eu cheguei em casa, eu resolvi fazer coxinhas de frango pro jantar. Era um longo
processo, e me manteria ocupada. Enquanto eu estava picando as cebolas e o chili, o telefone
tocou. Eu estava quase com medo de atender, mas podia ser Charlie ou minha mãe.
Era Jéssica, e ela estava exultante; Mike alcançou ela depois da escola para aceitar o seu
convite. Eu comemorei brevemente com ela enquanto me movimentava. Ela tinha que desligar. Ela
tinha que ligar pra Angela e Lauren pra contar a elas. Eu sugerí - com uma inocência casual- que
talvez Angela, a garota tímida que tinha Biologia comigo, podia convidar E Lauren, uma
garota reservada que sempre me ignorava na mesa do almoço, podia convidar Tyler; eu tinha
ouvido dizer que eles estavam disponíveis. Jess achou que essa era uma ótima idéia. Agora que
ela tinha certeza de Mike, ela realmente pareceu sincera quando disse que gostaria que eu fosse
para o baile. Eu dei a desculpa de Seattle.
Depois que eu desliguei, eu tentei me concentrar no jantar- cortando o frango
especialmente; eu não queria fazer outra visita á sala de emergência. Mas a minha cabeça estava
rodando, tentando analizar cada palavra que Jungkook havia dito hoje. O que ele queria dizer com ,
era melhor que não fôssemos amigos?
Meu estômago revirou quando eu entendí o que ele queria dizer. Ele deve ter reparado no
quanto eu estava absorvida por ele; ele não deve querer que eu me engane...então não
poderiamos ser amigos... porque ele não estava nem um pouco interessado em mim.
É claro que ele não estava interessado em mim, eu pensei com raiva, meus olhos pulsando
-uma reação ás cebolas. Eu não era interessante. E ele era. Interessante...e brilhante...e
misterioso...e perfeito...e lindo...
...E possívelmente capaz de levantar vans com uma mão só.
Bom, tudo bem. Eu podia deixá-lo em paz. Eu ia deixá-lo em paz. Eu ia suportar a sentença
dada por mim mesmo aqui no purgatório, e talvez alguma escola no Sul, possivelmente no Havaí
ia me dar uma bolsa de estudos.Eu me concentrei em praias ensolaradas e palmeiras enquanto terminava as enchiladas e
colocava elas no forno.
Charlie pareceu desconfiado quando chegou em casa e sentiu o cheiro dos pimentões. Eu
não podia culpá-lo- a única comida Mexicana próxima do comestível estava no Sul da Califórnia.
Mas ele era um policial, mesmo que um policial de uma cidade pequena, então ele foi corajoso o
suficiente pra dar a primeira mordida. Ele pareceu gostar. Era engraçado observar enquanto ele
começava a confiar em mim na cozinha.
- Pai? - eu perguntei quando ele já estava quase acabando.
- Sim, jimin?
- Um, só queria te dizer que eu vou pra Seattle no próximo Sábado...tudo bem? - Eu não
queria pedir permissão- deixava uma má imagem, mas eu achei rude, então mudei de idéia no
fim.
- Porque? - ele pareceu surpreso, como se ele não pudesse imaginar algo que Forks não
pudesse oferecer.
- Bom, eu queria ir pegar alguns livros- a biblioteca daqui é bem limitada- e talvez vez
algumas roupas. - Eu tinha mais dinheiro do que estava acostumada, desde que, graças ao
Charlie, eu não precisei comprar um carro. Não que a caminhonete não fosse cara em se tratando
de gasolina.
- Essa caminhonete provavelmente não faz uma milhagem muito boa com a gasolina - ele
disse fazendo um eco com os meus pensamentos.
- Eu sei, eu vou parar em Montesano e Olympia- e Tacoma se precisar.
- Você vai sozinho? - ele perguntou, e eu não conseguí dizer se ele pensava que eu tivesse
um namorado secreto ou se ele só estava preocupado por causa do carro.
- Sim.
- Seattle é uma cidade grande, você pode se perder - ele disse.
- Pai, Phoenix é cinco vezes maior que Seattle- e eu sei ler um mapa, não se preocupe.
- Você quer que eu vá com você?
Eu tentei ser profissional enquanto escondia o meu horror.
- Está tudo bem pai. Eu provavelmente estarei em provadores o dia inteiro- muito chato.
- Oh, OK. - O pensamento de passar o dia inteiro sentado em lojas de roupas
acalmou ele imediatamente.
- Obrigado. - eu sorrí pra ele.
- Você vai estar de volta á tempo pro baile?
Grrr. So numa cidade pequena como essa os pais sabem quando são os bailes.
- Não, eu não danço pai. - Ele, de todas as pessoas, devia entender isso- eu não herdei os
problemas de equilíbrio da minha mãe.
Ele entendeu. - Oh, tudo bem. - Ele se tocou.
Na manhã seguinte, quando eu estacionei no estacionamento, eu deliberadamente
estacionei o mais distante possível do Volvo prateado. Eu não queria cair em tentação e acabar
fazendo ele merecer um carro novo. Saindo da cabine, eu deixei as chaves cairem numa poça aos
meus pés. Enquanto eu me abaixava para apanhá-las, uma mão branca pegou-as num flash antes
que eu pudesse tentar.
Kim Jungkook estava bem na minha frente, encostado casualmente na minha caminhonete.
- Como você faz isso?
- Faz o que? - Ele me passou as chaves enquanto falava. Quando eu ia apanhá-las ele jogou
elas na palma da minha mão.
- Aparece do nada.
- jimin, não é culpa minha que você não é particularmente observador - a voz dele era
quieta como sempre- aveludada, emudecida.
Eu olhei para o seu rosto perfeito. Os olhos dele estavam claros hoje de novo, uma cor
dourada da cor do mel, profunda.
Então eu tive que olhar pra baixo pra reagrupar os meus pensamentos agora confusos.Porque aquela pataquada no tráfego ontem? - eu perguntei de uma vez, ainda olhando pra
longe. - Eu pensei que você devia estar me ignorando e não me irritando até a morte.
- Aquilo foi pro bem de Tyler, não pro meu. Eu tinha que dar uma chance a ele. - ele riu
silenciosamente.
- Você... - eu gaguejei. Eu não conseguí pensar numa palavra ruim o suficiente.
Eu sentí que o calor da minha raiva podia queimá-lo fisicamente, mas ele parecia estar se
divertindo.
- Eu não estou fingindo que você não existe - ele continuou.
- Então você está tentando me irritar até a morte? Já que Tyler não conseguiu terminar o trabalho?
A raiva transpareceu nos seus olhos. Os seus lábios se pressionaram até formar uma linha
fina, todos os sinais de humor tinham desaparecido.
- jimin, você é muito absurdo - ele disse, sua voz baixa estava fria.
Minhas palmas coçaram- eu queria tanto bater em alguma coisa. Eu estava surpresa comigo
mesma. Normalmente eu não era uma pessoa violenta. Eu dei as costas e comecei a caminhar.
- Espere - ele chamou. Eu continuei andando, caminhando furiosamente pela chuva. Mas ele
estava perto de mim, acompanhando o passo facilmente.
- Me desculpe por ser rude - ele disse enquanto andávamos. Eu ignorei ele. - Eu não estou
dizendo que não é verdade - ele continuou - Mas mesmo assim foi rude.
- Porque você não me deixa em paz? - eu murmurei.
- Eu queria perguntar uma coisa, mas você me desconcentrou - ele riu.
Ele parecia ter recuperado o bom humor.
- Você tem algum problema de múltipla personalidade? - eu perguntei severamente.
- Você está fazendo de novo.
Eu suspirei. - Tá bom, o que você quer perguntar?
- Eu estava imaginando se no Sábado da próxima semana- você sabe, no dia do baile de
primaveira.
- Você está tentando ser engraçado? - Eu interrompí me virando pra ele. Meu rosto ficou
encharcado quando eu olhei pra cima pra ver sua expressão.
Seus olhos estavam estranhamente divertidos. - Será que você pode me deixar terminar por
favor?
Eu mordí meu lábio e juntei minhas mãos, entrelaçando meus dedos, assim eu não faria
nada de que eu pudesse me arrepender.
- Eu ouví você dizendo que vai pra Seattle nesse dia, e eu estava imaginando se você quer
uma carona.
Isso foi inesperado.
- O que? - Eu não tinha idéia de onde ele queria chegar.
- Você quer uma carona até Seattle?
- Com quem? - eu perguntei, mistificada.
- Comigo, obviamente. - Ele pronunciou cada sílaba, como se estivesse falando com alguém
mentalmente incapacitado.
Eu ainda estava atordoada. - Porque?
- Bom, eu estava planejando ir á Seattle nas próximas semanas, e, pra ser honesto, eu não
tenho certeza se o seu carro aguenta.
- Minha caminhonete funciona muito bem, obrigado pela preocupação. - Eu comecei a andar
de novo, mas eu estava muito surpresa pra manter o mesmo nível de raiva.
- Mas a sua caminhonete consegue chegar até lá com um tanque de gasolina? - Ele
acompanhou o meu passo de novo.
- Eu não vejo como isso pode ser da sua conta. - Estúpido dono do Volvo brilhante.
- O desperdício de bens findáveis é da conta de todo mundo.
- Honestamente, Jungkook - eu senti uma alegria percorrer meu corpo quando eu disse o
nome dele. - Eu não consigo te acompanhar. Eu pensei que você não queria ser meu amigo.

Eu disse que seria melhor se não fôssemos amigos, não que eu não queria ser.


- Oh, obrigado, isso esclarece tudo - Sarcasmo pesado. Eu percebi que tinha parado de


caminhar de novo. Estávamos sob o teto da cafeteria agora, então eu podia olhar para o seu rosto


com mais facilidade. O que certamente não ajudou muito na claridade do pensamento.


- Seria mais...prudente se você não fosse meu amigo", ele explicou. - Mas eu estou


cansado de tentar ficar longe de você, jimin.


Seus olhos estavam gloriosamente intensos enquanto ele pronunciava a última frase, sua


voz flamejante. Eu não conseguia lembrar de respirar.


- Você vai pra Settle comigo? - ele perguntou, ainda intenso.


Eu ainda não conseguia falar, então só balancei a cabeça.


Ele sorriu brevemente, então seu rosto ficou sério.


- Você realmente devia ficar longe de mim - ele avisou. - Te vejo na aula.


Ele se virou abruptamente e caminhou pra o lugar de onde tinhamos vindo.
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CREPÚSCULO (Jikook)Onde histórias criam vida. Descubra agora